Por que o Cruzeiro é líder?

Douglas Zimmer

Líder do Campeonato Brasileiro após doze rodadas disputadas, com cinco pontos de vantagem para o vice-líder Corinthians, o Cruzeiro é, também, o clube que mais vezes esteve na primeira colocação da competição desde a adoção do sistema de pontos corridos. Muito além daquele velho papo de que o Brasileirão é, normalmente, nivelado por baixo, a diretoria estrelada investe em estabilidade, elenco e formação para manter a escrita e seguir em busca do quarto título.


Dizer que a atual fase do clube mineiro é um acaso é, no mínimo, falta de visão, para não dizer má vontade com o trabalho que tem sido executado no futebol azul estrelado. Os motivos são mais complexos do que pura e simplesmente sorte - e vêm dando tanto resultado que os mais exaltados já começam a fazer barulho para que o modelo de disputa da competição nacional seja revisto.

Líder, Raposa soma 28 pontos na Série A
(Créditos: Gualter Naves/Light Press/Textual)

Vejamos, então, alguns dos muitos motivos que levaram a equipe celeste ao atual nível de desempenho:

Atletas vencedores

Certa vez, o bom entendedor disse que, para ser campeão, um time deve contar com atletas que estão acostumados a serem campeões. A Raposa entendeu bem a mensagem e contratou atletas que, se não são titulares absolutos, incorporam muita experiência e qualidade técnica e psicológica. Trocando em miúdos, jogadores como Tinga, Dagoberto, Ceará e Borges podem até não estar no auge das condições físicas, mas com certeza são importantes para o elenco.

Reforços de qualidade

Ao contrário de outros períodos, a diretoria celeste apostou na política da qualidade, em detrimento da quantidade. Em vez de ter elenco 'inchado' e trazer para o clube atletas de qualidade questionável, Alexandre Mattos e Gilvan foram às compras de maneira consciente e acertada. Montaram um excelente grupo no ano passado, aliando experiência e juventude. 

Política de reforços é a chave do sucesso
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Textual)

Além disso, mantiveram o conjunto para a atual temporada. Os jogadores negociados ou dispensados eram reservas e já tinham substitutos dentro do próprio plantel. Não bastasse isso, ainda foram agregados ao elenco jogadores de qualidade ou com um potencial muito interessante. Manoel, Marquinhos e Neilton chegaram e já podem jogar caso haja necessidade, por exemplo.

Utilização da base

Desde 2013, é cada vez mais normal vermos em campo nomes vindos da base, casos de Lucas Silva, Alisson e Mayke. Além deles, Vinícius Araújo e Wallace também tiveram oportunidades antes de deixarem o clube. Esses atletas são a resposta que a torcida esperava, já que por muitos anos a equipe viveu um período em que vencia torneios de base, mas dificilmente emplacava um jogador no time profissional. A transição vem sendo muito bem feita e a expectativa é de que os frutos continuem a aparecer nesses próximos anos.

Cria da base, jovem Lucas Silva é destaque
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press/Textual)

Grupo em vez de estrelas

Se o torcedor cruzeirense for questionado sobre qual o principal nome do clube, com certeza, as respostas devem ser bem variadas. Na atual fase, especialmente pela artilharia do torneio, Ricardo Goulart seria um dos mais citados. Contudo, ainda assim, não seria unanimidade. E isso se repete desde o ano passado. O Cruzeiro não tem um astro que seja responsável por quase tudo. Por exemplo: o principal jogador do Brasileirão em 2013, Éverton Ribeiro, viveu uma fase 'não tão boa' no primeiro semestre, nem por isso o desempenho coletivo caiu.

A distribuição dos 28 gols entre os jogadores do elenco e as variações na escalação comprovam que o comandante Marcelo Oliveira sabe muito bem conduzir os individualismos, dosar as participações e manter o grupo azul celeste nas mãos.

Mineirão é trunfo do fortíssimo Cruzeiro
(Créditos: Netun Lima/Light Press/Textual)

Volta do Mineirão

Como fez bem ao Cruzeiro o retorno a casa. Desde que voltou a atuar no Mineirão, a Raposa tem causado calafrios nos adversários que viajam até BH. O estilo veloz e incisivo voltou com tudo e a torcida vem abraçando a equipe com boa presença durante os jogos. Entretanto, a equipe celeste também ganhou a fama de ser um visitante pouco agradável. O Cruzeiro dificilmente é coadjuvante nos jogos e sempre dificulta as ações do rival, mesmo atuando longe de casa.

Até aqui, no Brasileirão de 2014, a Raposa fez seis partidas fora de seus domínios e venceu quatro. Como não poderia ser diferente, o trajeto para permanecer no topo é tão ou mais árduo do que o que leva até lá - e as variáveis que levam ao sucesso são muitas.

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