Segundo levantamento, América, Atlético e Cruzeiro já escalaram
126 atletas na temporada, superando índice do último ano em 15%

Vinícius Dias

A cerca de três meses do fim das competições de 2016, América, Atlético e Cruzeiro já levaram a campo mais jogadores do que durante todo o ano passado. De acordo com levantamento realizado pelo Blog Toque Di Letra, os três clubes de Belo Horizonte, somados, já testaram 126 atletas nesta temporada - em 2015, foram 109. De lesões em série a apostas equivocadas no mercado, passando por convocações para seleções, diversos fatores explicam a alta rotatividade.


Dos 126 escalados em pelo menos uma partida entre janeiro e setembro, 35 já deixaram os elencos, o que corresponde a 27,8%. Esse índice supera o de aproveitamento de jogadores com passagem pelas respectivas categorias de base, por exemplo. Em meio ao constante entra e sai, dois atletas fizeram a estreia na temporada há apenas 26 dias: o volante Denílson, do Cruzeiro, e o atacante Nilson, do América, acionados pela primeira vez na 22ª rodada do Campeonato Brasileiro.

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Antes de analisar especificamente a situação da Raposa - equipe que, conforme os dados do levantamento, utilizou 43 jogadores neste ano -, o diretor de futebol Thiago Scuro fez uma observação sobre o cenário nacional. "O futebol brasileiro deveria restringir o número de jogadores inscritos em todas as competições, como acontece nas ligas europeias. Como aqui não existe limite, essa cultura dos clubes de contratar a temporada inteira permanece, o que facilita tanto (a rotatividade nos elencos)".

Coelho: 30% já deixaram elenco

Somados os períodos de Givanildo Oliveira, Sérgio Vieira e Enderson Moreira, atual treinador, o América já aproveitou 40 atletas, dois a mais do que em todo o ano passado. Desses, 12 já deixaram o CT Lanna Drummond. "Algumas contratações realmente não renderam aquilo que era esperado, e nós fomos atrás de melhorias no elenco. Foi a saída, mas não era planejado ter essa quantidade de jogadores contratados", reconhece Euler Almeida, um dos presidentes do clube.

Matheusinho: prata da casa em destaque
(Créditos: Carlos Cruz/América FC/Divulgação)

Embora em termos de elenco o Coelho cumpra a meta de ter 30% de pratas da casa entre os profissionais, a presença em campo segue aquém. Apenas sete atletas formados na base atuaram - 17,5% do total. "Precisamos ter cautela para lançar esses jogadores, principalmente em um campeonato difícil como a Série A", justifica o dirigente. "Temos os goleiros Jory e Glauco, (os volantes) Makton e Renato Bruno, que ainda não tiveram oportunidades, mas vêm sendo relacionados", completa.

Atlético: rotatividade crescente

O Atlético é o clube belorizontino que, na comparação com a temporada passada, registrou maior aumento no número de atletas acionados: de 32 para 43, o que sinaliza crescimento de 34,4%. "Isso se deve a uma série de fatores, entre eles o grande número de lesões que a gente teve neste ano. O Atlético precisou recorrer muito não só aos considerados suplentes como aos jogadores das categorias de base", comenta à reportagem o diretor de comunicação Domênico Bhering.

Urso e Robinho: caras novas de 2016
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Em nove meses, Diego Aguirre e Marcelo Oliveira testaram 15 pratas da casa nas escalações, representando 34,9% do total. O clube alvinegro foi o que menos negociou jogadores aproveitados anteriormente: dez saídas. Por outro lado, entre as peças que seguem no elenco, sete foram desfalques por convocações para seleções no ano. "Você tem de montar um elenco baseado na possibilidade de lesões, de convocações e ainda precisa ter força para superar o calendário brasileiro", diz Bhering.

Raposa: um a cada três da base

Registrando alta rotatividade, a exemplo de 2015, o Cruzeiro divide a liderança com o Atlético neste ano. Da estreia diante do Criciúma, em janeiro, ao duelo com o Botafogo, na quarta-feira, 43 atletas foram a campo - superando os 39 da temporada passada. Desses, 13 já deixaram o elenco. Somados os trabalhos de Deivid, Paulo Bento e Mano Menezes, o clube também teve alto percentual de utilização da base: 14 nomes com passagem pela Toca da Raposa I foram aproveitados: 32,5% do total.

Élber e Alisson: base forte no Cruzeiro
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Diante dos números citados, o diretor de futebol Thiago Scuro pontuou o planejamento celeste. "O Cruzeiro deu continuidade a um projeto de renovação do elenco dentro de uma realidade financeira que enfrentamos em 2016. É preciso lembrar que as receitas de patrocínio, bilheteria e venda de atletas no futebol caíram muito nos últimos meses, o que dificultou a contratação de grandes estrelas e, por isso, tivemos também que apostar mais na promoção de jovens da base".

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