Alex, Gladstone e Zezé Perrella revelam detalhes da preleção
que antecedeu o título do Cruzeiro na Copa do Brasil em 2003

Vinícius Dias

Dia 11 de junho de 2003. Na preleção, na Toca II, cada atleta cruzeirense recebe um pacote. O jovem zagueiro Gladstone, de 18 anos, recebe dois. "Abram os pacotes... Menos você, Gladstone", ordena o técnico Vanderlei Luxemburgo. Horas depois, o sorriso do estreante da noite estampava a satisfação. Ao lado de figuras como o meia Alex e o vice-presidente Zezé Perrella, ele festejava o título da Copa do Brasil, conquistado com a vitória ante o Flamengo, por 3 a 1, no Mineirão. Após 11 anos, aquele dia segue vivo nas memórias do trio.


"Não podemos falar da partida final sem falar da primeira partida, três dias antes, no Maracanã", pontua Alex, autor de um golaço de letra no empate por 1 a 1. "Fizemos uma partida equilibrada, porém tivemos várias perdas (para o jogo decisivo)", recorda. Os zagueiros Edu Dracena e Thiago, que haviam recebido o terceiro amarelo, desfalcariam a equipe na volta. Ao fim do jogo, Vanderlei entra em cena: invade o gramado e protesta contra o árbitro Carlos Eugênio Simon.

No Maracanã, Alex marcou gol de letra
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

"No vestiário, Luxa reuniu o time e falou que começamos a ganhar o título ali", conta Alex. "Voltando para Minas, ninguém falava da falta dos nossos zagueiros. O que ele queria, tirar o foco dos atletas e passar para ele, foi alcançado", acrescenta. Com o retorno de Luisão confirmado, era hora de definir o substituto de Dracena. No papo com Aristizábal, Alex e Luisão, o técnico revelou a dúvida: improvisar o volante Jardel ou escalar Gladstone, recém-promovido da base. "Chamamos o Gladstone e perguntamos como ele estava", revela Alex.

Gladstone: estreia na final

A segunda opção foi a escolhida. O zagueiro, aos 18 anos, mal conseguia esconder o nervosismo. A estreia na equipe profissional tinha data e hora marcadas: 11 de junho, às 21h45, diante de um Mineirão com mais de 80 mil pessoas. "O momento era tenso para mim, que, com tão pouca idade, iria estrear em um jogo daquela importância", reconhece Gladstone. Havia chegado a hora da preleção, e Luxemburgo tentaria acalmar os ânimos do mais novo titular.

Cruzeiro é tetra: Gladstone comemora
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

Deu certo. "Vanderlei gostava muito de usar a psicologia. Foi fundamental para deixar o garoto bem mais tranquilo. Mexeu com os nervos dele e ele acabou indo muito bem", destaca Zezé Perrella, vice-presidente do clube à época. Os misteriosos pacotes surgiram durante o discurso motivacional. "Abrimos e tinham aquelas faixas vendidas pelos camelôs antes de jogos decisivos", diz Alex. "Coloquem no pescoço, porque seremos campeões". Foram as palavras de Luxemburgo.

'Sai campeão ou sai cag...'

Gladstone, então, abriu os dois pacotes. No primeiro, a faixa de campeão. No outro, uma fralda. "Agora, você escolhe: 'sai do Mineirão campeão ou sai cag...'", disse Vanderlei ao defensor. "O Aristizábal pegou a fralda das mãos do Glad, jogou no chão e gritou: 'ele vai ser campeão junto com a gente'", recorda Alex. Dali, a delegação partiu para o Mineirão. No minuto inicial, 1 a 0. Aos 28', o Cruzeiro já vencia por 3 a 0. Na segunda etapa, o Flamengo descontou aos 16'.

Alex: maestro celeste de sorriso largo
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

"Aquela preleção foi de suma importância para poder quebrar o gelo", fala Gladstone. "E depois que entrei em campo, não senti mais peso nenhum, somente muita confiança", revela o zagueiro. "Confesso que os bastidores desse jogo foram mais emocionantes que a própria partida. Os bastidores foram cinco dias. A partida nós decidimos em 25 minutos", completa Alex. Nesta quarta, o meia do Coritiba e o zagueiro do Gil Vicente, de Portugal, reforçam o time dos telespectadores.

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