O Galo e o time de estrelas de brilho fosco

Alisson Millo*

Mais uma crônica. Mais uma corneta. Eu juro que gostaria de abrir esse texto comemorando um título, uma grande vitória, falando da boa fase do time. Mas a verdade é que o Atlético, em 2017, passou longe das alegrias de tempos recentes, mas que, olhando o cenário atual, parecem tão distantes.


A agrura da vez é o revés diante do Vitória, que chegou ao Horto no Z4. Até o bom samaritano Atlético aparecer e, de muito bom grado, ceder três pontos. Por sinal, o Leão da Boa Terra conquistou dois triunfos contra o Galo neste Brasileirão, jogando melhor em ambos, mesmo com um time inferior e com vários dispensados pelos mineiros. Fato é que, dentro de casa, o papelão anda sendo enorme, também deixando pontos importantes para Bahia, Sport e Vasco. Três clubes que estão brigando, junto com o Atlético, vale ressaltar, na parte de baixo da tabela.

Atlético faz campanha ruim em casa
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Mas tudo certo. O problema era Roger Machado. Ele se foi, vieram Rogério Micale, 46% de aproveitamento e duas eliminações. Claro que futebol não é apenas números e, friamente, a maioria das vitórias do antecessor veio no estadual e na fase de grupos da Libertadores. Mas a culpa, de fato, era só dele? Micale não convenceu e foi praticamente demitido pela própria torcida no último jogo. Para vir Oswaldo de Oliveira? Voltando às porcentagens, ele conquistou menos de 36% dos pontos por Sport e Corinthians em 2016. E estava no mercado quando Micale foi contratado. Se é o mais indicado, por que não veio antes? Ajude-me a te ajudar, Nepomuceno.

Lição vinda do eterno presidente

Uma coisa que Alexandre Kalil aprendeu a duras penas é que times não são feitos de nomes. Depois que Diego Souza - camisa 1 por ser a grande contratação, lembram? -, Daniel Carvalho, André e mais alguns que evito tentar recordar deram muito errado, o eterno presidente mudou os rumos. Ouvindo os conselhos de Eduardo Maluf, a barca deu lugar às contratações pontuais, pratas da casa ganharam espaço e o Atlético foi para frente. Hoje, a impressão é de que Nepomuceno vive os mesmos erros de Kalil, mas sem ter Maluf para aconselhá-lo.

Oswaldo de Oliveira e a nova comissão
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Estão aí várias estrelas que, juntas, não formaram uma constelação e que têm o brilho bem fosco, quase apagado. Marcos Rocha longe dos seus melhores momentos; Elias vive de lampejos alternando entre volante e meia, sem posição definida nem bom futebol; Robinho não é nem sombra do que foi ano passado; Fred já nem deve se lembrar da última vez que marcou um gol. Os nomes que eram para resolver sequer têm sido bons coadjuvantes. Cazares, o craque do time, aquele que usa a camisa 10 que já foi de Ronaldinho, jogador de seleção, pouco cria e, mesmo longe de polêmicas, não consegue ser o cara. Muito investimento e pouco futebol.

Gostaria de falar que já era para planejar 2018 para que o fiasco não se repita, mas ainda não. Falta evitar o fiasco maior. O fantasma do rebaixamento está bem perto e o cuidado tem que ser mais do que redobrado. Fantasma não bate à porta. Ele atravessa e pega quem tiver menos atento. A luta contra o Z4 está acirrada, e o sonho da Libertadores no ano que vem parece sonho mesmo por ora. Se for para salvar a temporada, vença a Copa da Primeira Liga, que é muito palpável. Se não for para salvar, pelo menos não chute o balde e estrague tudo. Se não for pedir muito, claro.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!


Penta da Copa do Brasil, clube celeste garantiu um bônus de R$ 500
mil; alvinegro retoma vice-liderança apenas se conquistar Brasileiro

Vinícius Dias

O bom momento dentro de campo, coroado com o pentacampeonato da Copa do Brasil, também tem garantido ao Cruzeiro resultados fora das quatro linhas. Além da evolução dos números do programa de sócios-torcedores, que registrou quase 7,7 mil adesões desde a classificação à final, o clube celeste faturou R$ 12,8 milhões em premiação desde a primeira fase e bônus de patrocínio de R$ 500 mil pelo título. Com isso, superou o rival Atlético no ranking de clubes apoiados pela Caixa em 2017.


Divulgados no Diário Oficial da União (DOU) em 07 de março, ambos os acordos incluem bônus em caso de títulos. O formato, estendido aos demais patrocinados, prevê R$ 2 milhões por título do Mundial, R$ 1,5 milhão pela Libertadores, R$ 1 milhão pelo Campeonato Brasileiro, R$ 500 mil pela Copa do Brasil e R$ 300 mil pela Copa do Nordeste. Com valor fixo de R$ 11 milhões, a Raposa pode atingir R$ 12,5 milhões, enquanto o Galo chegaria a R$ 16 milhões se faturasse todos os títulos.

Cruzeiro x Flamengo: duelo Caixa na final
(Créditos: Cristiane Mattos/Light Press/Cruzeiro)

A logomarca da Caixa estampa as camisas de 14 dos 20 clubes da elite nacional, sem contar o Corinthians, cujo vínculo se encerrou em abril. A exemplo do Cruzeiro na Copa do Brasil, o Bahia assegurou bônus ao conquistar a Copa do Nordeste. Os demais, até o momento, receberão apenas os valores fixos - matematicamente, os 14 patrocinados têm chances no Campeonato Brasileiro. Assinado com R$ 25 milhões fixos e bônus de até R$ 5 milhões, uma vez que disputaria a Libertadores, podendo chegar ao Mundial, o Flamengo tem o contrato mais valioso.

Ranking de patrocínios da Caixa - Série A:

1º) Flamengo - R$ 25 milhões
2º) Cruzeiro - R$ 11 milhões + R$ 500 mil (Copa do Brasil)
3º) Atlético/MG, Santos e Vasco - R$ 11 milhões
4º) Botafogo e Corinthians* - R$ 10 milhões
5º) Bahia - R$ 6 milhões + R$ 300 mil (Copa do Nordeste)
6º) Atlético/PR, Coritiba, Sport e Vitória - R$ 6 milhões
7º) Atlético/GO, Avaí e Ponte Preta - R$ 4 milhões

*Valor referente aos meses de janeiro a abril

Se é de batalhas que se faz um penta...

Vinícius Dias

"Você será capaz de sacudir o mundo. Vai, tente outra vez", canta Raul Seixas. Após um 2016 de insucessos em campo e volta à Libertadores adiada, restava ao Cruzeiro tentar outra vez. Que tal o caminho mais conhecido, conquistando o penta da Copa do Brasil, na oitava tentativa após o tetra? Se tornar o primeiro clube brasileiro a garantir presença continental em 2018 e, de quebra, soltar o grito de campeão. Foi o que o time de Mano Menezes fez. 0 a 0 no tempo normal, triunfo nos pênaltis sobre o Flamengo, sacudindo o mundo cruzeirense e um Mineirão lotado. Outra vez.


Título para coroar uma caminhada que começou em Volta Redonda e terminou quase literalmente nas mãos de Fábio. "Tenha fé em Deus, tenha fé na vida". Foi a receita do camisa 1 para superar a lesão, voltar e se agigantar na decisão. Como diante do Grêmio, quando viu Hudson bailar no ar antes de cabecear para as redes. Como no confronto de ida contra o Flamengo, em que só não impediu o gol de Lucas Paquetá. "Tente, levante sua mão sedenta e recomece". Não a andar, mas a jogar. Era a única alternativa ali. Até a estrela de Arrascaeta brilhar em meio ao sorriso da história.

Fábio: gigante celeste nas penalidades
(Créditos: Cristiane Mattos/Light Press/Cruzeiro)

Capítulos tão heroicos e imortais quanto os escritos nos duelos com o Palmeiras. 3 a 0 nos primeiros 45 minutos, empate ainda em São Paulo e um recado: "não pense que a cabeça aguenta se você parar". Na volta, no Gigante da Pampulha, classificação com gol aos 40'. Em vez de dois pés para cruzar a ponte, o de Alisson para encontrar Diogo Barbosa na área. Dali à semifinal, da semifinal à decisão dessa quarta-feira. Menos posse de bola, menos desarmes, três titulares sucumbindo ao próprio corpo. Mas nada havia acabado nem era hora de dizer que a vitória estava perdida.

É de batalhas que se vive a vida nos versos de Raul Seixas.
Na história do Cruzeiro, é de batalhas que se faz um penta.


Nos últimos anos, diretoria celeste aprimorou a transição e captou
revelações para o sub-20; projeto rendeu receitas e novos reforços

Vinícius Dias

Em meio ao clima de mistério no Cruzeiro, Mano Menezes confirmou a volta de Alisson ao time nesta quarta-feira, diante do Flamengo, no Mineirão. Único jogador acionado em todas as partidas do clube na Copa do Brasil, o meia-atacante é um dos nove pratas da casa relacionados para a decisão. O protagonismo da base na luta pelo penta é sinal do sucesso do projeto realizado na Toca da Raposa I. "Desde Rafael, Alisson e Lucas Silva, a geração do Judivan, essa de Murilo, Nonoca, Raniel e Arthur, temos quatro gerações vindas da base no mesmo time", destaca o vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin, ao Blog Toque Di Letra.


Superintendente das categorias de base entre 2013 e 2015, cargo em que foi sucedido por Antônio Assunção, Vicintin fala em dever cumprido. "Lembro que, quando assumi, vários empresários vinham reclamar comigo que não podiam trazer jogadores para o Cruzeiro porque os jogadores não subiam". Nas últimas temporadas, sob o comando do vice-presidente Márcio Rodrigues, o clube celeste fez mais do que aprimorar a transição. "O trabalho de base é captação, formação e transição. Muitos atletas se perdem na transição (em outros clubes). É preciso estar atento para aproveitar essas oportunidades e trazer (para o sub-20)", emenda.

Alisson: número 1 da Raposa no torneio
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

Receita colocada em prática com Raniel, revelação do Santa Cruz, contratado em maio de 2016. "Quando trouxe, teve cara que ligou de Pernambuco criticando (o atacante, que chegou a ser suspenso por doping em 2014). Hoje, ninguém liga. É um menino de ouro", diz o vice de futebol, exaltando o autor do gol da classificação às quartas de final. Além dele e de Alisson, que chegou em 2007, estão relacionados sete pratas da casa: os goleiros Rafael - desde 2002 - e Lucas França - 2011 -; os zagueiros Murilo - 2010 - e Arthur - 2013 -; os volantes Nonoca - 2013 - e Lucas Silva - de volta, após passagem entre 2007 e 2014 -; e o meia-atacante Élber - 2007.

Toca I: chave no mercado celeste

A política de base influenciou até mesmo a chegada de Sassá. O artilheiro do clube no Brasileirão, com seis gols, ao lado de Thiago Neves, foi personagem de transação que envolveu o meia Marcos Vinícius. "Conseguimos fazer essa negociação com o Botafogo porque fomos arrojados lá atrás, trazendo o Marcos Vinícius (em 2014) faltando quatro meses de base", comemora Vicintin. "Ele surgiu aos 17 anos como a maior promessa do Náutico, mas tinha parado de jogar. Resolvemos apostar", relembra. Desfecho semelhante ao do atacante Roni, contratado junto ao Remo em 2015 e vendido no fim de 2016 ao Albirex Niigata, do Japão, por US$ 1,2 milhão.

Sucesso de Raniel inspira captação
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

Com bons resultados, o perfil de investimento fosse mantido nesta temporada. "Trouxemos dois jogadores para o sub-20 com projetos semelhantes ao do Raniel: Nickson e Jonata". Meio-campista, o primeiro estreou como profissional diante do Londrina, na Primeira Liga. Atacante, Jonata só não foi relacionado em razão de um corte no pé. Além deles, chegou o volante Eduardo, irmão do lateral-direito Ezequiel. O discurso de quem vive o dia a dia é animador. "Pode ter certeza de que o melhor está por vir", assegura o vice de futebol. Nesta noite, no entanto, as várias promessas se juntarão a milhões de cruzeirenses para torcer por nove que já viraram realidade.

Eu sou tetracampeão, nós somos Cruzeiro!

Especial para o Toque Di Letra
Gladstone, o talismã do tetra

Uma noite inesquecível: assim descrevo aquela noite! Nunca, nos meus melhores sonhos, imaginava ter uma estreia no profissional como essa.

Meus primeiros dias em Belo Horizonte foram muito difíceis, pois com apenas 11 anos de idade tive que passar a morar sozinho, na casa dos pais de um amigo que já jogava no Cruzeiro. Tive que passar um tempo meio que adotado por essa família, mas fui muito bem tratado por eles e agradeço muito. Depois, sim, fui morar na concentração da Toca da Raposa.

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Um pouco antes da estreia veio a notícia do falecimento do meu pai. Já estava certo de que não queria mais jogar futebol, pensava que naquela hora a minha família precisaria mais de mim, mas, com muito apoio da minha família e da família da minha esposa, pude retomar a carreira.

Falando da final, lembro que já na volta do Maracanã, quando empatamos em 1 a 1 e com os zagueiros suspensos, começou o meu nervosismo. No voo de volta para BH, me deparei no avião, nos lugares ao meu lado, com Vanderlei Luxemburgo e Zezé Perrella. Já com uma conversa inicial, somente para sentir de mim como me comportaria em uma eventual chance para jogar, então fui muito direto e confiante na minha resposta: se fosse escolhido, daria o meu máximo!

E então começamos a semana do jogo de volta cheios de dúvidas e com bastante nervosismo. Foi quando em um coletivo apronto para o jogo, na distribuição dos coletes, recebi o colete dos titulares. Aí começou de verdade a realização de um grande sonho. Entrevistas, carinho de torcida, reconhecimento... 

'Noite inesquecível', destaca Gladstone
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

Venho de uma família flamenguista, amigos flamenguistas e, quando calhou de jogar contra o Flamengo aquela final, não tinha como não pensar neles. Mas a minha paixão pelo Cruzeiro e a vontade de vencer na vida falaram mais alto, então tive que dar o meu melhor contra o Flamengo dos meus familiares.

Na concentração, muito nervosismo ainda e, quanto mais se aproximava o jogo, mais nervoso ficava. Entre algumas brincadeiras e bate-papo com alguns companheiros, o clima foi melhorando.

Então chegamos ao dia do jogo. Na sala de preleção, uma surpresa. Quando entramos na sala, nos nossos lugares, havia um envelope em cima do banco de cada um. No meu lugar, havia dois envelopes. Daí, o Luxemburgo pediu para que cada um abrisse o seu. Lá tinha uma faixa de campeão simbólica. Mas, no meu segundo envelope, estava uma fralda. Ele me indagou: 'a escolha é sua, ou você sai com essa faixa ou se borra todo e terá que usar a fralda'. Então, o clima de descontração tomou conta daquela sala e pude sair um pouco mais leve para a partida.

E depois o resultado foi aquele. Um grande jogo coletivo e um grande jogo também individualmente falando. Como descrevi no início, uma noite inesquecível: 3 a 1 incontestável.

Lembro-me de um lance, quando já estava 3 a 0 para o Cruzeiro, em que disputei a bola com o Edilson e saí gritando: 'eu sou campeão!'. Não foi nem para responder a algumas provocações feitas, mas sim um desabafo de quem nunca tinha jogado profissionalmente e se via ganhando uma final de Copa do Brasil por 3 a 0. Foi o ápice da noite.

Agradeço a Deus a oportunidade que me concedeu e também o carinho dos torcedores cruzeirenses. E, como não posso deixar de lado o meu coração torcedor, no dia 27 estarei no Mineirão torcendo por mais um título para o nosso Cruzeirão cabuloso.

Nós somos loucos, somos Cruzeiro!

O espaço da dúvida e o silêncio no Maraca

Especial para o Toque Di Letra
Alex, o capitão do tetra

Falar do ano de 2003 é sempre muito agradável. Mas nem sempre é simples. Faltam palavras, faltam adjetivos, porque realmente aquilo que houve foi magia. Foi um ano mágico.

Chegamos ao Maracanã naquela final com uma confiança grande. Era a oportunidade de entrarmos para a história do clube.

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Lembro que o Vanderlei disse que não mudaria nossa estratégia. Marcaríamos a saída de bola desde o Deivid e, quando tivéssemos a bola, tentaríamos tê-la ao máximo em nossos pés e tentaríamos usar o costado do Athirson, que apoiava muito.

A ideia era ter superioridade por aquele lado, com as subidas do Mauro formando um triângulo comigo e Ari ou Deivid por ali. E quando possível trocaríamos os três. Nessa partida, ganhamos a companhia do Marcinho, menino de muita movimentação e muito boa qualidade técnica.

Erramos apenas em uma coisa: esperávamos que o Flamengo fosse sair com tudo no início do jogo. Eles esperaram. E esperar aquele time facilitava demais as coisas a nosso favor.

'Aquilo que houve foi magia', exalta Alex
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

E assim foi o primeiro tempo. Nosso time controlando o jogo e oferecendo pouco ao Flamengo. Na segunda etapa, foi algo parecido até que, em uma subida do Athirson ao ataque, o Flamengo se posiciona mal. Nosso time se aproveita e, na troca imaginada por nós, acaba acontecendo o gol.

Deivid sai de dentro e ocupa as costas do Athirson, Aristizábal sai da esquerda e vem para a meia. Causa a dúvida na linha de defesa do Flamengo. Eles resolvem manter a linha, e Deivid e Ari fazem a jogada pelo lado direito. Nesse momento, já estou ocupando o espaço da dúvida causada pelo Ari. Deivid põe forte na área, chego e consigo fazer o gol.

O Maracanã, que estava um barulho enorme, naquele momento se silencia. E o Flamengo, que não se mostrava organizado, vai à base do abafa buscar o empate.

Nós fizemos algo que não era comum naquele time. Recuamos e protegemos o resultado. Vanderlei, à beira do campo, tentava nos trazer de volta às nossas características. Mas não conseguíamos. A ânsia pelo fim, a pseudo-proteção do resultado e o desespero flamenguista fizeram com que fôssemos castigados com o empate no último minuto.

Balde de água fria total. Nos bastidores, já começávamos a imaginar as dificuldades que teríamos dias depois. Perdemos, no Maracanã, Thiago e Edu por cartões amarelos. Não tínhamos Luisão por estar se recuperando de lesão. Seria apostar na improvisação de algum jogador do elenco ou buscar nos juniores a solução.

Mas esse é outro capítulo. A busca nos juniores funcionou e fomos campeões vencendo sem sustos o segundo jogo.

Atlético inferior ao ano de rebaixamento

Vinícius Dias

A derrota por 3 a 1 para o Vitória, neste domingo, na Arena Independência, deixou o Atlético a apenas três pontos do Z4. Com 12 pontos conquistados em 39 possíveis, o time alvinegro é dono da segunda pior campanha como mandante nesta edição - supera somente o algoz desta noite, que tem nove. Mais do que isso: fecha a rodada com números inferiores aos registrados em 2005, ano em que acabou rebaixado à Série B.

Atlético tem 30,8% como mandante
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Naquela edição, o Campeonato Brasileiro teve 22 clubes, e o Galo disputou 21 jogos em casa. Seis triunfos, quatro empates e 11 derrotas representaram 34,9% de aproveitamento. Nesta temporada, após 13 das 19 partidas, o aproveitamento é de 30,8%. O Atlético tem saldo negativo de cinco gols, marcando 14 e sofrendo 19. Em 2005, balançou as redes 26 vezes e foi vazado 28, fechando com saldo negativo de dois gols.

Cruzeiro, você precisa ganhar essa copa!

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

O Cruzeiro precisa ganhar uma copa. Precisa. A torcida precisa, necessita, está faminta por ganhar uma copa. Tudo bem que fomos bicampeões brasileiros de maneira brilhante recentemente, mas estou - e sei que toda a torcida cruzeirense está - ansioso por vencer uma final. Um jogo. 90 minutos de tensão que terminem em completa euforia. Ser campeão nacional foi fantástico, foram rodadas após rodadas de um futebol muito bem jogado que nos deixou orgulhosos. Em compensação, em copas e mata-matas em geral, desde 2013 sofremos de uma estranha síndrome.


Se analisarmos todas as competições das quais participamos de 2013 para cá, com exceção dos campeonatos brasileiros, ou o Cruzeiro foi campeão, ou foi finalista, ou foi eliminado pelo campeão. De verdade. Nessas 15 disputas, a Raposa foi campeã de uma, finalista em quatro, teve o caminho interrompido pelo campeão em outras oito oportunidades e, neste ano, caiu para clubes que continuam nas disputas. Ou o Cruzeiro é campeão ou você é campeão se eliminar o Cruzeiro. Vamos aos fatos.

Cruzeiro mira o penta da Copa do Brasil
(Créditos: Rafael Ribeiro/Light Press/Cruzeiro)

Em competições sul-americanas, o Cruzeiro foi eliminado em 2014 e em 2015 nas quartas de final por dois times argentinos que viriam a ser campeões da Copa Libertadores na sequência: San Lorenzo e River Plate, respectivamente. Já na Copa Sul-Americana, a única participação celeste no período foi justamente neste ano, quando caiu prematuramente diante do Nacional, do Paraguai, na primeira fase. O Nacional segue vivo, tendo se classificado para as quartas de final, cujo adversário será o Independiente.

Entre vices e quedas prematuras

Nos campeonatos estaduais, como é de se esperar, a presença nas fases finais é muito mais frequente. Nos anos de 2013 e 2017, foi vice-campeão. Em 2015 e 2016 parou nas semifinais, perdendo os confrontos para os campeões Atlético e América, na ordem cronológica. Em 2014, foi campeão. Até na Copa da Primeira Liga a estatística confirma essa curiosa coincidência: na primeira edição, ano passado, o Cruzeiro não passou da fase de grupos. Entretanto, no grupo, estava o campeão Fluminense. Já neste ano, de maneira frustrante, o time celeste não conseguiu superar o Londrina na semifinal. Os paranaenses enfrentarão o rival Atlético na decisão.

Paixão e fé: os torcedores cruzeirenses
(Créditos: Rafael Ribeiro/Light Press/Cruzeiro)

E a sina não mudou quando o assunto é Copa do Brasil. Em 2013, o Cruzeiro perdeu o jogo de volta para o Flamengo nas oitavas de final e acabou caindo: Flamengo campeão. Em 2014, finalista e vice-campeão diante do Atlético. Um ano depois, mais uma vez nas oitavas, o algoz foi o Palmeiras, campeão sob a batuta de Marcelo Oliveira. Ano passado, contrariando o retrospecto diante dos gaúchos, fomos eliminados na semifinal pelo Grêmio, que ganharia o torneio e se tornaria o maior vencedor da história

Mais uma vez estamos na final. Podemos vingar 2013, 2016, voltar a dividir a hegemonia da Copa do Brasil com o Grêmio e, de quebra, soltar o grito há tanto tempo preso em nossas gargantas. Foi um caminho árduo até aqui. Com exceção das primeiras fases, nenhuma classificação foi tranquila e todas as etapas vencidas foram muito comemoradas e nos colocam em pé de igualdade com nosso adversário, que tem um time muito qualificado e quer vencer essa final tanto quanto nós. Precisamos de um diferencial. Energia positiva, vibração, apoio, fé. Confiar no time e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para voltar a vencer uma copa.

Precisamos vencer uma Copa. Merecemos vencer uma Copa!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!


Levantamento a partir das análises de 112 lances, de 98 jogos, indica
36 erros graves dos árbitros em 24 rodadas de Campeonato Brasileiro

Vinícius Dias

O gol marcado por Jô no último domingo, completando com o braço cruzamento de Marquinhos Gabriel diante do Vasco, representou o 36º erro grave de arbitragem neste Campeonato Brasileiro. O número é resultado de levantamento feito pelo Blog Toque Di Letra a partir das análises de decisões divulgadas rodada a rodada pela CBF. Considerando os 112 lances apresentados, de 98 jogos, o Cruzeiro está entre os clubes contra os quais os árbitros mais erraram. O Corinthians lidera o ranking de equívocos a favor, enquanto o Atlético/MG tem saldo zerado.


Em meio ao debate sobre o uso do árbitro de vídeo a partir da rodada deste fim de semana, além das não expulsões, o levantamento classificou como graves os casos de gol/não foi gol e pênalti/não foi pênalti, cujas marcações, a princípio, poderiam ser revisadas com o auxílio da tecnologia. Com base neste critério, 36 dos 40 erros listados pela CBF foram contabilizados. A lista reúne 19 penalidades não marcadas e três inexistentes assinaladas, três situações em que deveria ter sido aplicado cartão vermelho, sete gols irregulares validados e quatro mal anulados.

Galo: pênalti não assinalado em dérbi
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Os erros das 24 rodadas foram divididos a favor de 18 clubes e contra 16 - apenas a Ponte Preta não aparece em nenhuma das duas listas. Além do Cruzeiro, Atlético/PR, Botafogo, Vitória e Palmeiras tiveram quatro lances contrários assinalados. Por outro lado, o Corinthians teve quatro favoráveis. Os paulistas lideram a classificação por erros, elaborada pela reportagem considerando as decisões que beneficiaram ou prejudicaram os 20 clubes e tendo como critérios de desempate número e tipo - lances de gol, pênalti e expulsão, nesta ordem - de equívocos a favor.

Erros em jogos de Atlético e Cruzeiro

Entre os 112 lances destacados nas análises da CBF, dois tiveram o Atlético/MG como prejudicado: um pênalti não marcado no clássico com o Cruzeiro, válido pela 11ª rodada, e um gol mal anulado no confronto contra o Coritiba, na 17ª rodada. Na partida no Couto Pereira, marcada por polêmicas, também ocorreu uma das duas decisões que beneficiaram o alvinegro na competição: a penalidade não assinalada a favor da equipe paranaense. Erro semelhante ao da 10ª rodada, quando a arbitragem deixou de marcar pênalti para a Chapecoense, em duelo na Arena Condá.

Raposa: pênalti não marcado ante o líder
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

Dos 36 erros contabilizados, sete aconteceram em partidas que tiveram o Cruzeiro em campo. Os árbitros deixaram de assinalar quatro penalidades para o time comandado por Mano Menezes até o momento: nos embates contra Chapecoense, na 4ª rodada; Corinthians, na 7ª; Avaí, na 16ª; e Sport, na 21ª. Por outro lado, em três oportunidades, não foram marcados pênaltis a favor de adversários da Raposa neste Campeonato Brasileiro: um para a própria Chapecoense, na 4ª rodada; outro para o rival Atlético, na 11ª; e o mais recente para o Palmeiras, na 12ª.

Classificação por erros de arbitragem - Série A:

Corinthians - quatro a favor, dois contra / saldo = dois a favor
Grêmio - três a favor, um contra / saldo = dois a favor
Santos - dois a favor, nenhum contra / saldo = dois a favor
Fluminense - dois a favor, nenhum contra / saldo = dois a favor
Vasco - dois a favor, um contra / saldo = um a favor
Sport - dois a favor, um contra / saldo = um a favor
Flamengo - um a favor, nenhum contra / saldo = um a favor
Chapecoense - três a favor, três contra / saldo = zero
Coritiba - dois a favor, dois contra / saldo = zero
Atlético/MG - dois a favor, dois contra / saldo = zero
São Paulo - um a favor, um contra / saldo = zero
Atlético/GO - um a favor, um contra / saldo = zero
Avaí - um a favor, um contra / saldo = zero
Ponte Preta - nenhum a favor, nenhum contra / saldo = zero
Cruzeiro - três a favor, quatro contra / saldo = um contra
Bahia - nenhum a favor, um contra / saldo = um contra
Botafogo - dois a favor, quatro contra / saldo = dois contra
Vitória - dois a favor, quatro contra / saldo = dois contra
Palmeiras - dois a favor, quatro contra / saldo = dois contra
Atlético/PR - um a favor, quatro contra / saldo = três contra


Criador da torcida, que tem 42 cadeirantes, se reuniu com dirigente
em maio; desejo é uma categoria cativa para PNEs e acompanhantes

Vinícius Dias

Do duelo de volta das semifinais da Copa do Brasil, quando mais de 55 mil torcedores assistiram ao triunfo sobre o Grêmio, à partida de pior público pagante do Cruzeiro nesta temporada, com menos de 5 mil diante do Tricordiano, o setor vermelho inferior teve um rosto em comum na maioria dos jogos no Mineirão: Leônidas Bisneto. Nem mesmo a mobilidade reduzida é entrave para o torcedor, de 29 anos, que geralmente é acompanhado pela mãe, Soraya Galvão. "Neste ano, não devo ter ido a apenas um. É raro eu deixar de ir", afirma ao Blog Toque Di Letra.


Sócio Cruzeiro Sempre desde dezembro de 2013, o triplégico se vale da possibilidade oferecida aos associados da categoria para adquirir dois ingressos e acessar o estádio com um acompanhante, que o auxilia na locomoção. "Sou carregado da cadeira de rodas para o carro, do carro para a cadeira. Tenho que ser empurrado", revela. Nos últimos meses, no entanto, a presença no estádio também tem marcado a mobilização para que o benefício seja transformado em garantia com a criação de uma categoria exclusiva para Portadores de Necessidades Especiais - PNEs.

Ação envolvendo cadeirantes no estádio
(Créditos: Cristiane Mattos/Arquivo Pessoal)

Fundador da torcida Cruzeiro Eficiente, que atualmente conta com 42 membros cadeirantes, Leônidas se reuniu no dia 15 de maio com o gerente do programa Sócio do Futebol, Bernardo Mota, a fim de apresentar as reivindicações. "Essa categoria facilitaria a compra dos nossos ingressos, já que (os não-sócios) têm muitas dificuldades de comprar nas bilheterias, além de elas não possuírem a altura ideal para os cadeirantes", exemplifica. Desde então, está na expectativa por novidades. "Vai beneficiar todas as pessoas com necessidades especiais", ressalta.

Mobilização e palavra do Cruzeiro

O objetivo de Leônidas é que o Cruzeiro crie uma categoria cativa para PNEs. Os associados pagariam um valor mensal fixo e teriam direito a dois ingressos por partida como mandante: um para o titular do cartão, outro para o acompanhante. "Todos os integrantes da torcida Cruzeiro Eficiente têm a intenção de fazer esse sócio, desde que isso nos ajude e evite os problemas que sempre acontecem. Porque tem que facilitar para a gente e para o acompanhante", frisa. "(Os que hoje não são sócios), por exemplo, não precisariam mais sair de casa", acrescenta.

Leônidas e Sabrina Moreira na reunião
(Créditos: Torcida Cruzeiro Eficiente/Arquivo)

Consultado, o clube celeste se posicionou nessa quarta-feira. "O Cruzeiro Esporte Clube está estudando um formato para que possa atender à reivindicação. Assim que tivermos uma definição iremos informar a todos os que nos procuraram relatando a viabilidade de uma nova categoria de sócio", destacou o setor responsável pela área de sócios do futebol, por meio do departamento de comunicação.

Concessionária projeta novidades

Responsável pelo setor vermelho inferior, onde fica a área para PNEs, a Minas Arena se mostrou receptiva à ideia. "Recebemos a demanda do Cruzeiro para criar um programa de sócios para pessoas com deficiência aqui no Mineirão. Essa solicitação foi muito bem recebida e há conversas para que seja mais um produto disponível para o torcedor. Esperamos que possamos anunciar novidades em breve", disse via assessoria de imprensa.


Treinador baiano tem aproveitamento 1,4% superior ao gaúcho, com
leve melhora na zaga e ataque, mas sofre com jejum dos artilheiros

Vinícius Dias

A derrota por 2 a 0 para o Bahia na Arena Independência, em jogo válido pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro, marcou o fim da era Roger Machado no Atlético. O gaúcho, que deixou o time com 20 pontos em 45 disputados, foi substituído por Rogério Micale. Prestes a completar dois meses no cargo, o treinador campeão olímpico em 2016 tem números muito semelhantes aos do antecessor no torneio e vê o alvinegro distante do G6, definido pelo presidente Daniel Nepomuceno como obrigação.


O baiano esteve à frente do Atlético em oito rodadas. Com ele, a equipe somou 11 dos 24 pontos possíveis, com aproveitamento de 45,8%. Roger Machado, por sua vez, conquistou 44,4% dos pontos disputados do jogo de abertura do Campeonato Brasileiro, diante do Flamengo, no Maracanã, à demissão. Nas 15 primeiras rodadas, o Galo registrou o 11º melhor aproveitamento. Nas últimas oito, período que corresponde à era Micale, aparece em 10º lugar, a seis pontos do líder Atlético/PR.

Roger e Micale: campanhas semelhantes
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Com Roger, o alvinegro balançou as redes 16 vezes - média de 1,07 por jogo - e sofreu 17 gols - média de 1,13 - na competição. Com Rogério Micale, os números tiveram leve melhora. Foram nove gols marcados e nove sofridos, média de 1,125 por jogo. O ponto baixo é o rendimento da dupla de ataque considerada ideal: Robinho e Fred ainda não marcaram sob o comando do baiano. O jejum do camisa 7 está perto de completar quatro meses, enquanto o camisa 9 não marca há mais de dois meses.

Atlético com Roger Machado - Série A:

Partidas disputadas: 25 / Aproveitamento: 44,4%
Retrospecto: cinco vitórias, cinco empates e cinco derrotas
Gols pró: 1,07 por rodada / Gols contra: 1,13 por rodada

Atlético com Rogério Micale - Série A:

Partidas disputadas: oito / Aproveitamento: 45,8%
Retrospecto: três vitórias, dois empates e três derrotas
Gols pró: 1,125 por rodada / Gols contra: 1,125 por rodada