No ano novo, quero o velho Cruzeiro!

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Fim de ano, torcida apreensiva e direção que já não tem mais o mesmo crédito com as arquibancadas. O que esperar dessa temporada que virá? Quanto precisa ser modificado no futebol do Cruzeiro para que as coisas comecem e dar certo outra vez? Todos nós vimos que o principal erro do Cruzeiro em 2016 foi o de não manter um planejamento.


Concordo que a situação nunca esteve tranquila, mas, da mesma forma, a diretoria não deu mostras de que poderia traçar um plano em longo prazo com os pilares que sustentam o futebol, especialmente em se tratando do cargo de treinador. Os resultados ou não apareciam ou apareciam muito timidamente, sem dar a menor pinta de que a equipe poderia alçar voos maiores. Como em 2015, a coisa só começou a estabilizar e, bem depois, melhorar quando as ações se sobrepuseram aos discursos.

Afirmações, retornos e saídas em pauta
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

De nada adianta ir aos microfones ou redes sociais e querer jogar para a torcida se, dentro das quatro linhas, o que se vê é um emaranhado de jogadores que não se entendem ou não estão alinhados com o perfil da comissão técnica, que, por sua vez, desagrada aos dirigentes. Um clube, como qualquer empresa, funciona somente se objetivo e métodos forem compartilhados por todos. No entanto, não basta querer ganhar. É preciso analisar o panorama e traçar uma estratégia para isso.

Fim do protagonismo indesejado

Se tem algo que me deixa um pouco mais animado para o próximo ano é que, ao que tudo indica, o Cruzeiro não será protagonista no período de contratações. Digo isso porque, na minha opinião, está na hora de voltar a ter uma espinha dorsal definida, introduzindo apenas atletas que tenham condição de elevar o patamar. Venho batendo na tecla de que a Raposa precisa parar de contratar pelo fato de contratar. Quantos jogadores não vemos, ano a ano, chegando, sendo apresentados e emprestados a outros clubes quando até já tínhamos nos esquecido deles?

Mano segue: Cruzeiro no topo em 2017?
(Créditos: Rodrigo Rodrigues/Light Press/Cruzeiro)

Confesso que estou muito curioso para ver como Mano Menezes se sairá tendo um ano cheio à disposição. Como ele irá montar a equipe desde o começo da temporada, ajustando as peças que tem e, dentro do possível, tendo seu elenco reforçado pontualmente. Apesar da traumática saída em 2015, não dá para negar que seu retorno trouxe um novo clima e, se não vieram títulos, pelo menos os resultados passaram a ser mais condizentes com a grandeza do clube.

Em busca da identidade perdida

Portanto, não farei lista de desejos nem pedirei presente caro. Desta vez, desejo apenas que a diretoria procure um rumo e tenha confiança em seu trabalho. Que, com a vinda de Tinga, que é um excelente caráter e será muito útil nos bastidores, e manutenção da comissão técnica e das peças principais, o Cruzeiro volte a ter uma identidade bem definida, à qual nós, torcedores, continuemos a apoiar e da qual nos orgulhemos.

Tinga: volta a casa, fora dos gramados
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Não quero aqui citar nomes que acho que devam sair, ficar, muito menos indicar reforços. Quero apenas reforçar que não devemos desconsiderar o resultado das experiências que tivemos em 2015 e 2016. Dois longos anos nos quais, em boa parte do tempo, ficamos mais preocupados com quem comandaria a equipe do que com ela em si. Muitos nomes passando pelo campo, mas poucos com os quais realmente pudemos contar. Vejo o saldo positivo pelo fato de termos, hoje, um elenco superior àquele que restou após o desmanche do grupo bicampeão.

Que em 2017 possamos conquistar títulos e recuperar nossa confiança. O orgulho de ser cruzeirense nunca nos deixará. Até a próxima temporada, amigos! Tenham todos um ótimo final de ano.

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

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