Retrospectiva: Cruzeiro

Da Redação

Para o cruzeirense, o ano que termina foi de alegrias do começo ao fim. O time, que iniciou a temporada comemorando o título mineiro, conquistado de modo invicto, fechou 2014 em festa com o quarto título brasileiro. E o Blog Toque Di Letra esteve lado a lado com o clube celeste de janeiro a dezembro. O ex-presidente Zezé Perrella, em setembro, e o volante Paulo César Tinga, neste mês, por exemplo, foram personagens do 'Bate-Bola', nossa seção de entrevistas.

Ano de títulos, boas histórias e exclusivas
(Montagem: Editoria de Arte/Toque Di Letra)

O cruzeirense também foi brindado com reportagens, como a de Joaquim Lagares, do Serro, que pinta um carro a cada grande título estrelado. Em julho, com a liderança da Série A de novo consolidada, foi a vez de o Blog apontar as cinco explicações para o sucesso da Raposa. Em setembro, o personagem escolhido foi o popular Buiú, que há 24 anos vive a rotina do Cruzeiro. Neste mês, esteve em pauta a liderança do clube no ranking de arrecadação com premiações no ano.

Selo de exclusividade

Estar ao lado do clube em 2014 também rendeu matérias exclusivas. Em agosto, antecipamos que a Penalty havia feito a melhor oferta para ser a nova fornecedora do Cruzeiro. Ainda em agosto, publicamos uma matéria exclusiva sobre Lucas Silva, xodó da torcida celeste. A reeleição de Gilvan esteve em pauta em outubro. Antes dos clássicos da Copa do Brasil, em novembro, os ídolos Alex e Marcelo Ramos tiveram destaque por aqui. E neste mês, detalhamos a estrutura do departamento de futebol do clube após a saída de Alexandre Mattos.

Retrospectiva: Atlético/MG

Da Redação

O ano se encerra e o atleticano ainda tem vários razões para comemorar. Campeão estadual e da Libertadores em 2013, o clube alvinegro seguiu a trajetória vitoriosa neste ano: conquistou a Recopa Sul-Americana, ante o Lanús, e a Copa do Brasil, em decisão histórica. De janeiro a dezembro, o Blog Toque Di Letra esteve ao lado do clube. A jovem promessa Lucas Cândido, em fevereiro, e o ex-goleiro João Leite, neste mês, por exemplo, foram personagens do 'Bate-Bola'.

Ano de títulos, boas histórias e exclusivas
(Montagem: Editoria de Arte/Toque Di Letra)

A nossa equipe também se dedicou às reportagens. O itabiritense Pedro Viana, que há 30 anos solta foguetes para festejar vitórias do Atlético, foi pauta em janeiro. José Róbson, sósia de Ronaldinho, foi tema de matéria em março. Produções de atleticanos também foram destaque. O curta de Lobo Mauro foi notícia em junho. No mês de agosto, foi a vez de o Blog sugerir quatro possíveis substitutos para R10. As maiores negociações da história do clube foram pauta neste mês.

Selo de exclusividade

Estar ao lado do clube neste ano também rendeu matérias exclusivas. Em agosto, trouxemos novidades sobre o tão sonhado estádio alvinegro. Em setembro, há dois meses das eleições atleticanas, informamos que Daniel Nepomuceno seria o sucessor de Kalil. Antes das finais da Copa do Brasil, em novembro, Nilson Cardoso e Dadá Maravilha, goleadores históricos do clube, relembraram as passagens pelo Galo. O trabalho de Mário Caixa, da Rádio Itatiaia, foi pauta em novembro.


Companheiro de Montillo e Victorino em time chileno, Felipe
Seymour chega a Minas Gerais como aposta para o meio-campo

Vinícius Dias

Ídolo no futebol chileno, quase desconhecido no Brasil. Aposta da Raposa para o meio-campo, o volante Felipe Seymour, de 27 anos, será o terceiro reforço do clube para a próxima temporada. Sem atuar desde a segunda quinzena de maio, quando deixou o Spezia, equipe da segunda divisão italiana, Seymour chega à Toca II para disputar posição em um dos setores mais premiados do time bicampeão nacional. Mas, afinal, quais são as principais características do chileno?


Formado nas categorias de base da Universidad de Chile, Felipe Seymour ganhou destaque com as boas campanhas do clube azul em torneios sul-americanos entre 2009 e 2011 - quando foi negociado com o Genoa, da Itália, por US$ 2,1 milhões. Após o acerto com o Cruzeiro, o Blog Toque Di Letra entrou em contato com dois jornalistas chilenos, a fim de traçar um perfil do novo reforço estrelado, que é mais conhecido no país vizinho como 'Fogonero azul'.

Seymour, de azul, em ação pela La U
(Créditos: Universidad de Chile/Divulgação)

"Esteve na La U como titular entre 2009 e meados de 2011, (e chegou a atuar) com Victorino e Montillo. É muito bom jogador, mas não conseguiu se consolidar na primeira divisão da Itália. É preciso ver se está em boa forma, já que não jogou no último semestre", afirmou Rodrigo Mujica, do portal La Tercera. Mujica ainda mencionou as principais características do volante. "Marcador, muito rápido, inteligente taticamente e (tem) aceitável arremate de média distância".

Volante de seleção

Carrasco do Flamengo na Libertadores de 2010, Seymour é, também, um jogador de excelente técnica, de acordo com Nicolás Videla, do portal Red Gol. "Um grande volante central, ainda que não seja o clássico jogador de contenção, sai jogando muito bem e também participa da construção das jogadas", afirmou. Videla ainda recordou que o jogador chegou a vestir a camisa da seleção. "Era uma das promessas chilenas para o setor e segue bem cotado no país", observou.

Volante acertou com o Genoa em 2011
(Créditos: Genoa CFC/Divulgação)

O volante chegou à Itália em agosto de 2011, após se destacar na La U. Contratado pelo Genoa, time que defendeu no primeiro turno, Seymour acabou cedido ao Catania na sequência da temporada 2011/2012. No ano seguinte, voltou ao Genoa, iniciou a temporada como titular, mas perdeu a vaga em razão de uma lesão e acabou sendo emprestado ao Chievo. Em 2013/2014, defendeu o Spezia, equipe da Série B. Bastaram 31 jogos para que caísse nas graças dos torcedores.

Destaque no Spezia

Em junho último, ao término do empréstimo, dezenas deles se mostraram favoráveis à permanência do volante, destaque do Spezia na temporada. "Seymour é um grande guerreiro e um dos favoritos da torcida por seu comportamento e pela entrega em campo. Se isso ainda é importante no futebol, considerem mantê-lo", postaram os torcedores. No entanto, sem acordo com o Genoa, à época, dono dos seus direitos econômicos, Felipe Seymou deixou o Spezia.

Por um 2015 azul e branco!

Douglas Zimmer

Salve, China Azul!

O 2014 cruzeirense foi muito bom. Não podemos ser ingratos e, somente por não termos ganhado tudo, 'dar de ombros' para o que conquistamos. Ficamos pelo caminho na Copa Libertadores e deixamos a Copa do Brasil escapar na final, é verdade, mas fomos campeões mineiros e levamos o bi (tetra) do Brasileirão, com totais méritos.


Para 2015, a princípio, espero que o clube consiga manter a base forte e vencedora que temos, e que o torcedor e os atletas não caiam na terrível armadilha do comodismo. Em contrapartida, torço, da mesma forma, para que não tenhamos um clamor popular pelos reforços badalados ou, pior, desnecessários.

Elenco: o segredo do Cruzeiro em 2014
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Textual)

Poderemos ter um 2015 ainda mais próspero e feliz do que foi o ano que está prestes a acabar. Se pararmos para pensar, este mesmo ano que se aproxima do término foi ainda melhor que o excelente 2013. "Basta" que continuemos todos neste mesmo caminho, sabendo a hora de cobrar, de apoiar, de mudar e de insistir.

Páginas heroicas e imortais

Aproveitem bem esse período de recesso e de férias de Cruzeiro, mas não se esqueçam dele. Pelo contrário, lembrem-se de cada momento que essa camisa nos proporcionou nos últimos anos e confiem e unam forças para buscarmos mais glórias no ano que vem.

Mar azul comemora o tetra brasileiro
(Créditos: Gualter Naves/Light Press/Textual)

Vou deixar a direção trabalhar e, particularmente, não dar atenção para as já tradicionais especulações de verão. Sei que são normais, mas eu prefiro recarregar minhas baterias e deixar para usá-las para apoiar quem vestir o manto estrelado nos próximos 12 meses.

Tenham todos, excelentes festas, ótimas férias e um ano novo repleto de conquistas.

Força, Cruzeiro!

Papai Noel preto e branco

Ricardo Diniz

Talvez nem o mais otimista dos atleticanos um dia imaginou que a equipe conquistaria quatro títulos em apenas dois anos. Qual de nós, torcedores, um dia sonhou em comemorar, em sequência, o estadual diante do maior rival, a tão sonhada Libertadores da América, além de uma Recopa e uma Copa do Brasil, com duas vitórias sobre o Cruzeiro, tendo antes eliminado Corinthians e Flamengo?


Que o 2015 atleticano seja tão bom quanto - ou melhor que - os últimos dois anos. Que possamos seguir vibrando com os milagres de São Victor; com os laterais mortais de Marcos Rocha; com a dupla de zaga que alia a experiência do artilheiro e capitão Leonardo Silva, a juventude e categoria de Jemerson; completada, do lado esquerdo, por Douglas Santos e seus cruzamentos certeiros.

Elenco atleticano festeja Copa do Brasil
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Espero continuar comemorando os desarmes de Leandro Donizete, Rafael Carioca, Josué e Pierre; os passes cirúrgicos de Jésus Dátolo e do garoto Dodô, que tem se acostumado a carimbar as redes adversárias com belos gols. No ataque, já sonho com os gols de Luan, Carlos, Marion e Pratto, que chega para deixar o grupo alvinegro ainda mais forte, e, por que não, de Tardelli, caso permaneça em BH.

Início com chave de ouro

E quem sabe o Papai Noel atleticano não reserve a Daniel Nepomuceno, o sucessor de Alexandre Kalil, um começo de mandato com chave de ouro, festejando o título brasileiro, que não vem desde 1971, e 'bateu na trave' em 1977, 1980, 1999 e 2012? A massa atleticana aceita ainda a segunda Copa do Brasil e, para abrir o apetite nesta ceia de títulos, o Campeonato Mineiro, de preferência ante o rival.

Pratto: reforço aos olhos do torcedor
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Confronto em que, por sinal, não perdemos há oito partidas - esperamos permanecer invictos por um bom tempo. Se não for pedir demais ao bom velhinho, gostaria de pedir que não atenda aos pedidos que chegarão do outro lado da lagoa.

Saudações alvinegras!

Os melhores da América

Vinícius Dias

Pelo terceiro ano consecutivo, a convite do jornal uruguaio El País, o Blog Toque Di Letra teve a honra de participar da eleição 'América y Europa le responden a El País'. O tradicional prêmio, que chega a sua 29ª edição em 2014, é responsável por apontar os destaques do futebol sul-americano a cada temporada. Escalada no habitual 4-4-2 do treinador, José Pékerman, esta é a seleção do Blog:

Goleiro: Marcelo Barovero (River Plate/ARG)
Lateral-direito: Marcos Rocha (Atlético Mineiro)
Zagueiros: Mercado (River Plate/ARG) e Gil (Corinthians)
Lateral-esquerdo: Emmanuel Mas (San Lorenzo/ARG)
Volantes: Henrique (Cruzeiro) e Aránguiz (Internacional)
Meias: Cardona (Atlético Nacional/COL) e Goulart (Cruzeiro)
Atacantes: Tardelli (Atlético Mineiro) e Milito (Racing/ARG)

Campeão da Libertadores em 2013, o Atlético colocou cinco jogadores na seleção da edição passada do prêmio: Réver, Marcos Rocha, Jô, Bernard e Ronaldinho, o 'Rei da América'. Éverton Ribeiro representou o tricampeão brasileiro Cruzeiro. Neymar foi o sétimo brasileiro da lista, que ainda teve três argentinos e um uruguaio.

Mandato novo, vida nova...

Vinícius Dias

Reeleito por aclamação, Gilvan de Pinho Tavares foi empossado na quinta- feira para mais três anos à frente do Cruzeiro. Na cerimônia, ao lado dele, se posicionou José Francisco Lemos, principal novidade na composição da diretoria para este segundo mandato. Substituto de José Maria Fialho na função de primeiro vice-presidente do clube celeste, Lemos será peça-chave na reconfiguração da estrutura da Raposa após a saída do diretor de futebol Alexandre Mattos.


Conforme o Blog Toque Di Letra revelou na última semana, com a saída de Mattos, Gilvan assumiu tarefas que antes cabiam ao diretor. Enquanto não houver consenso quanto a um possível substituto, o presidente deve seguir cuidando das negociações, sendo, na prática, diretor de futebol da Raposa. Com isso, Lemos, vice-administrativo no triênio 2012/2014 e um dos mais experientes da diretoria empossada, vai compartilhar com Gilvan as decisões administrativas.

Lemos, ao centro, na cerimônia de posse
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

José Francisco assumirá o posto com atribuições muito diferentes de seu antecessor, José Maria Fialho. Nomeado vice de futebol no início de 2012, Fialho deixou o cargo em dezembro daquele ano por não concordar com o modelo adotado pelo presidente, que conferiu total autonomia ao diretor Alexandre Mattos. O segundo vice, Márcio Rodrigues, seguirá no comando das divisões de base.

Gilvan: deputado estadual

Nos bastidores da Assembleia, é dado como certo o apoio do PV à gestão Pimentel, possibilidade que o Bloghavia adiantado em novembro. Com isso, o partido deve ganhar uma secretaria no governo estadual. Primeiro suplente da aliança PDT/PV, Tavares (PV) será empossado caso o indicado seja um dos parlamentares eleitos.


Tudo começou em março de 2011; hoje, a Web Rádio Galo
contabiliza milhares de fãs em seus perfis nas redes sociais

Vinícius Dias

Marion cruza, a bola resvala em Diego Tardelli e sobra nos pés de Luan. "Olha o Galo, vai bater, bateu. É gol, é gol, é gol". Foi com essas palavras que Beto Guerra registrou, pelas ondas do rádio, a emoção com o quarto gol da vitória ante o Flamengo, por 4 a 1, na semifinal da Copa do Brasil. Com o resultado, o Atlético garantiu vaga na decisão, três semanas antes de comemorar o tão sonhado título. Narrador e criador, ele é um dos sete integrantes da equipe da Web Rádio Galo, projeto que foi concebido em março de 2011.


"A proposta é dar voz ao torcedor, levar informação e entretenimento. O atleticano gosta de falar do Galo", explica ao Blog Toque Di Letra. Beto destaca que, atualmente, o único programa ao vivo dedicado ao clube é o Debate Galo, que vai ao ar na WRG na segunda-feira, às 21h. "Neste ano, fizemos um especial com Leonardo Silva. Colocamos o torcedor para falar com ele, ao vivo, por meio do Skype", completa, justificando a proposta 'de torcedor para torcedor'.

Léo Silva: um dos convidados deste ano
(Créditos: Web Rádio Galo/Arquivo Pessoal)

Há quatro anos no ar, a Web Rádio Galo já recebeu cerca de outros 100 convidados, entre eles o atual presidente do clube, Daniel Nepomuceno, o lateral-direito Marcos Rocha, os jornalistas Jorge Kajuru e André Rizek, e ex-jogadores da equipe alvinegra, como Bernard, Marques e os lendários Reinaldo, o Rei, e Dadá Maravilha. "Falar diretamente com o torcedor e ser ouvido, debater, levar emoção nas narrações, é muito gratificante", afirma Beto Guerra, criador da rádio.

Grade de programação

Atualmente, a WRG mantém apenas uma atração na grade: Debate Galo. "Tivemos programas mais descontraídos, um programa para homenagear ídolos atleticanos. Mas, hoje, temos somente o pioneiro, um programa de debate às segundas", diz Beto. Com quase 23 mil seguidores no perfil no Twitter e mais de 28 mil curtidas na página no Facebook, a equipe da web rádio alvinegra trabalha com a expectativa de, em breve, incluir programas informativos diários na grade.

Atual presidente do clube já foi à WRG
(Créditos: Web Rádio Galo/Arquivo Pessoal)

Além da atração semanal, há três anos, a WRG ainda tem se dedicado às transmissões dos jogos do clube alvinegro. "Três de nós somos cronistas credenciados e, desde 2012, trabalhamos em jogos do Galo em casa. Em 2013, começamos a narrar todas as partidas", destaca Beto Guerra, que comanda as jornadas esportivas na rádio ao lado dos comentaristas Kity Bargas ou Eduardo Guerra.

Transmissões de jogos

Transmissões de partidas com mando do Atlético no Independência ou no Mineirão são realizadas nos estádios. No caso dos jogos em que o Galo é visitante, a narração é feita em um estúdio próprio, também usado para a apresentação do debate. Não importa onde, a máxima é falar a linguagem do atleticano. "É de torcedor para torcedor, portanto, eles precisam estar próximos da gente", pontua Beto.


Valor desembolsado pelo clube para contar com Lucas Pratto
supera aquisições de Victor e Maicosuel; André é o mais caro

Vinícius Dias

A julgar pela primeira cartada, Daniel Nepomuceno vai manter a receita de sucesso do antecessor Alexandre Kalil no comando alvinegro: investir alto na contratação de reforços. Anunciado oficialmente na última terça-feira, o atacante argentino Lucas Pratto, de 26 anos, chegou a um acordo com o Atlético após o clube mineiro apresentar uma proposta no valor de US$ 5 milhões ao Vélez Sarsfield.


Com isso, Pratto assume o posto de quarto reforço mais caro da história alvinegra. À frente dele estão André, por quem o Galo pagou € 8 milhões entre 2011 e 2012; Diego Tardelli, que voltou ao clube no ano passado avaliado em € 5,5 milhões; e Guilherme, anunciado em 2011 por US$ 8,5 milhões. Maicosuel, contratado pelo Atlético neste ano por cerca de € 3,3 milhões, é o quinto.

'Era Kalil' domina investimentos

Antes do anúncio do avante argentino, as cinco principais contratações da história do Atlético haviam sido efetivadas na 'era Kalil'. Agora sexto mais caro, o goleiro Victor, contratado por R$ 8 milhões em 2012, integrava a lista dos cinco primeiros.

Reforços mais caros da história*:

André - R$ 19,5 milhões - Dínamo de Kiev/UCR
Diego Tardelli - R$ 15 milhões - Al-Gharafa/CAT
Guilherme - R$ 14,1 milhões - Dínamo de Kiev/UCR
Pratto - R$ 13,4 milhões - Vélez Sarsfield/ARG
Maicosuel - R$ 10 milhões - Udinese/ITA

*Com base na cotação de época

O lado B da capital da bola

Vinícius Dias

Nos últimos anos, Belo Horizonte se transformou em 'capital do futebol'. Afinal, nos dois principais palcos do esporte mineiro, o Mineirão e a Arena Independência, foram construídos os caminhos que levaram o Cruzeiro ao bicampeonato nacional e o rival Atlético às inéditas Libertadores, Copa do Brasil e Recopa. Bem perto dali, contudo, a paixão pela bola se confunde com a falta de recursos. Os sonhos de dezenas de jovens são cultivados por Robertão e João Baiano.

A narrativa foi levada às telas pelo documentário Futebol e Sonhos. Tudo começou quando Fábio César, estudante de Relações Públicas, conheceu o popular Robertão. "A proposta, inicialmente, era mostrar a perspicácia de Paulo Roberto Faustino, que, além de driblar as dificuldades e limitações, dedica sua vida para ajudar o próximo por meio do esporte", afirma Fábio, roteirista do documentário, que foi produzido em parceria com a equipe do Horizontes Periféricos.

Confira o documentário:

Cruzeiro: 2013 ou 2014?

Vinícius Dias

De 1966 a 2003, o cruzeirense esperou 37 anos para voltar a festejar um título brasileiro. O tri e o tetra, no entanto, vieram de forma consecutiva. Com duas campanhas irretocáveis, a Raposa fez história ao conquistar os títulos de 2013 e 2014, ano em que ainda faturou o estadual. Mas, afinal, qual dos dois times foi melhor?

Cruzeiro foi campeão brasileiro em 2013
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Textual)

Com um ataque comandado por Borges, o time celeste disputou 62 jogos em 2013, contabilizando 44 vitórias, oito empates e apenas dez derrotas, com 81 gols de saldo - marcou 136 e sofreu 55. Nesta temporada, com o boliviano Marcelo Moreno, o Cruzeiro entrou em campo 74 vezes. Venceu 46, empatou 16 e perdeu 12, encerrando o ano com um saldo de 68 gols: fez 134 e sofreu 66.

Time celeste foi campeão mineiro invicto
(Créditos: Gualter Naves/Light Press/Textual)

O bicampeonato celeste foi desenhado entre junho e setembro, quando o time comandado por Marcelo Oliveira alcançou uma sequência invicta de 17 partidas - 12 delas, válidas pela Série A. No ano passado, por exemplo, a maior sequência foi de 15 duelos. Também neste ano, o Cruzeiro voltou a comemorar o título estadual (de modo invicto) depois de duas conquistas do arquirrival Atlético.


Nos últimos dias de Cruzeiro, diretor de futebol vai se dedicar
às negociações em curso; novas tratativas cabem ao presidente

Vinícius Dias

Peça-chave na trajetória cruzeirense rumo ao tetracampeonato nacional, o diretor de futebol Alexandre Mattos anunciou, na última terça-feira, dia 09 de dezembro, que vai deixar o clube ao fim da temporada. A sequência de Alexandre no cargo mesmo após a oficialização da saída e a sistemática de trabalho do departamento de futebol até a contratação de um substituto, porém, têm levantado dúvidas. Afinal, qual é, hoje, o papel de Mattos? O que o Cruzeiro planeja para 2015? Em busca de respostas, o Blog ouviu vários personagens celestes.


Antes mesmo do anúncio, um possível fim da 'era Mattos' dividia opiniões nos bastidores. Uma corrente majoritária, reforçada pela bancada italiana, determinante para a chegada de Mattos ao clube, em 2012, ainda buscou demovê-lo da decisão de deixar o cargo. Outra ala, contudo, dava a cisão como natural. A ausência do diretor no sorteio da Copa Libertadores, por exemplo, foi citada como sinal de descompasso. A Conmebol, via Twitter, chegou a confirmar a presença de Mattos.

Mattos: saída anunciada na terça-feira
(Créditos: Light Press/Cruzeiro/Divulgação)

Oficialmente, a saída foi selada em reunião na última terça-feira. Durante o encontro, ainda foi discutida a logística de trabalho até o próximo dia 31, quando se encerra o contrato do diretor. "Em tese, ele perdeu autonomia. Algumas coisas que o Alexandre faria, ficarão para o presidente", explicou uma fonte ligada à diretoria. Novas negociações, por exemplo, já estão a cargo de Gilvan, que terá o apoio do gerente de futebol, Valdir Barbosa, e do supervisor Benecy Queiroz.

Missão de Alexandre

Com isso, a princípio, Alexandre Mattos deve se dedicar exclusivamente às tratativas já em andamento, que incluem três possíveis contratações e as negociações referentes à venda do volante Lucas Silva para a Europa. "Ele já havia participado efetivamente das etapas anteriores e prestará serviço ao clube, sempre compartilhando (decisões) com o presidente", explicou a fonte ao Blog Toque Di Letra.

Benecy Queiroz representou o Cruzeiro
(Créditos: Conmebol/Twitter/Reprodução)

A postura do Cruzeiro na reabertura do mercado foi, justamente, um dos pontos de divergência entre Gilvan de Pinho Tavares e Alexandre Mattos. Enquanto o diretor defendia uma atuação mais arrojada, que resultaria no aumento da folha salarial, o presidente reeleito, apoiado por boa parte da cúpula celeste, reforçava a necessidade promover um corte de gastos. "A folha salarial dos principais clubes do Brasil, hoje, é muito alta", defendeu um conselheiro ligado a Gilvan.

Negociações celestes

Conforme o Blog revelou no dia 02 de dezembro, a Raposa deve negociar pelo menos um atleta titular. Quanto às aquisições, as prioridades são um primeiro volante e um camisa 9 de alto nível. "Dada a saída do Borges, que não teve contrato renovado, e à situação do Moreno, nós temos que buscar um centroavante", assegurou fonte ligada à diretoria. "Redução de custos, também se consegue valorizando a base. Isso o presidente Gilvan tem feito", completou.

Substituto indefinido

Nas últimas horas, chegou a se cogitar que Alexandre pudesse seguir na Raposa mesmo após o anúncio da saída. Situação que Márcio Rodrigues, vice-presidente do clube, nega. "Não há chance de o Mattos seguir", disse ontem. O diretor, que está nos EUA, já acertou detalhes com o Palmeiras, clube ao qual se apresentará em janeiro. Na Toca, ainda não há consenso quanto ao nome do substituto.


Há mais de duas décadas na política, o ex-goleiro falou sobre
CBF, Atlético e Seleção: 'Camisa 1 deveria ser de um mineiro'

Vinícius Dias

Há duas décadas, João Leite trocava as quatro linhas pelos corredores da política. Atleta que mais vezes vestiu a camisa do Atlético - 684 partidas -, ele encerrou a carreira em dezembro de 1992, dias antes de tomar posse como vereador em Belo Horizonte. O sucesso na política, no entanto, não significa distância do futebol. Ele ainda dá palpites. "A camisa 1 da seleção deveria ter um mineiro como titular". E atualmente também propõe. "CBF sediada no Rio de Janeiro perde a isenção". Ele defende a transferência da sede da entidade para Brasília.

João Leite: 684 partidas pelo Atlético
(Créditos: Gilson de Souza/Divulgação)

Aos 59 anos e reeleito para seu quinto mandato como deputado estadual, João Leite falou ao Blog Toque Di Letra sobre Atlético, futebol mineiro, categorias de base e sobre o bom momento vivido pelo filho Helton Leite, camisa 12 do Botafogo. "Profissional muito bem preparado tecnicamente e emocionalmente", pontuou. Também não poderiam faltar elogios a Victor, atual dono da meta atleticana. "É um dos jogadores mais importantes da história do Galo", destacou.

Em 1977, como atleta, você integrou um dos melhores elencos da história do Atlético/MG. Aquela equipe, no entanto, embora tenha terminado o Brasileirão de maneira invicta, perdeu o título para o São Paulo, que somou dez pontos a menos. Você concorda com a afirmação de que os torneios por pontos corridos são, realmente, mais justos?

Sim. Os torneios de pontos corridos premiam a regularidade, valorizam o time que se apresenta melhor ao longo da competição, portanto, são mais justos.
           
Você é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Atlético e, por isso, um dos principais ídolos da história. Como torcedor, você viu outro camisa 1, Victor, ser alçado a essa condição antes mesmo de completar dois anos de clube, devido às atuações na Libertadores. Na sua visão, qual é, de fato, o lugar ocupado por ele na centenária história do Atlético?

Victor é, com toda certeza, um dos jogadores mais importantes da história do Galo. Participou de forma decisiva das conquistas de importantes títulos (pelo clube, o goleiro foi campeão estadual e da Libertadores, em 2013, e da Recopa e da Copa do Brasil neste ano), especialmente da Libertadores da América, e também é um exemplo de atleta, sempre dedicado aos treinamentos e disciplinado.

Embora fosse apontado como um dos principais goleiros do Brasil nas décadas de 1970 e 1980, você recebeu poucas oportunidades na seleção. Semelhante ao que ocorre hoje com Fábio, do Cruzeiro, e Victor, do Atlético. Você considera que, historicamente, goleiros de clubes mineiros são injustiçados?

Eu diria que os atletas de São Paulo e Rio de Janeiro são tratados de forma diferente dos atletas dos demais estados. Tradicionalmente, nesses dois estados estavam os melhores times, os melhores salários, a melhor gestão esportiva, e o fato da CBF estar sediada no Rio contribuiu muito para privilegiá-los. Mas, vendo o desempenho dos times mineiros e gaúchos, constatamos que essa realidade mudou. Eu não tenho a menor dúvida de que a camisa 1 da seleção brasileira deveria ter um mineiro como titular. Eles (Fábio e Victor) são os melhores na atualidade.

Desde a reinauguração do Independência, em 2012, o Atlético tem números impressionantes no estádio, com 79% de aproveitamento. Curiosamente, no entanto, quatro dos cinco títulos do clube nesse mesmo período foram conquistados no Mineirão. Para você, qual é, de fato, a casa do Atlético?

O Atlético possui um time muito forte e competitivo. Ele está preparado para conquistar títulos em qualquer estádio, a despeito da torcida adversária.

Há algum tempo, você tem sido um dos principais personagens de um debate que defende a mudança da sede da CBF - entidade que rege o futebol brasileiro - do Rio de Janeiro para Brasília. Qual é o principal argumento dessa proposta?

A CBF sediada no Rio de Janeiro perde a isenção para contrariar interesses dos times cariocas. O mesmo acontece com os árbitros. Em 1980, o Atlético disputou com o Flamengo, em Goiânia, uma vaga para a na fase final da Libertadores. A CBF escalou um árbitro carioca (José Roberto Wright) que viajou junto com a delegação do Flamengo e expulsou cinco jogadores atleticanos. A CBF deveria estar sediada em Brasília.

Seu filho, Helton, foi um dos heróis da vitória do Botafogo sobre o Corinthians, por 1 a 0, na 28ª rodada da Série A. Instantes após a partida, você recebeu centenas de mensagens por meio das redes sociais. As comparações, obviamente, foram inevitáveis. De alguma forma, você acha que elas têm impacto sobre a carreira do Helton? Como minimizá-lo?

Certamente que, por nós dois termos muito em comum, vai haver sempre essa associação, mas, hoje, Helton é um profissional muito bem preparado tecnicamente e emocionalmente, está apto a trilhar sua vida profissional com muita segurança, sobretudo pela fé que ele tem em Jesus Cristo.

Nesses últimos anos, as falhas no processo de formação de atletas têm sido apontadas como uma das explicações para o insucesso do futebol nacional. Como você vê o trabalho realizado nas categorias de base do país, sobretudo, a partir das relações da tríade atletas, empresários e clubes?

O futebol brasileiro precisa de passar por uma mudança geral. Precisamos de aprimorar todos os profissionais envolvidos com o futebol: técnicos, atletas, dirigentes, árbitros. Pela importância socioeconômica que o futebol representa para o país, esse nosso amado esporte deveria ser ensinado em universidades para todos os profissionais, dando-lhes uma qualificação compatível com o um esporte de alto rendimento. Essa já é uma realidade no futebol europeu.


Volante falou sobre Cruzeiro, racismo, Seleção, Alemanha e
base: 'O jogador confia mais no empresário do que no clube'

Vinícius Dias

Dia 18 de abril de 2012. Na apresentação, a promessa: fazer história. Aos 34 anos, Tinga foi um dos primeiros pilares do projeto de remontagem do elenco celeste, que, há cinco meses, havia lutado contra o rebaixamento. Dia 23 de novembro de 2014. 30 meses depois, o volante dava a terceira volta olímpica com a camisa da Raposa. "O diferencial do Cruzeiro é cada detalhezinho, o respeito com todos os atletas, funcionários", destacou ao Blog Toque Di Letra, na tarde seguinte ao título brasileiro, selado com a vitória diante do Goiás.

Tinga: pilar dentro e fora dos gramados
(Créditos: Pedro Vilela/Light Press/Textual)

O porto-alegrense, ídolo de Grêmio e Internacional, adorado na Alemanha, referência no Cruzeiro, personifica a definição de campeão. Na Toca, é um dos mais queridos. "Tenho uma relação extremamente positiva com todos os atletas e com a comissão técnica", contou. Tinga, de 36 anos, também falou sobre categorias de base no país, seleção nacional, futebol alemão e racismo no esporte. "A gente não pode querer que seja diferente do que acontece no dia a dia", pontuou.

A trajetória de grande parte dos principais esportistas brasileiros é permeada por obstáculos. A sua não fugiu muito à regra. Você crê que as dificuldades que viveu logo no início contribuíram para sua afirmação profissional?

Com certeza, contribuíram. Acho que essas dificuldades, esses obstáculos que a gente enfrenta não só no esporte, mas na vida, são importantes para que a gente possa, de repente, ter um equilíbrio, uma postura de vencer e também saber conviver com os momentos difíceis, principalmente no futebol, em que a gente sabe que no domingo é uma coisa, na quarta é outra. Então, essas dificuldades acabam nos familiarizando com os altos e baixos que tem dentro da carreira.

Em fevereiro, você foi vítima de um ato racista durante um jogo da Copa Libertadores, no Peru. Em março, foi a vez do árbitro Márcio Chagas. A vítima, em agosto, foi Aranha, goleiro do Santos. Existe receita para pôr fim ao racismo (e ao preconceito) no esporte? Por que ainda não foi colocada em prática?

Eu acredito que a receita para qualquer tipo de ignorância, de violência, dificuldade, para qualquer coisa que possa ser contra o desporto ou fora de regra, é baseada na educação. Então, a gente não pode querer que no futebol seja diferente do que acontece no dia a dia. Vivemos um momento de muita falta educação, de muita violência e, com certeza, se isso ocorre no dia a dia, também vai ocorrer no futebol. Acredito que isso deva ser tratado como um todo, mudar em todos os sentidos. O único modo de isso ser amenizado e melhorado a cada dia, a cada tempo, é a partir da educação.

Depois de sete anos de preparativos, a seleção brasileira fracassou na Copa de 2014 frente à Alemanha, culminando em uma histórica goleada por 7 a 1. Para você, que viveu o dia a dia do futebol local quando atuou em Dortmund, em quê o exemplo alemão pode servir para o Brasil rumo a 2018?

Cheguei à Alemanha em meio à Copa de 2006 e vim embora em 2010. Então, eu peguei praticamente quatro anos, da Copa que eles fizeram em casa à preparação para ir para à África (do Sul, em 2010). Eu acompanhava, porque no Borussia tinham muitos jogadores de seleção. A gente sempre notou a diferença no sentido de uma paciência de quem estava dirigindo, por parte da imprensa, por parte do povo, com a equipe. Porque a Alemanha venceu agora, mas perdeu várias vezes e em nenhum momento mudou sua maneira de trabalhar, seus comandantes.

Então, o exemplo mais claro seria esse (da paciência). É uma das coisas que a gente não consegue conviver nem mesmo nos clubes. O treinador perde três, quatro partidas, já vai embora, e isso estava, automaticamente, se transferindo para a nossa seleção, também. Em três, quatro anos, nós tivemos quatro, cinco treinadores, e isso representa uma grande dificuldade. Acho que a melhor coisa a se pegar do alemão é ter essa paciência e confiança no trabalho.

Nesses últimos anos, as falhas no processo de formação de atletas têm sido apontadas como uma das explicações para o insucesso do futebol nacional. Como você vê o trabalho realizado nas categorias de base do país, sobretudo, a partir das relações da tríade atletas, empresários e clubes?

Vejo de uma forma bem diferente da época em que eu estava na base. Há um distanciamento muito grande entre jogador e clube. O grande mérito sempre foi dar identificação, mas hoje o jogador tem mais confiança no empresário, no dono do passe, quem quer que seja, do que no próprio clube. Essa ligação de formação com o clube já se perdeu há um bom tempo. O jogador sabe que ele depende mais do dono do passe ou do empresário do que do clube. E o clube, automaticamente, acaba também não tendo carinho, nem aquele que tratamento de antigamente, de cuidar daquilo que é seu. Hoje, não se sabe se o jogador que está jogando ali é do clube.

Essa (perda de) identificação tem feito uma diferença muito grande. Hoje, em uma entrevista, o próprio jogador diz que pensa em jogar no Barcelona, no Chelsea, na Alemanha, antes mesmo de pensar em jogar no clube em que está. Porque é essa a mentalidade que ele escuta, que o empresário e o investidor passam, de ficar no clube um ano e ir embora, jogar lá, jogar cá, então perde essa identificação. Antigamente, a primeira coisa que a gente queria era jogar no clube da nossa cidade. No meu caso, que sou gaúcho, o sonho era jogar no Internacional, no Grêmio. Hoje, não. A primeira coisa que o menino fala, aos 10 anos, é em Barcelona, Real Madrid.

Em três anos de Cruzeiro, você viveu duas fases muito distintas. A princípio, em 2012, você foi peça-chave no projeto de remontagem do elenco depois de a equipe ter lutado contra o rebaixamento em 2011. Em 2013 e 2014, você acabou sendo menos acionado, mas integrou um grupo que bateu recordes e empilhou títulos. Qual é o segredo desse Cruzeiro?

Não tem como ter um único segredo dentro do futebol. Não tem uma coisa que faça um grupo ter história. Acho que é uma série de coisas, e o Cruzeiro tem essa série. Tem uma diretoria ativa, moderna, uma comissão técnica com bastante vontade de trabalhar, que tem alegria, não está naquela fase de 'saco cheio' do trabalho, então isso também é muito favorável. Mas acredito que o principal seja o material humano. Não adianta ter toda essa tecnologia, toda essa evolução, toda essa vontade... se não tiver jogadores, você não consegue chegar a lugar nenhum.

O Cruzeiro, a partir de toda essa preocupação da diretoria e da comissão técnica, conseguiu formar um grupo que fez a diferença em dois anos, principalmente quando se trata de um campeonato de pontos corridos, no qual você tem que ter maior número de jogadores de qualidade, porque são muitos jogos, muitas lesões. Então, acredito que esse tem sido o diferencial do Cruzeiro, cada detalhezinho, o respeito com todos os atletas, funcionários. Não tem somente um segredo, até porque, se tivesse, todos ficariam em primeiro.

Em diversas ocasiões, durante as campanhas vitoriosas de 2013 e desse ano, você foi citado como um dos líderes do elenco. No dia a dia, como você exerce esse papel. E, principalmente, como é a sua relação com o Marcelo Oliveira, que foi muito contestado no início e agora é quase unanimidade?

Eu tenho uma relação extremamente positiva com todos os atletas e com a comissão técnica. Há uma confiança, um entendimento. Isso leva um tempo... para conhecer melhor o outro, conhecer a sinceridade de cada profissional.  Vejo muita sinceridade e muita vontade no trabalho deles, assim como eles veem no meu dia a dia, no meu trabalho. E em relação aos jogadores, as pessoas acham que é muito fácil, que o segredo para se tornar campeão é fazer um grupo com 20, 30 jogadores de qualidade. Mas eu te digo que é muito difícil fazer isso, ter mais de 20 jogadores de qualidade, bem remunerados, com história, que já tiveram passagens por Europa, seleção e foram campeões por onde passaram.

É muito difícil ter essa convivência e fazer com que a vaidade não chegue perto desse grupo. Então, eu acho que o maior diferencial que a gente exerce ali dentro é ter esse cuidado para que se possa entender que, no fim das contas, quando se consegue o objetivo, todos são valorizados. Automaticamente, aqueles que são protagonistas do momento, do ano, acabam sendo valorizados mais individualmente. Um vai para a seleção, outro é vendido. São coisas que eu também já vivi, então a gente entende. O mais importante é conscientizar o grupo de que todos são valorizados quando se consegue uma conquista.

Em janeiro de 2015, você vai completar 37 anos - 18 deles, vividos no futebol. Seu contrato com o Cruzeiro vai até 30 de abril. Como está o Tinga fisicamente? Quais são os seus planos para o futuro? A sensação é de dever cumprido?

Assim como fiz em todos os clubes, espero cumprir o contrato aqui. Falar de mim fisicamente, hoje é um pouco complicado, porque venho de uma cirurgia (na perna direita, realizada em agosto). A única coisa de que eu tenho certeza é a minha parte física, orgânica, que é uma coisa que nunca perdi. Sempre estive entre os primeiros em todos os clubes que passei, nos testes físicos, então isso não seria problema. O problema é ver como eu vou estar após a lesão. Estou em um clube em que, graças a Deus, tenho o respeito e o carinho de todos e tenho tranquilidade para me recuperar. Com certeza, tendo condições, eu continuo. Se não tiver, serei o primeiro a entender isso.

Sempre tive convicção de que o dia de parar não será a imprensa, nem os outros que vão definir. Se eu sentir que devo jogar, mesmo que digam o contrário, seguirei jogando e vice-versa. A decisão é muito pessoal e consciente, no sentido de que a gente tem que entender o que está fazendo dentro do que se pede hoje no futebol. E o jogador, mais do que qualquer outra pessoa, sabe aquilo que está rendendo e o que pode render. Eu tenho orgulho de poder dar o meu 'stop' no momento em que eu não estiver acompanhando o futebol da maneira como ele está. Até hoje, graças a Deus, a idade não tem feito a diferença, mas agora é esperar após a lesão.

O Cruzeiro chega a 2015 depois de um bicampeonato brasileiro. De forma natural, o torcedor vai cultivar a expectativa por campanhas históricas como foram as de 2013 e 2014. Como o clube e o elenco celeste devem conviver com a pressão por resultados e conquistas, mas, ao mesmo tempo, não rotular qualquer resultado considerado adverso como fracasso?

Isso é natural, não tem como mudar. Normalmente, os clubes vencedores, de tradição, entram todo ano com essa cobrança. No Cruzeiro, por ganhar dois (brasileiros), a torcida imagina, e nós jogadores também temos que imaginar por tudo que a gente tem feito, que temos condições de ganhar principalmente a Libertadores. É um sonho de todo mundo, e o Cruzeiro, que já ganhou duas vezes, com certeza pensa em ganhar a terceira. Então, acredito que seja natural. Todos os outros clubes pensam em entrar para ser campeões, imagina o Cruzeiro, que fez duas temporadas maravilhosas. Mas entender que acreditar não é garantia de ganhar é uma coisa que, naturalmente, é difícil.

É uma coisa cultural. Agora, depois de muitos anos, que a gente está começando a valorizar o segundo, o terceiro. Foi uma luta de muitos anos, não tinha isso. Nós sempre valorizamos o primeiro, e o segundo era como se fosse o primeiro dos últimos. Quem chegava a uma final e não ganhava, também era desvalorizado. Hoje, com o sistema de pontos corridos, há uma tendência de se valorizar aqueles clubes que fazem bons trabalhos, mas não conseguem ficar em primeiro. Aos poucos, o torcedor vai entendendo que, ao fim da temporada, chegar à Libertadores também é positivo. Mas é natural imaginar que nós temos uma pressão muito grande para atingir as vitórias, principalmente se for mantida a base de trabalho.