Tiago de Melo
Após 120 minutos
de partida e uma disputa nos pênaltis, o Clube Atlético Mineiro chegou ao
primeiro título de Libertadores em sua história. O script foi exatamente o que
todos esperavam: nervosismo, sofrimento, jogadores correndo como nunca,
torcedores cantando do início ao fim, a completa agonia da massa atleticana
antes do gol salvador, participação decisiva de Victor. Uma final com a cara do
time treinado por Cuca.
Não apenas a
forma pela qual o Atlético colocou as mãos na taça foi previsível. A partida em
si teve o desenho que se projetava. O Olimpia se defendia, marcava Bernard e
Ronaldinho de perto, e buscava os contra-ataques. O Galo fazia prevalecer o
mando de campo, marcava por pressão e tentava sufocar o adversário.
Na etapa inicial, empate por 0 a 0 (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
No primeiro
tempo a estratégia dos paraguaios funcionou melhor que a dos brasileiros.
Apesar de ter esmagadora liderança na posse de bola, o Atlético não conseguia
criar boas oportunidades e esbarrava na defesa rival. Na verdade a grande
chance dos primeiros 45 minutos foi do Olimpia, com Bareiro concluindo mal um
ataque de grande perigo que poderia ter dado ao Decano a vantagem na primeira
etapa.
Esperança nos pés de Jô
O Galo voltou
para o segundo tempo com Rosinei no lugar de Pierre. A ideia era óbvia: dar
mais agressividade à equipe alvinegra. Só não se esperava que o resultado
chegasse tão rápido. No primeiro minuto após Wilmar Roldán apitar o reinício da
partida, Rosinei centrou, Pittoni furou de forma constrangedora e Jô fuzilou o
bom goleiro Martín Silva. O Atlético abria o placar. Agora só faltava mais um
para levar a partida para a prorrogação.
Mas o sofrimento
estava longe de acabar. O Galo seguiu pressionando o adversário, mas a bola
parecia não querer entrar. A trave e o ótimo Martín Silva impediam a explosão
da massa, que não parava de cantar na arquibancada. Para piorar, o Olimpia
seguia ameaçando nos contra-ataques. Até que Ferreyra driblou Victor e
escorregou antes de empurrar para as redes e sepultar todos os sonhos
atleticanos.
'Eu acredito' foi o lema alvinegro (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
Todos os que
acompanharam a trajetória da equipe comandada por Cuca em 2013 sabiam que era a
sorte do campeão se manifestando mais uma vez. A mesma que permitiu que Victor
salvasse, com o pé, o pênalti que eliminaria o alvinegro no confronto contra o
Tijuana. A mesma que empurrou o tiro certeiro de Guilherme para as redes do
Newell's no fim da partida e que levou a experiente equipe argentina a
desperdiçar três cobranças de pênalti.
Com a marca do capitão
E se alguém
duvidava disso, veio logo a seguir a expulsão de Manzur, por falta duríssima em
Alecsandro. Não cabia discussão: o Atlético estava destinado a vencer a
Libertadores de 2013. E quando, no apagar das luzes da grande final, Leonardo
Silva escorou cruzamento para finalmente marcar o segundo gol, tudo ficou
claro. A explosão atleticana mostrava que aquela equipe jamais perderia a
chance de conquistar o maior título da história do clube.
O que veio
depois foi apenas consequência. O Galo teve outras chances, Réver acertou a
trave de Silva, Alecsandro perdeu ótima chance, e o jogo foi para os pênaltis.
Que apenas confirmaram o que todos àquela altura já estavam cansados de saber:
nada no mundo tiraria a taça do Atlético.
Capitão Réver comemorou título (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
O Clube Atlético
Mineiro nunca deixou de ser um time grande. Mesmo nos piores momentos, nunca
deixou de ter uma torcida gigantesca e apaixonada, uma camisa de peso e uma
tradição tão grande que sequer se pode medir. Mas havia algo atravessado na
garganta de todos os fanáticos torcedores: faltava a grande conquista. Uma taça
que significasse a atualização da grandeza do gigante alvinegro.
Agora, os
atleticanos podem dormir em paz. A conquista tão sonhada chegou. Grandeza,
tradição e camisa são um diálogo entre passado e presente. A história constrói
tudo isso, mas essa história nunca pode deixar de ser feita. E o Galo mostrou
na Libertadores 2013 que segue grande como sempre. Ou melhor: maior do que
nunca!
Ótimo texto! Na verdade, os atleticanos mereciam essa conquista, pois o Galo manteve-se somente por causa de sua torcida nas últimas décadas. Mas, o time demonstrou a garra que os atleticanos admiram tanto. Isso fez inclusive que a equipe fosse aplaudida numa derrota. Saravá!!!
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