Além dos 22 mil que irão ao Independência, milhões de atleticanos
e cruzeirenses estarão ligados em decisão; mobilização já começou

Vinícius Dias

Com ingressos esgotados, Atlético e Cruzeiro entram em campo neste domingo para a final do Campeonato Mineiro. Além dos 22 mil torcedores que ocuparão as arquibancadas da Arena Independência, o clássico mudará a rotina de milhões de alvinegros e celestes Brasil e mundo afora. Na contagem regressiva, o Blog Toque Di Letra ouviu quatro grupos que se reunirão em diferentes locais com um objetivo em comum: assistir à partida que apontará o campeão estadual. Líder da primeira fase, o time de Roger Machado tem a vantagem e precisa de um empate. No caso dos comandados de Mano Menezes, a única alternativa é a vitória.


Será madrugada de segunda-feira na Oceania quando Vladimir Costa e os integrantes do consulado Galo Austrália darão início à movimentação no Cheers Bar, em Sydney. Com fuso-horário 13 horas à frente do belorizontino, os atleticanos acompanharão o clássico a partir das 5h. "A expectativa é a melhor possível. Estamos confiantes no título", destaca o líder do grupo. "Combinamos de nos encontrar às 4h. O jogo acabará às 7h da manhã. Alguns irão direto para o trabalho, enquanto outros já preferiram pegar o dia livre, o chamado day-off, por aqui", completa.

Sydney: clássico durante a madrugada
(Créditos: Consulado Galo Austrália/Arquivo)

Além de Sydney, o consulado realiza encontros em cidades como Adelaide, Brisbane e Melbourne, reunindo 15 torcedores, em média. O recorde é de 2014, na final da Copa do Brasil: 27 atleticanos. Para alimentar a paixão, no entanto, é preciso superar barreiras. "Na Libertadores e na Copa do Brasil, os jogos são sempre no horário comercial", exemplifica Vladimir. "A maioria está trabalhando. Os que se juntam a nós para assistir geralmente avisam no trabalho que estão doentes e não vão comparecer no dia seguinte. Aqui, a expressão atleticano doente funciona ao pé da letra".

Tarde com churrasco e tropeiro

Em meio ao clima de clássico, o consulado Galo Pará também terá um domingo especial. A tradicional reunião no Rusty Pub, em Belém, dará lugar a um churrasco na casa de um dos membros. "Com direito ao velho e bom tropeirão", antecipa o líder Rafael Peron. "Nossa mobilização começou no início da semana. Será um encontro de confraternização e, se Deus quiser, de muita alegria com nosso Galão", comenta. Os laços alvinegros estão até nos números: a média é de 13 atleticanos por encontro. "13 é Galo, né?". Em grandes jogos, o grupo reúne 30 torcedores.

Em Belém, discurso é de otimismo
(Créditos: Consulado Galo Pará/Arquivo)

Lançado em 2015, tendo como base reuniões de torcedores que, em alguns casos, já ocorriam desde 2001, o projeto dos consulados do Galo marca presença em 36 cidades brasileiras e 16 países. "É o Galo sem fronteiras. A maior e melhor rede mundial de interação e relacionamento de um clube de futebol brasileiro", garante Custodio Pereira Neto, uma das lideranças. Em 2016, cerca de dois mil encontros reuniram 50 mil atleticanos em quatro continentes. Resultado de uma proposta baseada no relacionamento e constantemente aprimorada. "Não basta exibir os jogos. É preciso receber e tratar muito bem todas as pessoas", completa.

Projeto busca reunir torcedores

Do lado celeste, milhares de torcedores assistirão ao clássico deste domingo em unidades do projeto redutos cruzeirenses. "Temos a maior torcida fora do eixo e, consequentemente, representantes em várias localidades fora do estado e até do país. Sempre me incomodou o fato de saber disso, mas, ao mesmo tempo, isso não ser demonstrado", destaca o idealizador Michel Sáber. Embora recente, a iniciativa tem alcançado números expressivos. "Em dez meses, foram quase 20 unidades fundadas. No próximo ano, esperamos um crescimento de 150%. Já estamos em conversas com o clube sobre um apoio, o que seria fundamental", comemora.

No Maranhão, reduto terá casa cheia
(Créditos: Arquivo Pessoal/Paulo Azevedo)

Em São Luis, a União Azul da Ilha (UAI) - o nome lembra o fato de a capital maranhense estar situada em uma ilha - já deu início à mobilização por meio do WhatsApp. "Esperamos reunir entre 25 a 35 membros para acompanhar o maior de Minas e ganhar novamente o título", afirma Paulo Azevedo, líder do grupo que, em 2014, chegou a reunir 70 cruzeirenses por jogo. Hoje, o ponto de encontro é o Assado Mineiro. "O espaço abre somente às sextas à noite, sábados e domingos para o almoço. Mas, quando há jogos fora desses dias e horários, é gentilmente cedido para a UAI", completa.

Sete mil quilômetros de paixão

Mesmo quando a distância física supera os 7,4 mil quilômetros, a paixão pelo azul e branco é sinônimo de emoções compartilhadas. Esse é o caso dos torcedores do estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos, que assistirão à decisão do Campeonato Mineiro no Gandares Bar, na cidade de Newark. "Em todos os jogos, seja qual for o horário, nos reunimos", comenta Joãozinho Filho, que lidera o reduto ao lado do irmão Júlio Ferreira. "Dependendo da importância do jogo, temos de 50 a 60 cruzeirenses, em média. Em 2013 e 2014, chegamos a ter lotação total (300 pessoas)".

Clube celeste inspira reuniões nos EUA
(Créditos: Arquivo Pessoal/Joãozinho Filho)

Neste domingo, o bar abrirá às 11h30 do horário local - 12h30 em Belo Horizonte. "Como estamos a apenas uma hora de diferença, o fuso-horário não interfere muito. A partir do meio-dia, já estaremos lá colocando nossas bandeiras", assegura. Confiante, o torcedor acredita que o time comandado por Mano Menezes será campeão. "Nossa expectativa é óbvia por uma vitória do Cruzeiro pelo futebol que vem apresentando".

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