Tiago de Melo
A empolgante classificação sobre o
Newell's Old Boys deixou o Atlético muito perto do sonho continental. Agora,
faltam apenas duas partidas para colocar a mão na Copa Libertadores. Partidas
que não serão simples, em especial por serem contra um adversário de tradição.
O Olimpia é simplesmente a única equipe
a ter chegado a decisões de Libertadores em todas as décadas. No total, o
Decano paraguaio vai para sua sétima decisão continental, das quais venceu
três: 1979, contra o Boca Juniors; 1990, contra o Barcelona de Guayaquil; e
2002, contra o São Caetano. Perdeu em 1960 para o Peñarol, em 1989 para o
Nacional, da Colômbia, e em 1991 para o Colo-Colo.
No entanto, fatores como camisa e
tradição podem ser relativos. Até cerca de 20 anos os clubes que faziam os
adversários tremerem quando entravam em campo eram Peñarol e Independiente, os
grandes vencedores do torneio em suas primeiras décadas. Hoje não provocam
nenhuma comoção quando se classificam para a Libertadores. Por outro lado, há
15 anos o Boca não tinha maior expressão continental, mas em apenas oito anos
levou quatro canecos e hoje é temido por qualquer adversário, independente da
equipe que coloque em campo. Em suma, não será o retrospecto na Libertadores
que dará o título ao Olimpia.
Olimpia bateu Fluminense, em maio (Créditos: Nelson Perez/Fluminense F.C.) |
O grande perigo para o Galo é de fato a
equipe em si, mais do que a camisa adversária. O Olimpia entrou no torneio
bastante desacreditado. Havia sido apenas o sexto colocado no Clausura 2012,
vencido pelo Libertad, que terminou o campeonato 15 pontos à frente do Decano,
que só se classificou pela somatória de pontos nos dois torneios do ano. O
clube entrou na primeira fase do torneio, por aqui conhecida como 'Pré-Libertadores',
sem despertar medo em ninguém.
'Mudanças' no torneio
Mas, aos poucos, as coisas mudaram. O
clube trocou o treinador uruguaio Gregório Pérez por Ever Hugo Almeida, ídolo
histórico do Olimpia, duas vezes campeão da Libertadores pelo Rey de Copas como
jogador e duas vezes campeão nacional como treinador. E lentamente a equipe
começou a mostrar força no torneio continental, eliminando equipes como
Fluminense e Universidad do Chile, e goleando o Newell's na primeira fase até
avançar à final.
A equipe não possui grandes valores.
Vários jogadores são argentinos sem maior expressão em seu próprio país. No
entanto, o formato 'mata-mata' favorece o estilo de jogo do Olimpia, baseado em
grande medida na força dentro de casa, e nas jogadas pelos lados do campo,
visando os atacantes Salgueiro e Bareiro.
O goleiro é o uruguaio Martin Silva, jogador seguro e experiente, figurinha fácil há anos na seleção de seu país, ainda que quase sempre como reserva de Muslera. Como joga no 3-5-2, a equipe tem na zaga Manzur, Miranda e Candia. A defesa não é exatamente o forte da equipe, e exatamente por isso a proteção é forte: Pittoni (ex-Figueirense), Gimenez e Aranda dão muita força no setor de marcação, protegendo a linha de defensores.
O goleiro é o uruguaio Martin Silva, jogador seguro e experiente, figurinha fácil há anos na seleção de seu país, ainda que quase sempre como reserva de Muslera. Como joga no 3-5-2, a equipe tem na zaga Manzur, Miranda e Candia. A defesa não é exatamente o forte da equipe, e exatamente por isso a proteção é forte: Pittoni (ex-Figueirense), Gimenez e Aranda dão muita força no setor de marcação, protegendo a linha de defensores.
Clube paraguaio usa esquema 3-5-2 (Créditos: Nelson Perez/Fluminense F.C.) |
Nenhum dos três volantes é especialista
na criação, de modo que a grande saída utilizada é a participação dos alas, em
especial Silva ou Mazacotte, que ocupam o lado direito do meio campo. Pela
esquerda Benítez também auxilia na saída de bola, ainda que sem a mesma
qualidade. Sempre visando às finalizações dos artilheiros Salgueiro e Bareiro,
jogadores que não são exatamente excelentes, mas têm experiência e já foram
testados e aprovados em várias equipes do continente.
Assunção:
jogo-chave
A primeira partida em Assunção é chave
para as pretensões atleticanas. Afinal, o Olimpia faz a maioria de seus gols em
contra-ataques ou em jogadas pelos lados do campo. Se o Galo conseguir bloquear
as laterais e não se expor em demasia, o Decano terá dificuldades, já que
penetração pelo meio não é o forte da equipe. Conseguindo realizar esse plano
de jogo com efetividade, o Atlético pode levar um bom placar para decidir em
casa, onde poderia jogar com calma, sem se expor aos perigosos contra-ataques
do Rey de Copas.
Por outro lado, o cenário de pesadelo
para o Atlético é ser pressionado na primeira partida, não conseguir reter a
bola nem conter as jogadas laterais do Decano. O jogo ficaria muito perigoso,
podendo terminar com placar negativo para o Galo. Que teria de reverter a
situação em casa contra uma equipe que possui bom contra-ataque. Mas nem tudo
estaria perdido: uma marcação por pressão bem feita na saída de bola do Olimpia
poderia resultar em uma pressão quase insuportável para uma equipe que não tem
uma defesa sólida.
Favoritismo atleticano
O Atlético é favorito. Tem menos
tradição internacional, mas seu time é mais bem armado, tem melhores valores e decide
em casa. Mas todo o cuidado é pouco. O Olimpia não está na final por acaso. A
equipe é muito forte em casa e, apesar de não ter grandes individualidades, tem
armas perigosas que podem complicar a vida do Galo.
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