Número de lesões
musculares caiu 74,3% em relação à temporada
anterior; 'Brasil é
referência mundial na área', afirma fisiologista
Vinícius
Dias
O
empate por 0 a 0 entre Paços Ferreira e Marítimo, no último sábado, teve sabor
de vitória para Matheus Fontes. Mesmo não tendo entrado em campo em nenhuma das
34 rodadas do Campeonato Português, o belorizontino, de 33 anos, foi decisivo
para que os Leões da Madeira voltassem a conquistar uma vaga na Liga Europa após cinco
temporadas. Primeiro fisiologista da história do clube, o profissional agora
colhe os frutos de um projeto inovador no futebol lusitano. "Trabalhar em
Portugal tem sido uma experiência enriquecedora", destaca ao Blog Toque Di Letra.
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Matheus
Fontes chegou ao Marítimo no início da temporada 2016/2017, a convite de Paulo
César Gusmão. "Acertamos que faríamos uma grande modernização no clube.
Foi adquirido e implementado o sistema de GPS e termografia, trouxemos
equipamentos de ponta. O Marítimo foi o único clube português a aplicar a
termografia, além de criar um banco de dados sobre carga de treinamentos e demanda de jogos", revela. Após quatro derrotas em cinco rodadas, no entanto, o
treinador foi demitido. "Com a chegada do Daniel Ramos, o objetivo era seguir na elite", emenda.
Matheus Fontes em jogo do Marítimo (Créditos: Arquivo Pessoal/Matheus Fontes) |
O
sucesso foi além do sexto lugar, coroando a segunda melhor campanha na década.
"De 35 lesões musculares na última temporada, tivemos nove neste
ano", comemora o fisiologista. "Com o monitoramento sistemático e
individualizado, foi possível estabelecer valores para diversos parâmetros.
Quando um atleta apresentava desequilíbrio de carga, a comissão técnica era
alertada, os dados cruzados e, consequentemente, o treinamento modificado ou
retirado para evitar a lesão. Esse diálogo foi fundamental para que a incidência
de lesões diminuísse".
Experiências em Brasil e Portugal
Os 12
meses no futebol português foram suficientes para Matheus Fontes notar
diferenças em relação ao Brasil. "Em Portugal, discute-se muito o jogo,
ações táticas, comportamento dos atletas nas fases de defesa, ataque e
transições. Os padrões são analisados por treinadores e imprensa, mas o aspecto
físico muitas vezes não é levado em consideração", detalha.
"Entretanto, foi muito interessante perceber que, na ciência do esporte,
existe uma lacuna grande. É um campo de atuação a ser desbravado. O Brasil é
uma referência mundial nessa área".
Brasileiro implantou banco de dados (Créditos: Arquivo Pessoal/Matheus Fontes) |
No
Marítimo, o fisiologista teve a oportunidade de trabalhar com um elenco formado
por jogadores de 14 nacionalidades - ao longo da temporada, 13 brasileiros foram acionados. Número recorde em 11 anos de carreira, incluindo passagens pelas ligas chinesa e dos Emirados Árabes. "A experiência aqui me mostrou,
principalmente, que no Brasil é preciso apenas um pouco de organização e maior
diálogo entre os profissionais para voltarmos a ser referência", garante
o belorizontino, que, no futebol nacional, trabalhou em clubes como Botafogo e
Cruzeiro.
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