Com folha modesta e técnico mais
jovem do Mineiro, URT chega ao
bi do interior e amplia a
invencibilidade contra Cruzeiro e América
Vinícius Dias
O
desfile em carro do Corpo de Bombeiros diante de centenas de torcedores pelas
ruas de Patos de Minas, na última segunda-feira, marcou o último capítulo da
comemoração que teve início ainda no domingo, logo após a vitória sobre o
Tombense. Bicampeã mineira do interior, a URT assegurou vagas na Copa do Brasil
e na Série D de 2018. Mais do que isso: o clube superou a campanha da edição passada - no critério saldo de gols - e emplacou a segunda presença seguida na
fase semifinal, feito inédito em seus quase 78 anos de história.
Um
dos trunfos do Trovão Azul foi o planejamento antecipado. O elenco foi
apresentado no dia 1º de dezembro, enquanto o Atlético, adversário deste
domingo, ainda se preparava para a final da Copa do Brasil. "No início,
tivemos a ajuda do (empresário) Márcio Malamud, de Uberlândia. Ele foi parceiro
na montagem, junto com a diretoria e a comissão técnica", lembra o
presidente do clube, Roberto Miranda, ao Blog
Toque Di Letra. Nos bastidores, o discurso é de comemoração. "Todo
presidente de clube, quando monta o elenco, tem a intenção de chegar".
Rodrigo Santana comanda a URT (Créditos: URT/Instagram/Divulgação) |
O
comandante do time que somou 71% dos pontos contra rivais do interior e ainda
empatou com Cruzeiro e América é Rodrigo Santana, de 34 anos. "Foi
difícil. A gente reformulou tudo. (Do elenco campeão em 2016),
permaneceu apenas o Fabinho (lateral-esquerdo). Nosso orçamento é um dos menores, não tinha como eu contratar muito", enumera o treinador mais jovem do
estadual. "A gente até tentou (a volta de) alguns jogadores, mas eles já
tinham propostas maiores", revela. A folha da URT é de cerca de R$ 200 mil mensais,
inferior aos salários das estrelas do torneio.
Sonho e recomeço em Patos
Após
o título do interior, até mesmo os mais experientes se permitem sonhar com voos
mais altos. "Chegou um momento em que alguns que não conheciam o trabalho
diário pensaram que não daria mais (para a URT se classificar). Mas o trabalho
foi tão bem feito que a gente tem a possibilidade de chegar ao título estadual",
resume o massagista Tita, com passagens por Cruzeiro e seleção brasileira, que
disputa seu 26º Campeonato Mineiro. "Nossa, você não imagina. Seria a
coroação, uma das melhores coisas dessa minha carreira de mais de 30
anos", acrescenta.
Tita e Juninho compartilham sonhos (Créditos: URT/Divulgação/Arquivo Pessoal) |
No
caso do goleiro Juninho, ex-América, Atlético e Cruzeiro, a URT marca o
recomeço. "Quando Deus me deu essa segunda chance, eu não esperava que fosse voltar tão bem. Só tenho a agradecer", afirma o camisa 1, que,
devido a problemas pessoais hoje superados, chegou a se afastar dos gramados e
a trabalhar como motorista de Uber em 2016. "Particularmente, tentei ajudar
da melhor forma. Fomos bem preparados. Todos obedeceram cada posição,
cada indicação do Rodrigo. Ele se preocupa muito em estudar o adversário
para que a gente não seja surpreendido", avalia.
Melhor trabalho da carreira
Para
o treinador, um dos segredos é, justamente, a boa relação com o elenco.
"Eles entenderam a nossa filosofia de trabalho, compraram a ideia. Hoje,
não basta jogar por jogar. Nosso esquema tem que ser definido em cima do ponto
forte e do ponto fraco do adversário", destaca. "O primeiro objetivo
era não cair. Na 3ª rodada, já tínhamos pontuação. Classificamos para a Série D
com antecedência, depois Copa do Brasil. Tive um acesso com o Juventus (à Série
A2 do Paulista), fui campeão catarinense sub-20 invicto. Mas esse é o melhor
trabalho da carreira", emenda.
Allan Dias: de volante a centroavante (Créditos: URT/Instagram/Divulgação) |
Em
campo, Allan Dias é um dos símbolos da proposta do treinador. O meio-campista,
formado na base do São Paulo, foi utilizado como volante e meia, até ganhar a
vaga no ataque. O objetivo: aproveitar, mais perto da área adversária, a
capacidade de roubada de bola. "O Rodrigo me perguntou se eu ajudaria e
deu certo. Saíram gols em alguns jogos, assistências em outros", lembra.
Artilheiro da URT, com três gols, Allan exalta a boa fase. "Ele até
brincou que me deixaria com a camisa 5 para ninguém entender. Acham que estou
de volante, mas estou lá no meio dos zagueiros".
Reuniões familiares no clube
Palavra
quase unânime nos discursos, a união transcendeu os gramados. Ao longo da
primeira fase, o clube promoveu vários churrascos. "A iniciativa é da
diretoria. De 15 em 15 dias, chamamos os jogadores, esposas, filhos, a
diretoria também traz seus familiares. Sentamos na URT para confraternizar, é
muito bom", comenta o presidente Roberto Miranda, revelando um detalhe
curioso. "Tem refrigerante, suco, uma cervejinha que eu levo. Não bebo,
mas não sou contra beber. A gente tem um relacionamento muito bom. Não devemos
proibir nada, devemos ensinar o limite das coisas".
Título do interior: festa em Patos (Créditos: URT/Instagram/Divulgação) |
Ainda
mais frequentes têm sido as reuniões da diretoria. Para isso, no entanto, é
preciso superar as agendas apertadas. "Praticamente todos os dias
conversamos, discutimos coisas da URT. O principal de tudo é a humildade, levar
a coisa a sério. Aqui, toda a diretoria é operária", ressalta o
presidente, que concilia o mandato com a jornada de trabalho em uma empresa do
ramo de torrefação de café. Desde domingo, o que não tem faltado é tempo para
comemorar o bicampeonato do interior e sonhar. Afinal, a União Recreativa dos
Trabalhadores faz a força.
Vínícius parabéns pelo seu belo trabalho frente ao Blog ToqDiLetra.
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