O Mineirão e o melhor dia da minha vida

Especial para o Toque Di Letra
Artur Portilho*

Era um domingo qualquer de férias. Férias essas que queria aproveitar, mas como? Nunca tive condição de sozinho bancar minha ida para outros lugares, como viagens bacanas, sequer bancar uma ida à capital e ver o meu único e verdadeiro amor: Cruzeiro Esporte Clube, ou, para os íntimos, Cruzeiro, zêro. Pois no último domingo tive essa oportunidade. Moço do interior, com medo da capital. Ir ou não ir? Jogo bem grande para conhecer uma cidade imensa e um estádio provavelmente lotado.


Será? Já diziam os antigos: quem tem boca vai a Roma. Fui, reativei meu sócio Cruzeiro Sempre, comprei o ingresso na quarta-feira anterior ao jogo e, enquanto isso, o Cruzeiro ganhava no Paraná por 1 a 0 do Atlético/PR. Eu logo pensei 'vai lotar, que medo'. Mas, ao mesmo tempo, queria ver aquele estádio que nunca tinha visto pessoalmente lotado. Para valer a pena, entendem?

Ingresso comprado, carona garantida, vamos para BH. Fui. O domingo parecia não chegar, andei barzinhos durante minha estadia até o domingo. Fui ao mercado, almocei em um restaurante de indicação do meu pai, visitei a Praça da Liberdade e banquei de turista por algumas horas.

E como seria o melhor dia da minha vida, aos 21 anos? Como seria conhecer o estádio Governador Magalhães Pinto ou, simplesmente, Mineirão? Como seria bater o olho naquela monstruosidade de concreto, que fez e ainda faz gerar tantas emoções em várias pessoas, com várias histórias de vida, que faz gerar emoção por uma simples televisão. Sinceramente, não sabia!

Cheguei! Saí do Uber, agradeci ao motorista e fiquei cerca de cinco minutos tentando entender o tamanho daquilo. É pessoalmente e lindo. Andei em direção ao estádio, dei uma pequena volta e, ao retornar pelo caminho que fiz, parei em uma barraca de pessoas bem simpáticas, por sinal, que descobri que era a famosa Barraca do Povo. 

Artur: primeiro contato com o Mineirão
(Créditos: Arquivo Pessoal/Artur Portilho)

Lá, conheci seu Douglas. Entre conversas atravessadas, começamos a falar do Cruzeiro, da Tríplice Coroa, dos jogos sofridos de 2011, das idas de seu Douglas até Sete Lagoas e do fatídico jogo do 6 a 1, que, por sinal, é o número da minha camisa celeste! Conheci outro senhor, cujo nome não me recordo, que falou que foi à partida entre Cruzeiro x Villa Nova que teve mais de 100 mil pessoas naquele mesmo estádio. Fiquei imaginando a emoção daquele jogo. Deve ter sido a coisa mais linda do mundo!

Seu Douglas fez questão de ir comigo. Falou que iria entrar mais cedo e me deixar 'curtir a emoção do estádio'. Entramos na esplanada, já estava sem palavras. Subimos as escadas, mais algumas e pronto: o sócio me liberou para viver um sonho por 90 minutos. Seu Douglas adentrou comigo a Toca III e me viu emocionado e falou 'chore, enquanto isso vou beber mais uma'. Eu ri e não aguentei. Entrei em prantos, passou um filme na minha cabeça, mas um filme do tipo: pela televisão é legal, mas nada irá superar esse dia! É muito lindo aquilo tudo, aquela torcida, as bandeiras, o gramado.

Recompus-me, respirei fundo e fui atrás do seu Douglas e bebi uma também. O Mineirão já estava lotado e, quando a torcida gritou 'a imagem do Cruzeiro resplandece' no hino nacional, fiquei em êxtase.

O jogo não entra em questão. Fui ao Mineirão e pude gritar gol. Era isso o que eu queria. Talvez uma vitória, um passe do Sassá ou uma cavadinha do Thiago Neves. Fora isso, foi lindo.  

Cruzeiro Esporte Clube, eu te amo com toda a força do mundo! Obrigado por esse dia. Mineirão, obrigado. Guarde minhas lágrimas como gesto de carinho. Um forte abraço de um cruzeirense fanático e feliz. E um até logo.

*Nascido em Curvelo, criado em Pirapora, mora em Patos de Minas.

12 comentários:

  1. Bom dia!
    Artur, parabéns por essa conquista e que possa ir cada vez mais a Toca III e com dias mais felizes para nós, torcedores do Maior de Minas!
    Para um CRUZEIRENSE, ir ao Mineirão e não se emocionar é impossível, por tudo que o Gigante da Pampulha representa para nós e nossa história!

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    1. Artur Portilho21 julho, 2017

      Que possamos ter muitas glórias neste estádio meu caro

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    2. Falando em emoções: Eu estava no Mineirão em 1966 no jogo da Taça Brasil: Cruzeiro 6 x 2 Santos

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  2. Experiência sensacional, cara!
    Eu também me lembro da primeira vez no Mineirão.
    Parabéns!

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  3. Também tive meu dia de Artur. No longinquo cruzeiri x bayer de munique, mesmo acostumado ao mineirão aquele foi um dia especial, ainda que a conquista do mundial não tenha vindo, o jogo em si já foi uma grande conquista.
    Saudações cruzeirenses

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  4. Artur, ao ler seu relato me lembrei da minha primeira vez no Gigante da Pampulha...Tinha praticamente a mesma idade que você tem hoje (22 anos) e o jogo em questão foi Cruzeiro 3x1 Cerro Porteno pela Pré-Libertadores de 2008...Uma sensação realmente indescritível, tamanha alegria e emoção vivenciadas naquela noite...De lá para cá foram muitas idas ao Mineirão - principalmente depois que me mudei para BH - a maioria delas felizes, mas algumas bastantes decepcionantes como nos jogos com o Estudiantes e com o River em 2009 e 2015, respectivamente...Muita coisa mudou de lá para cá, mas a emoção de estar no Mineirão torcendo e vibrando com nosso amado Cruzeiro permanece imensurável! Abraço!

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    1. Artur Portilho21 julho, 2017

      Forte abraço e várias conquistas!

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  5. Singelo e lindo! Parabéns cara, é emocionante mesmo nossa casa!

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  6. Artur, a primeira vez em que fui ao mineirão eu tinha 16 anos e foi um misto de emoções: vislumbre, tristeza, euforia e paixão. Era um monstro à minha frente, estádio lotado, final da Supercopa de 1996 Cruzeiro x Velez Sarsfield. Era na época do mineirão que balançava milhares de pessoas vibrando e vimos o goleiro do Velez, Chilavert (até então maior goleiro artilheiro do mundo) fazer um gol de pênalti e acabar com nossos sonhos. Eu achava que era "pé frio" que nunca mais voltaria, mas eu fiquei impressionado, coisa mais linda que já tinha visto. Depois disso estive, entre outros, nos mais de 100 mil do Cruzeiro campeão da libertadores em 97, e o recorde histórico de 132 mil contra o Vila, inimaginável para os dias de hoje, na entrega da taça da tríplice coroa contra o Paysandu em 93, e até hj...
    Parabéns, e que tenha inúmeras outras conquistas na sua vida, e que o nosso Cruzeiro possa nos proporcionar outras tantas.

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    1. Artur Portilho21 julho, 2017

      Sensacional seu relato! Que possamos ser mais Cruzeiro e com mais conquistas

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