O Brasil e o futebol tratado como negócio

Vinícius Dias

Do goleiro e ídolo Diego Cavalieri ao atacante Robert, passando pelo capitão Henrique, o zagueiro Arthur, o lateral-esquerdo Wellington Silva e os meio-campistas Higor Leite, Maranhão e Marquinho. O destaque do noticiário esportivo na última quinta-feira foi a lista de dispensas anunciada pelo Fluminense por meio de seu site oficial. No Brasil que erra por não tratar futebol como negócio, o exemplo do tricolor carioca mostra a linha tênue entre uma ótima ideia e um péssimo desfecho.


É elogiável a iniciativa de se adequar gastos ao orçamento. Primeiro por acontecer em um meio em que dívidas, comumente, são mais argumento político do que real motivo de preocupação e há muito mais dinheiro do que há dez anos, mas cada vez mais gastos com os mesmos jogadores. Mas, sobretudo, pela transparência na relação com o torcedor, maior patrimônio do clube, expondo a realidade e evitando frustrações na sempre dura equação entre expectativas criadas e não contempladas.

Cavalieri, em 2012: título e seleção
(Créditos: Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)

Ultrapassando as finanças, o simbolismo da lista é o grande erro. Se é correto trabalhar com os pés no chão, não soa adequado, ainda que não tenha sido a intenção, desvalorizar os ativos: caso a caso, o Fluminense poderia reforçar o elenco por meio de trocas ou o próprio orçamento com vendas. Some-se a isso o desfecho igual a histórias absolutamente desiguais, como na presença de Diego Cavalieri, grande nome do título brasileiro de 2012, ao lado de personagens com menos de dez jogos pelo clube.

2017 terminará sem que o brasileiro trate futebol como negócio.
E com mais um exemplo de que tentar nem sempre é suficiente.

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