O Atlético entre a Libertadores e o vexame

Alisson Millo*

Recentemente, em uma conversa com um amigo, ele me perguntou se eu estava otimista para a vaga na Libertadores do ano que vem. De imediato, minha resposta foi sim. Nem tanto pelo 'eu acredito', mas por acreditar que Corinthians e Grêmio estariam na ressaca do título e isso tornaria os jogos menos complicados para o Atlético. Daquela conversa até este texto, algum tempo passou e veio uma dúvida à mente: neste ano, quando foi que um jogo considerado fácil foi, de fato, fácil para o Atlético?


A verdade é que o Galo conseguiu complicar algumas partidas de forma surpreendente. Não preciso ir muito longe. Basta pegar o duelo contra o já rebaixado Atlético/GO, em casa: um 3 a 2 suado, de virada, depois de o Dragão abrir 2 a 1. Mas o que mais vem à memória é o empate contra o Jorge Wilstermann, no Mineirão lotado, nas oitavas da Libertadores. Um adversário de pouco brilho até no campeonato boliviano conseguiu segurar um dos elencos mais caros da América do Sul. E olha que a gente só precisava de um gol para tirar a vantagem e levar para os pênaltis.

Elias: símbolo da frustração alvinegra
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Bom seria se esse vexame tivesse sido o único do ano. Foi o pior, ok, mas foram tantos que, de certa forma, o feito de perder para um time que levou oito do River Plate foi amenizado. Derrotas patéticas no Brasileirão, principalmente em casa, uma eliminação na Copa do Brasil indo com a vantagem para o jogo da volta e o vice na Copa da Primeira Liga diante do Londrina, que sequer chega à rodada final da Série B com chances de acesso. A reação dá esperança, mas não pode esconder o ano horrível que tivemos. Mesmo porque até outro dia o rebaixamento era uma ameaça real.

Da confiança à falta de mérito

No início da temporada, antes de a bola rolar, a confiança estava em alta. Bastou que isso acontecesse e ela foi diminuindo a ponto de hoje eu achar que, caso a vaga para a Libertadores venha, será motivo muito mais de agradecimento aos deuses do futebol do que sinal de mérito e planejamento. Isso porque, ao longo da competição, o elenco pouco fez por merecer essa conquista. E fato é que, com ou sem a vaga, a preparação para 2018 deve ser bem melhor que a deste ano. A cota de vexames foi estourada em 2017. A massa atleticana torce por isso, pelo menos.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

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