Entusiasmo de Perrellas contagia Masci

Vinícius Dias

A presença no encontro da chapa Tríplice Coroa, no último sábado, na residência de Zezé Perrella em Belo Horizonte, confirmou a adesão de César Masci ao grupo. A possibilidade já havia sido revelada pelo Blog Toque Di Letra em meados de junho. Presidente do clube celeste entre 1991 e 1994, o italo-brasileiro chegou a lançar sua pré-candidatura, mas não participará do pleito, que deve ocorrer em outubro.

Masci ao lado de Alvimar e Zezé Perrella
(Créditos: Chapa Tríplice Coroa/Divulgação)

De acordo com fontes ligadas à campanha, 185 conselheiros marcaram presença. "A meu ver, é o grupo mais preparado para enfrentar os desafios que virão no próximo ano", destaca. Na visão de Masci, um dos principais momentos do encontro foi o entusiasmo demonstrado pelos irmãos Zezé e Alvimar Perrella, dois dos principais apoiadores do advogado e candidato Sérgio Santos Rodrigues, em seus discursos.


Criado durante passagem do xará brasileiro pela África no Mundial
de 2013, Atlético Tete assumiu a ponta de torneio local no sábado

Vinícius Dias

Marcado pelo revés diante do anfitrião Raja Casablanca, o Mundial de Clubes de 2013, no Marrocos, traz lembranças amargas aos atleticanos. A passagem do clube pela África, no entanto, deixou marcas além dos gramados. "Coincidiu que, na época, estávamos à procura de um nome para o nosso recém-formato time. Tínhamos três opções: Tottenhtam, Atlético e Sporting", revela o moçambicano Eduardo Carvalho ao Blog Toque Di Letra. "A gente pôde ver na TV nacional os jogos do Atlético, e R10 jogava lá. Ficamos encantados", emenda, antecipando a escolha.


Treinador licenciado - nível C - pela Confederação Africana de Futebol, Edy Carvalho, como é conhecido, é o responsável pelo projeto. "Somos inspirados pelo Clube Atlético Mineiro, essencialmente pelos jogadores, em particular o Ronaldinho, que já era bem conhecido e respeitado aqui na África. Ainda somos uma equipe pequena, que trabalha de forma humilde e com condições mínimas", comenta. Sub-20, o Atlético Tete foi fundado em Moatize, distrito da província de Tete, no dia 17 de dezembro de 2013, véspera da estreia do xará brasileiro no Mundial de Clubes.

Atlético lidera torneio em Moçambique
(Créditos: Eduardo Carvalho/Atlético Tete)

Os laços logo transcenderam o nome. "Nunca conversei com dirigentes do clube, mas temos uma parceria com os Embaixadores do Galo", detalha. Apoio fundamental para a manutenção das atividades em Moçambique. "Eles têm enviado materiais: camisas do Atlético, meiões, bonés. Já fizeram isso por duas vezes e têm ajudado muito, embora ainda tenhamos muitas lacunas. No mês passado, o atleticano Pedro Santos, de Belo Horizonte, enviou as chuteiras que temos utilizado nos treinos e nos jogos e vêm influenciando muito os nossos bons resultados".

A quatro jogos do título inédito

Com a vitória fora de casa diante do Chingale Juniors, nesse sábado, o Atlético Tete assumiu a liderança do Campeonato Provincial de Juniores de Tete. A equipe comandada por Edy Carvalho soma 14 pontos, um a mais do que o vice-líder, que disputou uma partida a menos. "Jogamos o Campeonato Provincial desde 2015. Temos tido uma evolução muito boa dos jogadores. Atualmente, estamos com quatro vitórias e dois empates em seis jogos e daremos o melhor para trazer uma taça. É o nosso sonho", afirma, a quatro rodadas de transformá-lo em realidade.

Edy Carvalho comanda xará africano
(Créditos: Eduardo Carvalho/Atlético Tete)

Separados fisicamente por oito mil quilômetros e diante de um fuso-horário cinco horas à frente do belorizontino, os moçambicanos se valem da internet para minimizar a distância do Galo. "Devido às carências que temos aqui, não temos tido capacidade de ver muitos jogos. Mas acompanhamos tudo pela internet e pela página oficial do clube", explica o treinador. "O sonho dos miúdos (jovens) é um dia jogar no Atlético Mineiro, e estamos trabalhando arduamente nos treinos para termos jogadores preparados se a oportunidade surgir". O sonho começa pela camisa que eles já vestem.

Cruzeiro: nem tanto ao céu, nem tanto à terra

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Escrevo sobre o Cruzeiro desta semana sem saber se reclamo ou dou os parabéns. Estou em dúvida entre criticar a atuação desastrosa contra o Avaí e a bobeira no gol do Palmeiras, na quarta-feira, ou elogiar a disposição para enfrentar um adversário que investiu pesado e que, ainda assim, ficou pelo caminho graças ao empenho do coletivo. Não decidi se corneto a falta de tranquilidade que o time passa quando precisa do resultado ou se dou os parabéns por ter encontrado um aparente equilíbrio emocional quando o marcador lhe é favorável.


Vou para cima do muro! É muito, mas muito, cedo para qualquer comemoração ou euforia. No entanto, seria injustiça de minha parte não reconhecer a evolução que a equipe vem apresentando nos últimos tempos. Há muito a melhorar e muito caminho a percorrer, mas, por exemplo, parece que Mano Menezes encontrou uma formação mais próxima da ideal, apesar dos desfalques. Hoje, mesmo sem peças fundamentais como Arrascaeta, Robinho, Manoel e Ezequiel, o treinador consegue colocar em campo um time sem fugir muito da característica que lhe agrada.

Classificação e festa diante do Palmeiras
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Se o time ainda não é o primor que a torcida exige, alguns pontos críticos deram sinal de melhora na comparação com um passado não muito distante. A defesa, que vinha muito mal, se tornou mais equilibrada com a entrada de Murilo e a retomada do bom futebol de Diogo Barbosa. Ariel Cabral e Henrique - Romero vem muito bem na lateral-direita - voltaram a jogar em sintonia e, com isso os meias têm mais liberdade para criar e chegar ao ataque. Alisson tem tido boas atuações, sendo o jogador que mais busca o drible e a jogada aguda. Sassá, mesmo tendo perdido chances claras em Santa Catarina, já mostrou que pode funcionar como homem de área.

O preço do pecado da omissão

Por outro lado, há peças que seguem deixando a desejar e oxalá tenham o futebol içado pela melhora coletiva. Não preciso citar nomes, porque quem assiste às partidas percebe que alguns atletas, seja por falta de concorrência, seja por falta de motivação, seja por falta de qualidade mesmo, destoam e comprometem. É o preço do pecado da omissão na hora de montar o elenco. Se pecar por excesso é ruim, pecar por displicência é ainda pior. Alguns setores do time ficam pobres em opções sempre que ocorre algum imprevisto, que não estão nos sendo poupados, enquanto outros sequer têm uma figura que seja considerada unanimidade.

Sassá: bom início com a camisa celeste
(Créditos: Eduardo Valente/Light Press/Cruzeiro)

De qualquer modo, minha avaliação do momento cruzeirense é simples, quase simplista: nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Já é passada a hora de o time conhecer suas limitações e usar isso para atingir seus objetivos. Não dar passos maiores do que as pernas e agir sempre sem virar as costas para a tradição da camisa estrelada.
           
Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!


Clube celeste já garantiu R$ 6,8 milhões em cotas na Copa do Brasil
e pode faturar quase R$ 3 milhões nos mata-matas da Primeira Liga

Vinícius Dias

O gol marcado pelo lateral-esquerdo Diogo Barbosa nos minutos finais da partida contra o Palmeiras, nessa quarta-feira, no Mineirão, garantiu ao Cruzeiro a sequência na Copa do Brasil e uma maratona de confrontos com o Grêmio. Além dos duelos pelas semifinais da competição nacional, agendados para os dias 16 e 23 de agosto, a Raposa enfrentará o tricolor gaúcho pelas quartas de final da Copa da Primeira Liga.

Diogo Barbosa: classificação veio aos 40'
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

As partidas da Copa do Brasil terão ordem dos mandos de campo definida em sorteio na próxima segunda-feira, no Rio de Janeiro. Os mata-matas da competição do eixo Sul-Minas-Rio-Ceará, por sua vez, serão disputados em jogo único. Depois de realizar melhor campanha na primeira fase, a Raposa receberá os gaúchos em 29 ou 30 de agosto, no Gigante da Pampulha, marcando o terceiro embate em menos de 15 dias.

Milhões em jogo nos confrontos

Além de novos capítulos da rivalidade histórica, estarão em disputa altos valores em premiação. O Cruzeiro, que já havia arrecadado R$ 5,3 milhões até as quartas de final, assegurou R$ 1,5 milhão ao eliminar o Palmeiras na Copa do Brasil. O finalista receberá mais R$ 2 milhões. Na Copa da Primeira Liga, além dos valores embolsados durante a primeira fase, o campeão acumulará quase R$ 3 milhões nos mata-matas.

A queda do Atlético e o recado para Micale

Vinícius Dias

Aos cinco minutos da etapa inicial, Carli. Aos 41', Roger, o melhor em campo no Nilton Santos, completando cruzamento de João Paulo. A um minuto do fim do jogo, Gilson, fechando a conta: 3 a 0 para o Botafogo, rumo às semifinais da Copa do Brasil, eliminando o Atlético pela quarta vez em 11 anos. Vitória da estrela solitária sobre o time das estrelas que se escondem, do coletivo de Jair Ventura sobre o talento que nem Diego Aguirre, nem Marcelo Oliveira, nem Roger Machado conseguiram organizar.


O confronto dessa quarta-feira começou com o alvinegro carioca tendo mais posse de bola e ameaçando, até abrir o placar após escanteio. Rodrigo Pimpão apareceu com perigo no lance seguinte, parando em boa intervenção de Bremer. A partir daí, o Botafogo passou a deixar a bola com o Atlético, que propunha com pouca objetividade. O time de Jair Ventura levava perigo nos contra-ataques, especialmente pela esquerda, aproveitando os espaços deixados pelas subidas de Marcos Rocha. Enredo do 2 a 0.

Alma e futebol: Botafogo sobrou no Rio
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

No intervalo, Rogério Micale sacou Yago e o improdutivo Robinho, acionando Rafael Carioca, em negociação com o Tigres, do México, e Rafael Moura. Aposta no jogo aéreo - embora tenha cruzado menos vezes em comparação com as últimas partidas, repetiu o péssimo aproveitamento - e no passe qualificado para levar a bola ao ataque. Na prática, o Galo teve a posse em mais de 60% do tempo, mas seguiu esbarrando nas linhas próximas do bem ajustado Botafogo, que ainda marcou pela terceira vez.

O estreante Micale saiu com várias interrogações e um recado.
No Rio, a estrela solitária venceu as estrelas que se escondem.


Ícone do vôlei revela os bastidores da paixão pelo clube, com pausa
em reunião nos Estados Unidos para checar resultado e superstições

Vinícius Dias

Medalhista de bronze em Atlanta, em 1996, e presente em mais três Olimpíadas ao longo da vitoriosa trajetória no vôlei, Ana Paula Henkel é novata quando o assunto é acompanhar o Cruzeiro no Mineirão. A partida desta quarta-feira marcará apenas o segundo encontro com sua maior paixão no futebol. Pé-quente na estreia no Gigante da Pampulha, justamente diante do Palmeiras, no triunfo por 2 a 1 em agosto de 2015, a ex-atleta espera que a equipe estrelada repita a dose. "Minha expectativa é de vitória. Vou arriscar 1 a 0", comenta ao Blog Toque Di Letra.


Passados quase dois anos, a primeira ida ao estádio, no Dia dos Pais, ainda mexe com as lembranças de Ana Paula. "Para onde olhava, eu sentia meu pai. Conhecer e estar durante todo o jogo e todo aquele dia com o Procópio (Cardozo), um ídolo de quem ele falava muito, foi marcante para mim. E a mágica ali do Mineirão, a torcida do Cruzeiro", destaca. Atualmente morando nos Estados Unidos, a lavrense aproveitará a reta final das férias no Brasil para prestigiar a equipe nesta quarta-feira. "Considero todos aí uma família estendida. Estarei muito bem acompanhada".

Ana Paula: paixão a dez mil quilômetros
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

O contato tardio com o palco das maiores conquistas celestes tem justificativa: a intervenção materna. "Pai cruzeirense, camisa desde pequena, vontade de ir ao Mineirão. Minha mãe falava: 'nem pensar que vai levar a menina'. Acompanhei toda a paixão do meu pai pelos jogadores, pelo clube, rixas com tios atleticanos", lembra. "É paixão de berço, carimbo de fábrica. E você vê... os anos passaram e, hoje, o melhor time de vôlei do Brasil, quiçá do mundo, é do Cruzeiro e tenho duas paixões da minha vida resumidas no clube. Então, sou uma menina de sorte".

Distância e olho nos aplicativos

Paixão que, mantida a quase dez mil quilômetros de distância e diante de um fuso-horário quatro horas atrás do belorizontino, rende histórias curiosas. "Nem sempre consigo assistir aos jogos ao vivo. Mas tenho dois, três aplicativos que me informam os resultados. Já aconteceu de, em meio a uma reunião, cliente falar 'pode pegar o telefone e checar'. Acompanho o máximo que posso", revela Ana Paula. "Tenho minhas superstições. Em jogos importantes, eu fico lá nos Estados Unidos andando para baixo e para cima com a camisa da sorte, de 2003, que foi do meu pai", completa.

Ex-atleta ao lado de Procópio e Gilvan
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Mesmo com o Cruzeiro vivendo um momento de irregularidade e vindo de derrota, a ilustre torcedora se mostra confiante na classificação à Libertadores de 2018. "Acredito muito tanto no elenco quanto no Mano Menezes. E me desculpem os torcedores da hashtag #ForaMano. Essa hashtag ainda não é minha. O futebol vive essa cultura do imediatismo, está ruim, vamos trocar, e eu acho que não é bem por aí", destaca. Em meio a elogios ao grupo, a multicampeã faz uma aposta. "Acho que o Thiago Neves vai fazer a diferença na hora em que a gente precisar".

Cruzeiro terá sábado de articulação política

Vinícius Dias

A semana será movimentada para o Cruzeiro não apenas dentro de campo, com o confronto de volta das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, nesta quarta-feira, no Mineirão, mas também nos bastidores. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o próximo sábado marcará mais uma etapa dos trabalhos de articulação política das chapas que têm protagonizado a disputa pela sucessão presidencial.


Na sede campestre, um grupo de juristas - alguns deles conselheiros do clube - fará ato de apoio à chapa União - Pelo Cruzeiro, Tudo, encabeçada pelo empresário Wagner Pires de Sá. Segundo fontes ligadas à situação, o ato ocorrerá depois de os juristas terem tomado conhecimento do projeto da Fundação Educacional Cruzeiro Esporte Clube, que aliaria cultura, esporte e educação, tendo como público-alvo crianças a partir de seis anos.

Wagner e Sérgio encabeçam as chapas
(Créditos: Wagner Pires/Sérgio Santos/Divulgação)

Um encontro na residência de Zezé Perrella em Belo Horizonte reunirá apoiadores da chapa Tríplice Coroa. Internamente, o evento é apontado como um termômetro da aceitação por parte do Conselho do projeto encabeçado pelo advogado Sérgio Santos Rodrigues, ex-superintendente de futebol do clube, e deverá abrir caminho para a intensificação da presença do senador na agenda da chapa. São esperados cerca de 200 nomes.

Conselho é foco da ala italiana

As eleições do Conselho Deliberativo, que devem ocorrer em novembro, um mês após a definição do próximo presidente do Cruzeiro, são tratadas como prioridade pela bancada italiana. A tendência é de que seja lançada uma chapa com vários sócios-torcedores que também são associados do clube concorrendo às cadeiras de associados conselheiros para o triênio 2018/2020. O assunto foi discutido em reunião na última sexta-feira.

Corinthians monitora Messias, do América

Vinícius Dias

Um dos pilares do setor defensivo do América, o menos vazado das primeiras 16 rodadas da Série B, o zagueiro Messias tem sido monitorado pelo Corinthians. Com apenas três opções no elenco após a lesão do titular Pablo, o clube paulista busca uma alternativa para o setor a pedido do técnico Fábio Carille. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o americano, de 22 anos, integra a lista de possíveis alvos.

Messias: revelação da base alviverde
(Créditos: Carlos Cruz/América FC/Divulgação)

Contatados pela reportagem nesta segunda-feira, o diretor de futebol do Coelho, Ricardo Drubscky, e o agente do zagueiro, Pedro Lemos, afirmaram não ter sido procurados. No primeiro semestre, a Chapecoense chegou a fazer uma sondagem. Em relação ao Corinthians, a avaliação nos bastidores é de que o maior entrave seria a necessidade de investir em torno de € 2 milhões, cerca de R$ 7,3 milhões, para tê-lo em definitivo.

Vínculo longo com o Coelho

Messias tem contrato com o América até dezembro de 2018. O alviverde detém 70% dos direitos econômicos do zagueiro. Os outros 30% pertencem à empresa Sports Winners Management.


Atlético e Cruzeiro perderam com mais posse nesse domingo; para
especialistas, calendário é o grande adversário do jogo propositivo

Vinícius Dias

Ponto-chave da estratégia do Barcelona de Pep Guardiola, equipe mais vitoriosa do século XXI, o controle da bola não tem sido sinônimo de bons resultados neste Campeonato Brasileiro. Conforme levantamento realizado pelo Blog Toque Di Letra, jogo a jogo, a partir dos dados disponibilizados pelo Footstats, as equipes que tiveram mais posse de bola venceram apenas 26% das partidas - 42 das 159 - disputadas até esse domingo. Os números motivam o debate entre especialistas, unânimes em apontar o calendário nacional, com jogos em curtos intervalos, como grande vilão.


"Nossa cultura dificulta demais para treinadores e times. Você não melhora jogando, melhora com treinamentos. Se não há tempo hábil, os jogos caem de produção e as mudanças cabem em cima apenas de resultados", reprova o ex-meia Alex. "Você consegue perder três jogos em uma semana, mas pode ter sido melhor que o adversário em todos. O que imaginamos para o nosso time? Vencer por vencer ou com bons jogos? Por isso, a dificuldade quando vêm treinadores de fora. Eles precisam de mais tempo ainda para entender o calendário ridículo que a turma da CBF faz e os clubes aceitam".

Ex-meia critica calendário brasileiro
(Créditos: Gualter Naves/Light Press/Cruzeiro)

Camisa 10 de esquadrões históricos de Cruzeiro e Palmeiras, o hoje comentarista da ESPN Brasil evita comparações entre estilos. "Existem várias formas de se atuar. Ter posse de bola não significa ter domínio do jogo. É preciso ver como foi essa posse. Às vezes você tem a posse na intermediária, mas não fura o bloqueio do adversário, que pode em dois contra-ataques definir o jogo. Tem aqueles que preferem dar a bola ao adversário e apenas esperar para contra-atacar, mas não sendo eficientes podem tomar um gol e não conseguem alterar a forma de jogar".

Reagir gera desgaste emocional

Fisiologista com passagens por Cruzeiro e Botafogo, Matheus Fontes também critica o calendário. "É muito ruim, atrapalha o espetáculo. Fisiologicamente, contribui para que os times tenham menor capacidade de desempenho. Além disso, quando monitoramos a percepção subjetiva de esforço, percebemos que ter um padrão reativo resulta em maior desgaste emocional", revela. "A postura mais defensiva também pode estar relacionada à busca por cursos, como o da CBF, que conta com instrutores europeus. Os treinadores têm adquirido conceitos, novas ideias de jogo", emenda.

Brasileiro monitora dados de atletas
(Créditos: Arquivo Pessoal/Matheus Fontes)

Responsável pela implantação de um projeto inovador no futebol português, reduzindo em 74% o índice de lesões musculares no Marítimo entre as temporadas 2015/2016 e 2016/2017, o brasileiro destaca a abordagem científica acerca do jogo reativo. "A partir de 2002, 2003, as pesquisas começaram a relacionar os melhores resultados às equipes com maiores distâncias percorridas em alta intensidade. Recentemente, um estudo realizado na Bundesliga constatou que vai além disso: é preciso ter alta intensidade quando está com a posse de bola".

Com menos posse e mais vitórias

De acordo com o Footstats, na última edição do Campeonato Brasileiro, 52% das vitórias foram conquistadas por equipes que tiveram menos posse de bola durante as partidas. Conforme levantamento realizado pela reportagem, jogo a jogo, até esse domingo, o cenário tem se repetido com frequência ainda maior na atual temporada: 65%. Disputados os primeiros 159 confrontos - 121 terminaram com vencedor -, 89% dos triunfos de times visitantes aconteceram sem o controle da bola. Entre os mandantes, o índice de vitórias com posse inferior ao oponente é de 49%.

65% das vitórias tiveram menos posse
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Com trabalhos na Europa e na Ásia, Paulo Autuori pondera que o sucesso de equipes que dão a bola ao adversário não é exclusividade do Brasil. "A última foi o Manchester United contra o Ajax. Uma estratégia do Mourinho de deixar o Ajax propor o jogo e só trabalhar em relação às transições. Valeu o título da Liga Europa". A recorrência no futebol nacional, no entanto, é atribuída à maratona de jogos. "O calendário não permite que o treinador tenha condições de treinar como deve ser. Os jogadores estão sempre entrando em campo sem estarem completamente recuperados".

'Treinadores têm que sobreviver'

Cenário que inibe estratégias mais arrojadas. "Para propor, você tem que estar com uma disponibilidade física grande para, se perder a bola, já começar um pós-perda e recuperá-la rapidamente. E é óbvio que construir é muito mais complicado do que destruir. Como você tem pouco tempo para treinar, como vai fazer sua equipe propor jogo? É necessário um jogo posicional, é necessário trabalhar para isso e não há tempo", questiona o carioca, que levou o Cruzeiro ao título da Copa Libertadores, em 1997, e hoje é gestor técnico do Atlético/PR.

Autuori questiona ciranda de técnicos
(Créditos: Thiago Maceno/Site Oficial/Atlético-PR)

Autuori também reprova as sucessivas trocas de comando. "Com essa ciranda absurda de técnicos, você vai pelo mais seguro, que é não ter posse e esperar o adversário errar. Os dois treinadores têm que sobreviver", lamenta, apontando um círculo vicioso. "Se não mexer no mais importante, que é o calendário, nada será alterado. Vamos continuar vendo jogos de baixa qualidade, porque se joga toda hora. Nisso entra a televisão, que exige, a CBF, que permite. O problema está ligado à incapacidade dos responsáveis pelo futebol brasileiro de refletir e tentar alguma mudança".

Roger se foi! É hora de cobrar do elenco

Alisson Millo*

Um elenco repleto de estrelas que seguem sem dar resultado e mais uma vítima. Não que Roger Machado estivesse isento de culpa. Tinha até muita e merecia todas as críticas que vinha recebendo nas últimas semanas, mas, a exemplo de Diego Aguirre e Marcelo Oliveira na temporada passada, foi tratado como maior culpado e sofreu do mesmo destino. Talvez seja hora de cobrar não só dos técnicos, mas também olhar para o desempenho, e não para os nomes, de alguns jogadores.


Alguns adversários e até ex-atleticano já deixaram claras deficiências como a falta de marcação no meio-campo. Seja com um, dois ou três volantes, a bola tem passado, dificultando o trabalho da zaga, e os jovens Gabriel e Bremer, mesmo jogando bem, não conseguem resolver a todo momento. A discussão não é se o time está ou não sendo bem escalado. É sobre a obrigação de quem é escalado dar o sangue para confirmar o rótulo de um dos melhores elencos do Brasil. É justamente a falta desse sangue que rende críticas a jogadores tecnicamente tão bons.

Cazares: ora decisivo, ora apagado
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

No setor ofensivo, apenas lampejos de bom futebol. Cazares, que normalmente precisa de poucos minutos para decidir, em alguns jogos passa os 90 sem participar. Um craque que ostenta a camisa 10 que há três anos era de Ronaldinho Gaúcho precisa chamar a responsabilidade sempre. E ainda mais nessa situação em que o time se encontra. Robinho há algum tempo deixou de ser unanimidade e, nas últimas duas rodadas, perdeu a posição para Marlone, que até marcou gols importantes contra Chapecoense e Botafogo, mas ainda não empolgou.

Soluções que não resolvem mais

Pensei que Maicosuel não faria falta. Errei. O mago pelo menos se dispunha a partir para cima dos adversários em busca de uma jogada diferente, o que falta em uma linha de frente tão previsível, que só abre o jogo, cruza procurando Fred e erra. O camisa 9, por sinal, cometeu o pênalti que resultou no primeiro gol do Bahia, na quarta-feira, e desperdiçou um contra o Santos. Se antes Rafael Moura era solução, agora, independentemente de ser torcedor declarado, não tem resolvido nem agradado.

Time de Fred e Robinho não convence
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Infelizmente, o Atlético tem parecido um time sem dono. Desde o afastamento do saudoso Eduardo Maluf, falta um pulso firme, a autoridade que cobre resultados e saiba lidar com os atletas. Se o presidente optou por não contratar um novo diretor de futebol, que exerça a função ele mesmo, com qualidade. Um investimento desse tamanho não pode ter sido feito para brigar apenas no meio da tabela do Campeonato Brasileiro.

Micale: velho conhecido de volta

Com a queda de Roger Machado, o escolhido para a sequência da temporada é um velho conhecido na Cidade do Galo. Ex-treinador das categorias de base e campeão olímpico com a seleção em 2016, Rogério Micale chega com a difícil missão de comandar e reerguer um time estrelado e com o ego inflado, apesar dos resultados ruins. Agora, só nos cabe desejar boa sorte ao novo treinador. Com todo o segundo turno e o fim do primeiro pela frente, há tempo para fazer a maré virar.

Rogério Micale: comandante do ouro
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Um diferencial de Micale é o trabalho com jovens, que pode ser útil para lançar outros campeões da Copa do Brasil sub-20 e observar nomes da equipe B. Roger chegou a promover alguns e, com três competições simultâneas, eles podem ser o ponto de equilíbrio. Yago, Bremer, Matheus Mancini e Leonan vinham sendo usados, mas Ralph, Flávio, Marquinhos e Cleiton devem ser acompanhados de perto. Com o título brasileiro muito distante, a transição pode ser gradual, com a responsabilidade maior ficando para os atletas que, de fato, foram contratados para assumi-la e levantar troféus.

Da Copa do Brasil à Libertadores

Na Copa Libertadores, parada torta no jogo da volta contra o Jorge Wilstermann. Se em um passado próximo o 0 a 1 era totalmente reversível, as atuações recentes em casa deixam o torcedor receoso. Pela Copa do Brasil, o Botafogo não será moleza. Mesmo com o Galo jogando bem fora de casa, segurar um empate no Nilson Santos não será fácil e vai exigir muito mais do que a equipe vem apresentando. Mais até do que o burocrático confronto de ida, no Horto, cuja mística, se não tinha sido quebrada anteriormente, agora está totalmente em pedaços.

O estádio próprio não ficará pronto de uma hora para outra nem pode ser o foco enquanto o futebol não convence. Se a diretoria é tão supersticiosa, mande os jogos no Mineirão, que é do tamanho do Atlético, embora menor do que a massa. Muito obrigado, Arena Independência, mas o encanto chegou ao fim. Passou da hora de voltarmos, de fato, para casa. Como costumo ouvir ao sintonizar o rádio, por que tem que ser tão sofrido, Galo?

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

O Mineirão e o melhor dia da minha vida

Especial para o Toque Di Letra
Artur Portilho*

Era um domingo qualquer de férias. Férias essas que queria aproveitar, mas como? Nunca tive condição de sozinho bancar minha ida para outros lugares, como viagens bacanas, sequer bancar uma ida à capital e ver o meu único e verdadeiro amor: Cruzeiro Esporte Clube, ou, para os íntimos, Cruzeiro, zêro. Pois no último domingo tive essa oportunidade. Moço do interior, com medo da capital. Ir ou não ir? Jogo bem grande para conhecer uma cidade imensa e um estádio provavelmente lotado.


Será? Já diziam os antigos: quem tem boca vai a Roma. Fui, reativei meu sócio Cruzeiro Sempre, comprei o ingresso na quarta-feira anterior ao jogo e, enquanto isso, o Cruzeiro ganhava no Paraná por 1 a 0 do Atlético/PR. Eu logo pensei 'vai lotar, que medo'. Mas, ao mesmo tempo, queria ver aquele estádio que nunca tinha visto pessoalmente lotado. Para valer a pena, entendem?

Ingresso comprado, carona garantida, vamos para BH. Fui. O domingo parecia não chegar, andei barzinhos durante minha estadia até o domingo. Fui ao mercado, almocei em um restaurante de indicação do meu pai, visitei a Praça da Liberdade e banquei de turista por algumas horas.

E como seria o melhor dia da minha vida, aos 21 anos? Como seria conhecer o estádio Governador Magalhães Pinto ou, simplesmente, Mineirão? Como seria bater o olho naquela monstruosidade de concreto, que fez e ainda faz gerar tantas emoções em várias pessoas, com várias histórias de vida, que faz gerar emoção por uma simples televisão. Sinceramente, não sabia!

Cheguei! Saí do Uber, agradeci ao motorista e fiquei cerca de cinco minutos tentando entender o tamanho daquilo. É pessoalmente e lindo. Andei em direção ao estádio, dei uma pequena volta e, ao retornar pelo caminho que fiz, parei em uma barraca de pessoas bem simpáticas, por sinal, que descobri que era a famosa Barraca do Povo. 

Artur: primeiro contato com o Mineirão
(Créditos: Arquivo Pessoal/Artur Portilho)

Lá, conheci seu Douglas. Entre conversas atravessadas, começamos a falar do Cruzeiro, da Tríplice Coroa, dos jogos sofridos de 2011, das idas de seu Douglas até Sete Lagoas e do fatídico jogo do 6 a 1, que, por sinal, é o número da minha camisa celeste! Conheci outro senhor, cujo nome não me recordo, que falou que foi à partida entre Cruzeiro x Villa Nova que teve mais de 100 mil pessoas naquele mesmo estádio. Fiquei imaginando a emoção daquele jogo. Deve ter sido a coisa mais linda do mundo!

Seu Douglas fez questão de ir comigo. Falou que iria entrar mais cedo e me deixar 'curtir a emoção do estádio'. Entramos na esplanada, já estava sem palavras. Subimos as escadas, mais algumas e pronto: o sócio me liberou para viver um sonho por 90 minutos. Seu Douglas adentrou comigo a Toca III e me viu emocionado e falou 'chore, enquanto isso vou beber mais uma'. Eu ri e não aguentei. Entrei em prantos, passou um filme na minha cabeça, mas um filme do tipo: pela televisão é legal, mas nada irá superar esse dia! É muito lindo aquilo tudo, aquela torcida, as bandeiras, o gramado.

Recompus-me, respirei fundo e fui atrás do seu Douglas e bebi uma também. O Mineirão já estava lotado e, quando a torcida gritou 'a imagem do Cruzeiro resplandece' no hino nacional, fiquei em êxtase.

O jogo não entra em questão. Fui ao Mineirão e pude gritar gol. Era isso o que eu queria. Talvez uma vitória, um passe do Sassá ou uma cavadinha do Thiago Neves. Fora isso, foi lindo.  

Cruzeiro Esporte Clube, eu te amo com toda a força do mundo! Obrigado por esse dia. Mineirão, obrigado. Guarde minhas lágrimas como gesto de carinho. Um forte abraço de um cruzeirense fanático e feliz. E um até logo.

*Nascido em Curvelo, criado em Pirapora, mora em Patos de Minas.

O Atlético que cruza muito e pensa pouco

Vinícius Dias

Passe de Régis para Juninho, com tempo e espaço de sobra entre sete atleticanos, arrematar com precisão: 2 a 0 para o Bahia, estufando as redes de Victor aos 42' minutos da segunda etapa. Confirmada a quarta derrota do Atlético em oito partidas no Horto. Quinto pior mandante do Campeonato Brasileiro, sendo o terceiro que mais sofreu gols - apenas Vitória e Fluminense foram vazados mais vezes - e o quinto que menos balançou as redes em seus domínios. Retrato do insucesso de um time sem ideias.


O Atlético chega a julho dando vexame em casa - com apenas oito pontos em 24, precisa vencer todos os jogos restantes para não fechar esta edição com o pior mando de campo da era Horto. A falta de repertório é traduzida em números pelo Footstats. Contra o xará paranaense, tinha um a mais, cruzou 63 vezes, acertou apenas oito e perdeu. Diante do Santos, errou 44 dos 57 cruzamentos e caiu no fim. Nessa quarta-feira, depois de o Bahia abrir o placar, alçou 53 bolas, errou 44 e sofreu o segundo.

Fred passou em branco nessa quarta
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

O time de linhas defensivas próximas e construção ofensiva baseada em toques rápidos e triangulações, marca nos tempos de Grêmio, existe no discurso de Roger Machado. Em campo, exceto nos raros lampejos dessa proposta, o que o Atlético executa é o jogo dos cruzamentos. Com bolas levantadas a toda hora, de qualquer lugar do campo, é quem mais erra no fundamento, reafirmando a falta de ideias. Um elenco bom e caro, mas que não incomoda os adversários nem funciona.

O time que visava posse e organização ganhou nova identidade.
O Atlético de Roger, no sétimo mês, cruza muito e pensa pouco.