Seguindo
planejamento feito em 2014, gastos são reduzidos;
Blog ouviu fontes para traçar um panorama do quadro atual
Vinícius Dias
Pelo
menos quando o assunto são as finanças do clube, a diretoria do Cruzeiro tem
bons motivos para comemorar a saída de Ricardo Goulart, negociado com o chinês Guangzhou Evergrande por € 15 milhões. "Deu retorno técnico e, agora,
financeiro. Foi um investimento perfeito", afirmou ao Blog Toque Di Letra uma fonte ligada à cúpula celeste. A venda do
jogador foi, até o momento, um dos capítulos mais importantes do tão citado
processo de 'oxigenação' do elenco estrelado, motivado por razões técnicas e
também financeiras.
LEIA MAIS: DNA vencedor: sucesso tem peso da base
"Todo
início de ajuste é difícil, até porque há a mudança de mentalidade, saídas e
chegadas de jogadores. Mas foi mantida boa parte das principais peças, então
essa quebra foi pequena", completou a fonte. Entre saídas, contratações e
retornos de empréstimo, a reformulação representou uma redução de 6% na folha
salarial, que encerrou 2014 estimada em cerca de R$ 10 milhões mensais. A
redução pode atingir 12%, caso Dagoberto e os volantes Souza e Charles, fora
dos planos de Marcelo Oliveira, deixem a Toca da Raposa II.
Dagoberto: reforço de peso em 2013 (Créditos: Juliana Flister/Vipcomm) |
As
mudanças no elenco renderam mais espaço para a base. Atualmente, o grupo tem 11
jogadores formados na Toca I, número que deve crescer após a Copa São Paulo de
Juniores. "Esta deveria ser a ideia de todos os clubes. O torcedor quer
sempre ver as maiores estrelas no seu time. Mas, financeiramente, isso é
inviável. A nossa ideia é criá-las. Amanhã, Judivan, Alisson e Eurico serão
estrelas, como já é o Lucas. Além de salários mais baixos, eles geram mais
receitas quando são negociados", destacou um dirigente celeste ao Blog.
De vendedor a comprador
No
balanço patrimonial de 2014, que tem divulgação prevista para abril, deve
constar receita total superior a R$ 220 milhões. Neste cenário, as vendas dos
pratas da casa Wallace e Vinícius Araújo por cerca de R$ 25 milhões representariam cerca de 15%. No entanto, se os valores foram impulsionados por
bilheteria, premiações e pelo sucesso do programa de sócios-torcedores, as
despesas também cresceram. Habitual vendedor, o clube celeste assumiu o posto
de comprador nos dois anos e nove meses da chamada 'era Mattos'.
Mattos e Gilvan: títulos e investimentos (Créditos: Washington Alves/Vipcomm) |
A inversão da política teve início em 2012. Ainda sem caixa para viabilizar
operações de compra de direitos econômicos, o clube optou por elevar o teto
salarial e, assim, seduziu atletas como Tinga, Ceará e Borges, que tinham
vínculos próximos do fim. Em 2013 e 2014, com o aumento das receitas e contando
com aporte de investidores, o clube selou quatro das maiores contratações de
sua história: Dedé, Willian, Manoel e Dagoberto custaram, juntos, R$ 39
milhões. Jovens como Marlone, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart vieram como
apostas.
Aposta em Júlio Baptista
Uma
das explicações para o recente aumento na folha foi a contratação de Júlio
Baptista, em julho de 2013. Para retornar ao Brasil, o meia-atacante abriu mão
de quase € 3,5 milhões para assegurar a rescisão do contrato junto ao Málaga.
Ao assinar com o jogador, o Cruzeiro 'assumiu' a dívida, que foi parcelada em
24 meses, correspondentes ao tempo de contrato. Deste modo, Júlio, dono do
terceiro maior salário do grupo, tem o maior custo mensal, alcançando 9% da
folha.
Júlio Baptista: meia de seleção na Toca (Créditos: Juliana Flister/Vipcomm) |
As
recentes vendas de Egídio, Nilton e Goulart devem render quase R$ 35 milhões
líquidos aos cofres do clube. Além de serem utilizadas para novos investimentos no futebol e para quitar débitos em aberto, as receitas vão significar também a oportunidade de fazer caixa, um fato raro na história recente. "As questões
fiscais estão organizadas, salários estão em dia e o clube tem o dinheiro do
dia a dia, dos pagamentos. Mas, desde a crise mundial de 2008, não sobra
dinheiro", afirmou uma fonte ligada a Gilvan Tavares, explicitando o quadro atual.
Com receitas crescentes
Nos
bastidores, as previsões são positivas quanto a outras duas grandes fontes de
receita: cota de TV e patrocínio. Quanto à TV, a cota atual é de R$ 60 milhões,
segundo revelou ao Blog o senador
Zezé Perrella. Hoje no grupo 5, a Raposa deve ser promovida ao grupo 4 em 2016,
aumentando sua fatia no bolo. Com relação ao patrocínio master, com a sequência
de Jorge Hereda à frente da Caixa, o clube mantém a expectativa de fechar com a
estatal por R$ 20 milhões. Na temporada passada, o mineiro BMG pagou R$ 13,5
milhões.
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