Relato inédito traz detalhes do
dia em que Telê Santana
defendeu o arquirrival do 'clube do coração' em Itabirito
Vinícius Dias
Apontado como um dos técnicos mais talentosos de todos os tempos, o itabiritense Telê Santana, que hoje
completaria 82 anos, também obteve destaque em sua curta carreira como jogador.
O corpo franzino, que lhe rendeu o apelido de 'Fio de Esperança', foi
também símbolo de um ponta-direita ágil e engenhoso. Talento que encantou Itabirito logo aos 16 anos. De forma até inusitada, mas que marcaria a
trajetória de um dos maiores nomes do esporte.
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A revelação foi feita ao Blog Toque Di Letra por Renê Santana,
filho do mestre. "Por natureza, eu sou curioso, gosto muito de história. A
história do meu pai, principalmente, me interessa demais. E a gente vai
ouvindo, sabendo dos episódios", fala. Foi assim, por acaso, hospedado na
cidade durante carnaval nos anos 1990, que ele soube da passagem do pai pelo
União Sport Club.
Década de 1940: Telê no Itabirense (Créditos: Arquivo Pessoal/Renê Santana) |
Antes, Telê havia atuado nos rivais Itabirense Esporte Clube, o clube do coração de sua família, e no
Usina Esperança Futebol Clube. "Ele foi se destacando a tal ponto que teve
uma partida importante do União, e os dirigentes quiseram que ele
jogasse", pontua. "Fizeram um acordo com o Itabirense e o
contrataram. Para colocá-lo na equipe, o treinador tirou o Edmundo, o
centroavante", acrescenta. Foi o próprio Edmundo Mesquita quem contou a
Renê.
Telê foi o destaque
"O técnico avisou a ele:
'olha, Edmundo, tem uns dirigentes que querem colocar um jogador (Telê Santana)
aqui para jogar. E eu tenho que fazer isso'", fala o filho do mestre,
citando o diálogo com o ex-companheiro do pai. Antevendo uma atuação discreta
de Telê, o técnico ainda garantiu a participação do centroavante. "Ele
joga um pouco e eu tiro. Você entra no lugar dele e joga o seu jogo". Foi
o combinado tecido para atender ao desejo da diretoria.
'Mestre Telê' em visita à cidade natal (Créditos: Arquivo Pessoal/Silvestre Martins) |
O bom rendimento do jovem de 16
anos ao atuar no time profissional, no entanto, mudou o roteiro. A promessa não
foi cumprida. Edmundo seguiu entre os reservas. "Ele ficou um pouco
nervoso, mas, ao mesmo tempo, bem impressionado com aquele jogador, que estava
surgindo na cidade", pontua Renê Santana. Um ano depois, Telê figurava
entre os juvenis do Fluminense. O clube que defenderia durante 12 temporadas,
acumulando nove conquistas.
Elogios de Silvestre
A memória de Telê Santana traz,
ainda hoje, boas recordações para seu amigo Silvestre Martins Fernandes, de 80
anos. "Bendizer, fomos criados juntos e jogando futebol. Nos dias em que
não havia treinos, ficávamos brincando de gol a gol", explica.
"Adiante, nos separamos. Ele foi para o Fluminense, ficou lá bastante
tempo. Depois, ele me ajudou, me chamou para o time juvenil. Foi um bom
jogador, bom amigo, bom companheiro", conclui Silvestre.