Na atual edição do maior torneio
continental, há muitas possibilidades de que o cenário se mantenha. Os clubes
brasileiros em particular têm muito mais investimento que os seus rivais nos
países vizinhos, e têm boas chances de ao menos colocar um representante na
final. Mas a verdade é que as coisas não serão fáceis.
As dificuldades dos clubes brasileiros e
argentinos para assegurar seu papel central no continente não aparecem na
tabela de classificação. Das seis equipes brasileiras que disputam a
Libertadores, cinco estão na zona de classificação. A única exceção é o
Palmeiras, que assumirá o segundo lugar caso vença o Tigre na próxima partida
(Libertad e Sporting Cristal já jogaram na rodada). Entre os argentinos, apenas
Arsenal e Tigre estariam eliminados hoje. Algo absolutamente normal, já que são
clubes pequenos e sem ambições no torneio.
O problema é outro: a dificuldade que as
equipes dos dois países têm encontrado para se impor frente aos rivais. O caso
argentino é mais flagrante: Boca Juniors e Newell’s não têm conseguido mostrar
superioridade frente aos concorrentes, e só entraram na zona de classificação
nesta semana, após vitórias dificílimas fora de casa. Arsenal e Tigre estão na
briga, mas por ora ficariam de fora. Apenas o Vélez
parece caminhar para uma classificação sem sustos.
Entre os representantes brasileiros as
coisas não estão muito melhores, à exceção do Atlético/MG, que vem sobrando no
torneio. A única outra equipe do país que lidera sua chave é o Fluminense,
apenas um ponto à frente do terceiro colocado da chave, sem nenhuma "gordura" acumulada. Grêmio e São Paulo estariam classificados hoje apenas pelos
critérios de desempate. O Corinthians parece marchar rumo a uma classificação
sem maiores sustos, mas está em segundo lugar em seu grupo.
Enquanto isso, outros países vêm
mostrando sua força. Os paraguaios lideram duas chaves, com Olimpia e Libertad, ficando o Cerro Porteño, ainda sem nenhum ponto, como a grande
decepção do país. Os mexicanos despontam com o surpreendente Tijuana liderando
o grupo do Corinthians, enquanto o Toluca segue vivo na duríssima chave que
também inclui Boca Juniors, Nacional e Barcelona/EQU. Mesmo o fraco Peru
mostrou suas armas, com o Garcilaso liderando seu grupo, enquanto o Sporting
Cristal eliminaria o Palmeiras, caso a primeira fase terminasse hoje.
Argentina e Brasil têm tudo para manter
a hegemonia continental, absoluta nas últimas duas décadas, em particular após
o declínio dos gigantes uruguaios. Mas as dificuldades enfrentadas pelos
representantes dos dois países mostram muito claramente: a Libertadores é um
torneio duríssimo e equilibrado. Não há clubes com capacidade de investimento
vagamente próxima à dos gigantes europeus, o que torna tudo mais equilibrado,
nivelado e imprevisível. Dando ao torneio seu maior charme, em conjunto com a
força e a tradição dos grandes clubes do continente.
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