Em entrevista durante festa de lançamento do estadual de
2015, presidente falou sobre vendas, caras novas e finanças

Vinícius Dias

Gilvan de Pinho Tavares assumiu o comando do Cruzeiro no dia 16 de dezembro de 2011, menos de duas semanas depois de o clube ter se livrado do rebaixamento. Com muito trabalho e, especialmente, títulos, a desconfiança deu lugar ao apoio. Em três anos, o presidente montou um dos elencos mais vencedores da história, conquistou um estadual e foi bicampeão brasileiro. Agora, no início do segundo mandato, a palavra de ordem é remontar. Sem vários titulares, mas com caixa reforçado, ele se sente preparado. "A vida de clube é assim".


Gilvan destacou que, apesar de não terem sido planejadas, as vendas de Éverton Ribeiro, Lucas Silva e Ricardo Goulart foram lucrativas. "Campeões por dois anos, esses jogadores ficaram na vitrine do futebol mundial. Os clubes ofereceram ótimos salários para eles e, para o Cruzeiro, valores que chegaram ao patamar fixado para vendê-los. Não teve como segurá-los". Casos diferentes dos de Egídio e Nilton. "Os contratos estavam próximos de terminar. Procuramos defender as finanças do clube, para não perder jogador sem auferir alguma coisa", explicou.

Gilvan durante lançamento do Mineiro
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

A postura do presidente durante as negociações com árabes, espanhóis e chineses refletiu também o aprendizado acumulado ao longo de três anos no cargo. "Às vezes, você tem que vender, senão os atletas de fora não vão querer vir, pensando que nunca mais vão poder sair do clube, que nunca vão poder ganhar o salário que querem no exterior", destacou. "O investidor também pensa nisso e a gente perde a parceria, porque o clube deixa de ser vitrine: compra, mas não vende. Então, a vida do clube é um ciclo", completou Gilvan.

'Cruzeiro vendeu bem', afirma

Um dos mais ativos no mercado, o clube confirmou oito reforços até o momento. Destaques para Leandro Damião, atacante que fez sucesso no Internacional, e para o meia uruguaio De Arrascaeta, de 20 anos, um dos destaques da edição passada da Copa Libertadores. "O Cruzeiro vendeu bem, por preço justo, e tem dinheiro em caixa para trazer os melhores jogadores que atuam no futebol brasileiro, remontar o plantel e ficar em condição de continuar a ganhar as competições que vai disputar", disse o presidente celeste.

Presidente ao lado de reforços em 2013
(Créditos: Washington Alves/Vipcomm)

A receita de sucesso adotada na montagem do elenco bicampeão brasileiro ganhou um novo ingrediente em 2015: o sotaque estrangeiro. Samudio e Marcelo Moreno deixaram a Toca, mas o clube tem, hoje, o elenco mais 'estrangeiro' de sua história. "Muito mais de forma natural do que por uma decisão do clube", explicou Tavares. "Mena, por exemplo, já está adaptado ao Brasil, é de seleção e tem a experiência que a gente necessita. Joel foi um investimento, jogador jovem", exemplificou.

Momento especial para a base

Nos últimos dois anos, o sucesso estrelado confirmou a máxima de que craque se faz em casa. Entusiasta da base, Gilvan teve bons motivos para sorrir. "Lucas jogando no Real Madrid é mais uma vidraça que o Cruzeiro põe lá fora, para mostrar como o clube revela jogadores", disse. Segundo levantamento feito pelo Blog, 12 atletas criados na Toca I foram a campo no ano passado. "O Marcelo Oliveira tem paciência para treinar e lançar os jogadores mais jovens", observou.

Gilvan comemorou sucesso da base
(Créditos: Washington Alves/Vipcomm)

O dirigente ainda fez questão de descartar a relação entre o processo de reformulação do elenco e um possível déficit nas contas do Cruzeiro. "Não temos nenhuma dívida com a receita e não temos problemas de certidão negativa. Vendemos porque empresário forçou, porque o jogador forçou, não para pagar dívida. O Cruzeiro é o único clube brasileiro hoje que paga salário dentro do próprio mês", afirmou.

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