Nos últimos dias, as páginas dos
jornais ingleses estamparam a polêmica envolvendo Papiss Cissé e o novo
patrocinador do Newcastle United, de Londres. A 'polêmica' consiste
no fato de Cissé, muçulmano, não aceitar vestir a camisa de seu time, devido ao
novo patrocinador ser a empresa Wonga, que atua na rede de empréstimos. Porém,
após ser visto em um cassino, Cissé aceitou voltar a treinar com o clube,
quebrando todos os ideais. Surge o raciocínio de que, valendo-se de sua
religião, o senegalês tentou forçar a saída dos Magpies.
Os 'duelos' entre
patrocinadores e crenças religiosas são recorrentes no cenário do futebol. Em
2006, o atacante Kanouté se recusou a utilizar a camisa do Sevilla, quando a
equipe era patrocinada pelo site de apostas 888.com. À época, o atleta comentou
o caso. "As apostas são como as bebidas alcoólicas, um resultado da obra
maligna de Satanás". O malinês conseguiu seguir seus ideais e jogar
algumas partidas com a sua camisa sem patrocinador, mas após conversas o
jogador aceitou vestir a camisa normalmente.
A perda da essência...
No futebol moderno, vence quem paga
mais e, cada vez mais, o esporte perde a essência, para tornar fonte de renda
de grandes empresários. O exemplo dos muçulmanos prova que tão cedo não teremos
um Afonsinho rebelde, que recusa a jogar por não acatar ordem do presidente de
sua equipe, para cortar o cabelo e fazer barba. Não teremos Mário de Castro
vestindo apenas a camisa do Atlético/MG - e recusando-se a vestir a da seleção.
Não teremos Cruyjff rejeitando disputar uma Copa, em protesto contra um
ditador.
Os tempos são outros,
definitivamente. E os tradicionais romantismos do futebol devem, cada vez mais,
estar reservados às páginas dos livros de uma bela história.
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