De
ex-goleiro do São Paulo a meia reprovado em teste no Vasco,
competição
reúne atletas com histórico no futebol convencional
Vinícius Dias
Marcada
por trajetórias de vida emocionantes, como a da velocista Terezinha Guilhermina, a
delegação que representa o Brasil nas Paralimpíadas também conta com histórias
de atletas que tinham o futebol convencional como alvo antes de ingressarem no
paradesporto. O Blog Toque Di Letra reuniu
três casos, incluindo duas carreiras interrompidas por acidentes. A meta do
Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é alcançar o quinto lugar no quadro de
medalhas, garantindo a melhor participação da história.
Da meta são-paulina à vela
Campeão
mundial pela seleção brasileira sub-17, em 2003, o goleiro Bruno Landgraf era
apontado nos bastidores do São Paulo como sucessor natural de Rogério Ceni. Um
acidente automobilístico em agosto de 2006, no entanto, marcou o fim da
carreira no futebol e do sonho de defender a meta do país nas Olimpíadas. Dois
dos passageiros morreram. Landgraf se salvou, mas teve de superar cirurgias, um
longo período de internação e também o diagnóstico de tetraplegia para encontrar
um novo caminho.
Ex-goleiro durante visita ao Morumbi (Créditos: Michele Barcena/Bendita Imagem) |
Desde
2009, o ex-goleiro participa de disputas de vela adaptada, esporte em que
representou o Brasil na edição de Londres, em 2012. Hoje, com mobilidade
parcial dos membros superiores, o paulistano, de 30 anos, compete ao lado da
paranaense Marinalva de Almeida na classe SKUD-18. Depois de conquistar o
bronze na Welcome to Rio Regata, em junho, a dupla estreia na segunda-feira nos
Jogos Paralímpicos em busca da primeira medalha brasileira na história da
modalidade.
Promessa do tênis de mesa
Em
outubro de 2007, a meio-campista Cátia Oliveira era um dos destaques da equipe de
futebol feminino de Botucatu, no interior de São Paulo, e estava prestes a ter
o nome confirmado na lista da seleção brasileira para a disputa do Mundial
sub-17, no Chile. Horas antes da convocação que marcaria a realização do sonho,
entretanto, os planos e a vida tiveram uma reviravolta. Um acidente de carro
deixou a atleta, que à época tinha 16 anos, paraplégica. Terminava ali a
história no futebol.
Cátia festeja ponto no tênis de mesa (Créditos: Alexandre Urch/MPIX/CPB) |
Passados seis anos, com a raquete nas mãos, a cerqueirense decidiu
recomeçar. A opção foi pelo tênis de mesa e, dessa vez, não houve nenhum
obstáculo capaz de tirá-la da seleção brasileira. Competindo na classe TT2 -
atletas cadeirantes -, Cátia Oliveira conquistou ouro individual e prata por
equipes no Parapan-Americano de Toronto, em 2015. Eleita a melhor mesatenista
do Brasil na última temporada, ela ainda disputará a competição por equipes nas
Paralimpíadas.
Número 1 da modalidade
Apelidado
de Robinho pelo futebol marcado por dribles rápidos e lances de efeito,
Wanderson Oliveira já foi eleito o melhor jogador do mundo de futebol de 7 duas
vezes. Aos 29 anos, ainda tem no currículo a medalha de ouro nos Jogos
Parapan-Americanos de Toronto, em 2015. O meio-campista é o principal nome da
seleção brasileira, que estreou com triunfo diante da Grã-Bretanha, por 2 a 1,
e voltará a campo contra a Irlanda, na noite deste sábado.
Wanderson foi reprovado em testes (Créditos: Daniel Zappe/MPIX/CPBB) |
A
modalidade disputada por jogadores com paralisia cerebral, no entanto, surgiu
como alternativa para Wanderson em 2007. Antes, o carioca tentou se
profissionalizar no futebol convencional, passando por testes no Vasco e em equipes
do interior do Rio de Janeiro, mas acabou reprovado. Atleta da Associação
Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), o Robinho do futebol paralímpico
tem o braço direito comprometido e pertence à classe C8, a de menor grau de
deficiência.
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