Reforçadas por selecionáveis, equipes entram em campo no Mineirão
pela 10ª rodada defendendo invencibilidade no campeonato estadual

Vinícius Dias

Já classificados às semifinais, Cruzeiro e Atlético se enfrentam neste sábado, às 16h, em clássico pela 10ª rodada do Campeonato Mineiro. Depois de tropeçar contra o Uberlândia, na última segunda-feira, a Raposa entra em campo no Mineirão para defender a invencibilidade de seis jogos diante do rival. Por outro lado, com a liderança assegurada, o Galo entra em campo mirando os três pontos para confirmar sua melhor campanha na fase de classificação no atual formato. Curiosamente, caso isso ocorra, o alvinegro precisará superar um tabu histórico para ser campeão.


Desde 2004, quando o estadual passou a contar com primeira fase seguida de mata-mata, nem Cruzeiro, nem Atlético conseguiram ficar com o troféu nos anos em que conquistaram três pontos no clássico e ainda terminaram a fase de classificação no topo da tabela. A primeira vítima dessa escrita foi justamente o Atlético: em 2004, o time comandado por Paulo Bonamigo venceu o dérbi por 5 a 3, no Mineirão, e fez a melhor campanha entre os 14 clubes que participaram da primeira fase. O campeão, no entanto, foi o Cruzeiro de Paulo César Gusmão.

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

O time celeste esbarrou no tabu em três oportunidades. A mais recente delas, na temporada passada, com o técnico Deivid: venceu o clássico por 1 a 0, na Arena Independência, e liderou a primeira fase, mas caiu na fase semifinal diante do futuro campeão América. Roteiro semelhante aos de 2010, na era Adilson Batista, e 2013, com Marcelo Oliveira. Considerando apenas os dois clubes, o histórico de 12 edições indica que o vencedor do clássico da fase de classificação conquistou o título em duas, enquanto o líder foi campeão mineiro em quatro.

Raposa defende invencibilidade

Depois de três empates seguidos - diante de Tombense, Uberlândia e Joinville -, o Cruzeiro terá no confronto com o Atlético o primeiro grande teste do mês. Invicto em 2017, o clube defende uma série positiva contra o rival, de quem não perde desde abril de 2015: nas últimas seis partidas, foram quatro vitórias e dois empates. Na história, de acordo com dados da concessionária que administra o estádio, o Gigante da Pampulha já foi palco de 228 clássicos, com 82 vitórias celestes, 73 alvinegras e 73 empates. A Raposa contabiliza 269 gols, contra 250 do Galo.

Raposa venceu duelo em 1º de fevereiro
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Neste sábado, os dois times terão em campo reforços de seleção. Mano Menezes voltará a contar com o zagueiro equatoriano Caicedo e o meia-atacante uruguaio Arrascaeta, autor do gol que decidiu o primeiro dérbi do ano, válido pela Copa da Primeira Liga. Roger Machado terá à disposição o meia venezuelano Otero.

A seleção e o Brasil que ainda dá errado

Vinícius Dias

Nove vitórias em nove jogos, com 25 gols marcados e apenas dois sofridos. A quatro rodadas do fim das Eliminatórias, a seleção brasileira já garantiu vaga na Copa do Mundo de 2018 e vive excelente fase. Conceitos modernos, Neymar aliando o talento individual ao cada vez mais sólido jogo coletivo e os raros contestados respondendo em campo - Paulinho foi o destaque na vitória sobre o Uruguai, por exemplo. Comemoração à parte, o momento da seleção e o sucesso do trabalho iniciado há menos de sete meses dizem pouco sobre a realidade do futebol brasileiro.


Por méritos próprios, os 23 convocados por Tite retomaram a rotina de trabalho em clubes da elite internacional e nacional horas depois da vitória diante do Paraguai, na Arena Corinthians. Por demérito da cartolagem, milhares ficarão desempregados em duas ou três semanas com o fim do calendário para centenas de equipes que sequer disputaram 20 jogos no ano. No berço de Marta, maior vencedora do prêmio de melhor do mundo da Fifa, o futebol feminino convive com ainda menos e, em geral, caminha à margem do profissionalismo.

Nove vitórias com Tite: Brasil na Copa
(Créditos: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação)

Se antes o ouro olímpico era o grande título que faltava, o campeão e eleito melhor técnico de esportes coletivos em 2016 no Prêmio Brasil Olímpico, Rogério Micale, foi demitido depois de apenas seis meses. Mais uma decisão de quem optou por contratar Dunga em 2014, quando Tite já era a melhor opção, e demitir em 2016 sem nem mesmo de explicar a primeira passagem. Tudo isso no país em que o discurso de união entre os clubes termina no primeiro clássico, federações faturam mais do que grande parte de seus filiados e representam uma minoria cada vez menor.

Com Tite, a seleção deu certo e chegou à Copa em sete meses.
Porém, no dia a dia, o futebol brasileiro continua dando errado.


Representante comercial Bruno Ricci passará pela décima cirurgia
em batalha que teve início em 2007; tratamento custa R$ 300 mil

Vinícius Dias

Na contagem regressiva para o clássico do próximo sábado, no Mineirão, torcedores e ídolos de Atlético e Cruzeiro deixaram de lado o clima de rivalidade e se uniram no time da solidariedade em prol de Bruno Franco Ricci Faria. Horas antes do dérbi que dividirá Belo Horizonte, o representante comercial, de 27 anos, será submetido à décima cirurgia, na luta contra o sétimo tumor - conhecido como condrossarcoma mesenquimal, localizado entre o cerebelo e o tronco. A batalha do belorizontino, retratada na página 'Todos pelo Bruno', no Facebook, teve início em 2007.


O procedimento será realizado em São Paulo. Na sequência, o paciente passará por tratamento à base de radiação de prótons nos Estados Unidos, com custo estimado em R$ 300 mil. Nem mesmo os obstáculos tiram o sorriso de seu rosto. "Tenho certeza de que o bom astral que carrego nesses dez anos faz uma diferença grande na minha vida. Em time que está ganhando, a gente não mexe", comenta ao Blog Toque Di Letra. Com o apoio de familiares, amigos e campanhas solidárias, cerca de 60% da quantia necessária já foi arrecadada.

Bruno, no Mineirão, com a noiva Bruna
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Ricci)

Cruzeirense, Bruno Ricci recebeu na última quarta-feira o apoio do meio-campista Éverton Ribeiro por meio do Instagram. Um dia depois, foi a vez de o atacante Robinho, do Atlético, divulgar em seu perfil a campanha em prol do tratamento. "Sai um pouco a rivalidade e entra a solidariedade em campo. Somos todos humanos, somos todos torcedores e apaixonados por futebol. Envolvidos por essa paixão em comum, a gente ajuda um ao outro", comemora o representante comercial.

Rifa de camisa oficial do Cruzeiro

Companheiro na graduação em Administração e colecionador de artigos do Cruzeiro, Bernardo Wiermann criou nessa terça-feira uma rifa para mobilizar a torcida celeste: o sorteado ganhará a terceira camisa da linha de 2015. "O Bruno é um cara fora do comum. Apresentamos TCC no mesmo dia e lembro que me peguei pensando no quanto ele era forte e tinha vontade de viver. Foi o que veio à minha mente quando soube da volta do tumor. Tenho certeza de que ele vai superar de novo", afirma o amigo, que disponibilizou 500 números, a R$ 5 cada. Para participar, clique aqui.

Padre Fábio de Melo: apoio à campanha
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Ricci)

Com a repercussão em diversos segmentos, o representante comercial se mostra confiante em alcançar a meta de R$ 300 mil e, agora, busca apoio para que a campanha seja divulgada no clássico deste sábado. "Estou em contato com a Minas Arena e com o Cruzeiro. Vamos ver se a gente consegue ter essa visibilidade também no telão do Mineirão", revela. O momento pede um por todos, todos pelo Bruno.

Colabore com a campanha:
Bruno Ricci Faria
CPF: 072.281.836-06

Banco Santander
Agência: 4272
Poupança: 60.005847.7

Caixa Econômica Federal
Agência: 2187
Operação: 001
Conta-corrente: 27676-8

A invencibilidade de copo meio vazio

Vinícius Dias

Logo aos sete minutos, Diogo cobrou falta na área, Rogério desviou e Schumacher completou para as redes. Foi o primeiro sinal de uma noite de superioridade do Uberlândia contra o Cruzeiro. Embora tenha empatado aos 46', em pênalti cobrado por Rafael Sóbis - revi apenas uma vez e a impressão é de erro da arbitragem -, a Raposa fez no Parque do Sabiá seu pior primeiro tempo na temporada. Desfalques à parte, são três empates seguidos e uma invencibilidade de copo meio vazio.


Diante de Tombense e Joinville, embora tenha criado várias chances, a equipe comandada por Mano Menezes esbarrou na falta de pontaria. Nessa segunda-feira, com Ramón Ábila - em 86 minutos, o argentino teve duas grandes chances e aproveitou uma - como titular, ganhou poder de fogo, mas perdeu mobilidade e criatividade diante do Uberlândia. A duas rodadas do fim da primeira fase, o Cruzeiro chega ao clássico sem chances de ameaçar a liderança do Atlético e com lacunas visíveis.

Ábila teve duas chances e fez um gol
(Créditos: Daniel Teobaldo/Cruzeiro)

Às vésperas de uma sequência decisiva para a temporada, que inclui confrontos com o São Paulo pela quarta fase da Copa do Brasil e contra o Nacional, do Paraguai, pela primeira fase da Copa Sul-Americana, o time celeste encerra o mês de março diferente e pior do que começou. O jogo coletivo flui menos, jogadores como Alisson e Thiago Neves seguem individualmente aquém de seus melhores dias e o modelo de controle e proposição voltou a dar lugar ao jogo reativo.

O Cruzeiro segue invicto, mas tem enorme dificuldade para vencer.
O copo com água até a metade, cada vez mais, parece meio vazio.


Pré-candidatos, Zezé Perrella e César Masci apoiaram atual diretoria
em 2014; vice planeja candidatura, enquanto Gilvan foca no estatuto

Vinícius Dias

Em outubro de 2014, seis semanas antes de o Cruzeiro conquistar o tetra brasileiro, Gilvan de Pinho Tavares foi reeleito presidente por aclamação - o que não ocorria no clube desde o pleito de 1999, vencido por Zezé Perrella. Neste ano, apesar do bom início em campo, a união nos bastidores em prol de um candidato único é improvável. As eleições ainda não têm data marcada, mas a expectativa é de disputa acirrada, culminando no fim de alianças políticas tecidas nos últimos anos.


A proposta de modificação do estatuto, por exemplo, coloca o atual mandatário e seu principal apoiador no pleito de 2011, Zezé Perrella, em lados opostos. Enquanto Gilvan de Pinho Tavares lidera as articulações visando à diminuição dos requisitos para disputa já neste ano, o senador é contrário. Com a experiência de quatro mandatos à frente do clube, Zezé se lançou pré-candidato no fim de fevereiro. A possibilidade já havia sido aberta em 2014, em entrevista ao Blog Toque Di Letra.

Perrella pretende voltar à presidência
(Créditos: Zezé Perrella/Facebook/Divulgação)

As próximas eleições devem marcar, mesmo indiretamente, o primeiro embate entre os ex-companheiros de diretoria. Internamente, no entanto, já havia sinais de distanciamento há algum tempo. Um deles foi a troca, entre o primeiro e o segundo mandato de Gilvan, de José Maria Fialho por José Francisco Lemos na primeira vice-presidência. Na última semana, outro aliado de Perrella deixou o cargo: Sérgio Rodrigues, ex-superintendente de futebol profissional. Em nota, o Cruzeiro apontou "motivos particulares".

Gilvan e Masci: lado a lado recentemente
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Embora descarte o rótulo de oposição e tenha antecipado há dois meses o apoio à proposta de mudança no estatuto do clube celeste, César Masci também se lançou pré-candidato. A volta à cena política do ítalo-brasileiro, presidente da Raposa de 1991 a 1994 e apoiador da chapa de situação no pleito do fim de 2014, acontece em meio a um cenário de insatisfação de representantes da bancada italiana do Conselho com o que tratam como "enfraquecimento dos laços" por parte da atual gestão.

Márcio Rodrigues comanda a base azul
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Ainda que de forma mais discreta, outro que já articula sua candidatura é o atual segundo vice-presidente Márcio Rodrigues, responsável pelas categorias de base. Curiosamente, em sua primeira tentativa, o dirigente foi derrotado nas eleições de 2008 por Zezé Perrella, cuja chapa tinha Gilvan de Pinho Tavares como primeiro vice. Neste ano, além do senador e de Masci, a lista de possíveis adversários inclui o atual vice-presidente de futebol Bruno Vicintin, seu braço direito na Toca I entre 2013 e 2015.

Afinal, o que é ser atleticano?

Alisson Millo*

Atleticano: sou há 23 anos e, confesso, é difícil explicar. É uma sensação bastante subjetiva. Eu aprendi com meu pai que Reinaldo era para ser o sucessor de Pelé. Cresci odiando aquele árbitro que todo atleticano odeia, porque isso é o certo, mas só tempos depois fui entender o motivo. Toninho Cerezo foi o maior meio-campista de todos os tempos, afinal foi o que ele me disse. Para Seu Bruno, ser atleticano é isso.


No estádio, "Olê, Marques" marcou minha infância. Por muito tempo, Valdir Bigode foi meu ídolo maior. O tempo passou, depois de decisões desastrosas de diretorias terríveis, o clube viveu o pior momento de sua história, mas lá estávamos nós, no Mineirão, gritando os nomes de Marinho, Marcos e, às vezes, Bilu, sempre acompanhados por outras 50 mil vozes. Foi ali que aprendi que ser atleticano é, simplesmente, estar sempre ali, apoiando, por pior que seja a fase. Não há obstáculo grande demais para a massa.

Mais novo, meu irmão pegou uma fase melhor. Para ele, atleticano é aquele que idolatra São Victor e viu Ronaldinho Gaúcho fazer história com o manto alvinegro. Sinceramente, tenho um pouco de inveja dele por ter se tornado atleticano nessa era. Torcer pelo Galo, para ele, é sempre comemorar títulos e ver um futebol bonito de um time com vários craques.

Atleticano: 109 anos de paixão alvinegra
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Fiel ao radinho, aprendi com Mário Henrique Caixa que ser atleticano é saber que sempre tem que ser sofrido. Cresci ouvindo Willy Gonser e sei que não dá para não amar um time que faz um paranaense alemão se tornar torcedor e ídolo de sua massa. Ser atleticano é se emocionar com tantos lances importantíssimos narrados por essas vozes tão marcantes e, mesmo depois de anos, sentir algo que é impossível explicar.

Pela vida afora, descobri que, no Atlético, às vezes a raça se sobrepõe à técnica. Jogadores como Pierre, Leandro Donizete, Galván e outros tantos viraram ídolos da torcida justamente por esse motivo. Não que algum desses fosse ruim, mas a verdade é que são lembrados mais por terem deixado o sangue em campo do que por jogadas muito plásticas. E não há nada de errado nisso: lutar com toda raça para vencer é ser um de nós.

Neste dia 25 de março, sinta ainda mais orgulho, torcedor atleticano. E nos outros 364 dias, jamais se esqueça de que o Galo é campeão brasileiro, da Copa do Brasil, da Libertadores, da Conmebol por duas vezes e, há algum tempo, o maior campeão de Minas Gerais. O respeito do povo é conquistado dentro de campo e com uma história vencedora como a que hoje completa 109 anos. Uma vez, até morrer.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!


Um dos mais utilizados por Vagner Mancini, jovem zagueiro comenta
início de trabalho no alviverde: 'Em 60 dias, a gente se reestruturou'

Vinícius Dias

A expectativa pelo principal capítulo da história da Chapecoense - a final da Copa Sul-Americana diante do Atlético Nacional, em Medellín - deu lugar a luto e dor, em novembro último, em razão do acidente aéreo que deixou 71 mortos. Em meio à comoção mundial, no entanto, a necessidade de formar um novo elenco fez com que a tragédia mudasse a vida de vários profissionais. Um deles foi Fabrício Bruno, de 21 anos. "A proposta chegou para mim no dia 26 de dezembro", relembra o zagueiro, natural de Contagem, ao Blog Toque Di Letra.


Três semanas depois do convite, recebido enquanto curtia férias após a primeira temporada como profissional no Cruzeiro, Fabrício Bruno marcou seu nome na história do clube catarinense: foi titular no amistoso contra o Palmeiras, na Arena Condá, o primeiro capítulo da reconstrução. "Em função de tudo o que aconteceu, eu vim de peito aberto e extremamente feliz com o novo desafio", destaca o zagueiro, que tem contrato com o clube celeste até dezembro de 2019 e vestirá a camisa da Chapecoense, por empréstimo, até o fim desta temporada.

Fabrício Bruno: cara nova em Chapecó
(Créditos: Chapecoense/Flickr/Divulgação)

Em sua primeira experiência fora do Cruzeiro, o jovem faz avaliação positiva do trabalho. "Em pouco mais de 60 dias, a gente se reestruturou bem", comenta uma das peças mais utilizadas pelo técnico Vagner Mancini no trimestre. Apesar da estreia com vitória na Libertadores e do vice-campeonato do primeiro turno do estadual, Fabrício Bruno revela que nem tudo foram flores. "Os primeiros dias de trabalho foram difíceis". O mundo responde com o grito que, nos últimos meses, foi além da Arena Condá e do verde e branco: vamos, vamos, Chape!

Você chegou à Chapecoense para sua primeira experiência fora do Cruzeiro menos de dois meses depois de o clube, em razão de uma tragédia aérea, perder as principais referências dentro e fora de campo. Nos primeiros dias de trabalho, diante desse cenário, quais foram as principais dificuldades?

Eu vim para a Chapecoense depois de um longo tempo no Cruzeiro. Os primeiros dias de trabalho foram difíceis. É complicado se reerguer depois de tudo o que aconteceu, entrar na Arena Condá e lembrar da festa que era feita lá e dos amigos que não estão mais aqui. Todas as dificuldades estão sendo superadas no dia a dia, com o trabalho e a amizade verdadeira no grupo novo que se formou.

Do amistoso na Arena Condá contra o Palmeiras, marcando seu nome no primeiro capítulo da reconstrução do clube, até hoje, como tem sido a experiência na Chapecoense?

O jogo contra o Palmeiras marcou a reestruturação da Chapecoense. A experiência está sendo muito boa. Eu fui escolhido para jogar aqui e fazer parte desse momento. Já estou adaptado à nova cidade e focado no trabalho para evoluir e ganhar mais experiência em campo.

A presença de remanescentes de 2016, como Neném e Moisés, e o retorno de jogadores como Apodi, Túlio de Melo e Douglas Grolli, também emprestado pelo Cruzeiro, é um trunfo na relação entre o novo elenco e a torcida?

O Neném é um ídolo aqui, por todo o tempo que ele se dedicou à Chapecoense. O Moises não é diferente. Ele veio de um ano difícil, com uma lesão grave, e agora está aqui para ajudar o grupo. Apodi, Túlio e Douglas de volta é importante para o grupo dentro de campo e também para a torcida pela história que eles já têm aqui.

Quando você recebeu a proposta para defender a Chapecoense nesta temporada? Ao aceitá-la, o que mais te seduziu?

A proposta chegou para mim no dia 26 de dezembro. O que mais me chamou a atenção foi fazer parte desse processo de reconstrução da Chapecoense. Em função de tudo o que aconteceu, eu vim de peito aberto e extremamente feliz com o novo desafio. Quero honrar todos aqueles que se foram e procurar fazer o meu melhor para trazer a alegria de volta à cidade. Foi a minha primeira saída do Cruzeiro. Eu vinha de seis meses sem poder jogar e espero aqui ter oportunidade de mostrar a minha capacidade.

Vice-campeã do primeiro turno do estadual, eliminada na primeira fase da Copa da Primeira Liga, estreia com vitória na Libertadores. Como você, um dos jogadores mais acionados por Vágner Mancini até aqui, avalia o primeiro trimestre da equipe?

Em pouco mais de 60 dias de trabalho, a gente se reestruturou bem e mostramos um pouco dessa nova Chapecoense. Fomos vice-campeões no estadual por detalhe e estrear com vitória na Libertadores foi muito importante por se tratar da principal competição que estamos disputando.

Até o término da temporada, a Chapecoense disputará pelo menos mais quatro competições oficiais: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Copa Suruga. Qual é a principal meta traçada pelo clube?

A principal meta é ir bem no Campeonato Brasileiro e conseguir ficar bem posicionado na tabela. Temos um grupo novo, e o Brasileirão é uma competição difícil. O que der para buscar, na medida do possível, vamos buscar sim. Na Recopa Sul-Americana e na Copa Suruga, vamos lutar pelos títulos. A Copa do Brasil sabemos que tem que ser passo a passo.


Atuações pelo time de Valadares chamaram a atenção de Atlético e
Cruzeiro; diretor de futebol celeste elogia camisa 2: 'Tem potencial'

Vinícius Dias

Destaque do Democrata de Governador Valadares no Campeonato Mineiro, Alan Silva pode trocar o interior pela capital após a competição. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o lateral-direito, de 25 anos, está na mira de Atlético e Cruzeiro. O clube alvinegro fez uma sondagem diretamente a Alan Silva, depois do confronto pela 5ª rodada. Do lado celeste, houve um contato com o representante do camisa 2.


Embora tenha evitado entrar em detalhes, Fred Faria confirmou as consultas. "Houve sondagens a mim e a ele, mas nada oficial ainda. Não temos previsão de virar algo oficial de imediato". Atualmente, ambos os clubes têm apenas duas opções para o setor em seus elencos: após acertar o empréstimo de Patric ao Vitória, o Atlético conta com Marcos Rocha e Carlos César, enquanto o Cruzeiro tem Ezequiel e Mayke à disposição.

Alan Silva: assistência contra o Atlético
(Créditos: Esporte Clube Democrata/Divulgação)

O diretor de futebol celeste adotou discurso semelhante. "Houve um contato do representante dele comigo, mas nenhuma situação oficial por parte do Cruzeiro. É um jogador com potencial, interessante, mas a viabilidade para trazê-lo é uma situação que, neste momento, não existe", pontuou Klauss Câmara, que terá a chance de acompanhar Alan Silva in loco no dia 09 de abril, no Mineirão, em duelo pela 11ª rodada.

Procurado pela reportagem na noite dessa quarta-feira, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, não atendeu à ligação.

Despedida da Pantera em abril

Embora tenha contrato com o Democrata até a primeira quinzena de maio, Alan Silva deve fazer sua despedida diante do Cruzeiro, no dia 09 de abril, uma vez que a Pantera não tem mais chances de classificação às semifinais. O baiano, que teve passagens pelas categorias de base de Galo e Raposa, não chegou a atuar profissionalmente pelos clubes. Longe de Minas Gerais, viveu sua melhor fase no Icasa/CE, em 2015.

Abril: a hora da verdade para o Cruzeiro

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

O Cruzeiro é, agora, o último invicto entre os 20 clubes da Série A. O que isso significa? Nada. Ok! Para não ser tão injusto, digamos que vale pouco. E, se ainda não podemos exaltar todo esse período de invencibilidade, a principal razão é o fato de termos sido pouco desafiados até agora. Isso não significa que o time não passou por dificuldades. Pelo contrário: as dificuldades são muitas e, o quanto antes forem percebidas, melhor. O que quero dizer é que o Cruzeiro ainda não foi testado à vera. À exceção do clássico pela Copa da Primeira Liga, não enfrentou adversários à altura ou que tenham os mesmos objetivos nesta temporada.


Pois, se o problema era esse, abril certamente virá para resolvê-lo. O quarto mês do ano reserva, entre outras coisas, a disputa da quarta fase da Copa do Brasil contra o São Paulo; o confronto de ida diante do Nacional, do Paraguai, pela Copa Sul-Americana; e o segundo clássico do ano contra o Atlético, agora válido pelo Campeonato Mineiro, além dos mata-matas do estadual. Não faltarão oportunidades para que Mano Menezes e a torcida observem e, enfim, descubram o real potencial do elenco celeste.

Rafael Sóbis: artilheiro azul em 2017
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

Elenco que, por sinal, será cada vez mais necessário daqui para frente. Com lesões musculares, Henrique e Robinho desfalcarão a equipe por várias semanas. A meu ver, é o preço do desgaste natural do calendário, aliado à pouca rotatividade adotada pelo treinador. Embora tenha bastante material humano, Mano vem escalando os mesmos nomes e, com frequência, fazendo as mesmas substituições. Sinto falta de Lucas Silva, Romero, Marcos Vinícius, Mayke, Hudson, Ábila e Bryan. Jogadores que, dadas as circunstâncias, poderiam receber mais oportunidades, poupando outras peças. No entanto, não quero dar uma de engenheiro de obras prontas. Bola para frente.

Dedé: retorno após 387 dias

Na contramão dessas duas baixas, o retorno de Dedé foi uma excelente notícia. O zagueiro voltou a campo na noite dessa terça-feira, no empate com o Joinville, em Santa Catarina. Com a tradicional camisa 26, Dedé foi o capitão celeste na partida válida pela Copa da Primeira Liga, que serviu para dar ritmo a alguns jogadores que serão muito importantes durante a temporada e, também, para testar outros que não se mostraram tão bem com o manto celeste.

Dedé fez bom jogo contra o Joinville
(Créditos: Geraldo Bubniak/Cruzeiro)

O Cruzeiro tem tudo para superar os desafios que abril e o restante do ano nos reservam. Mas acredito que esteja faltando um pouco de agressividade à Raposa. Vejo a equipe dominando os jogos, marcando bem os adversários, criando diversas oportunidades, mas pecando na hora de concluir as jogadas. Isso pode custar muito caro quando do outro lado estiver um time mais qualificado do que os enfrentados até agora. Contra o Tombense, por exemplo, apesar de insistir de várias formas, dois pontos ficaram pelo caminho. Dependendo das circunstâncias, dois pontos podem ser a diferença entre uma classificação ou não, um título ou não.

Mas vamos com tudo. A hora é de união e confiança no trabalho. Terminar março e chegar o mais preparado possível para abril, maio, junho e, até, quem sabe, com mais algumas faixas de campeão no peito em dezembro. Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!


Referência no país, Observatório da Discriminação Racial no Futebol
vislumbra diálogo com clubes após selar parceria com ONG europeia

Vinícius Dias

Depois de constatar um aumento de 75% no número de denúncias de racismo no futebol brasileiro entre 2014 e 2015, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol apresentará, nesta quarta-feira, uma cartilha educativa com orientações sobre o tema. "A iniciativa surgiu a partir das visitas em escolas e clubes de futebol, nas quais nos deparamos com diversos questionamentos de alunos, atletas e demais ouvintes de nossas palestras", destaca o diretor-executivo Marcelo Carvalho.


O lançamento da cartilha, intitulada Dimensões do Racismo, acontecerá no Seminário Internacional pela Igualdade Racial, em Porto Alegre. Realizado pela seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), o evento contará com quatro painéis temáticos no decorrer desta quarta-feira. "Atos racistas e atitudes preconceituosas representam um sério retrocesso às relações sociais. Acreditamos que não basta punir, precisamos educar", afirma Carvalho, que se apresentará no terceiro.

Marcelo Carvalho, em evento, com Tinga
(Créditos: Observatório da Discriminação/Arquivo)

Depois de fechar parcerias com a Universidade do Futebol e com a Fare Network - ONG que atua no combate à discriminação na Europa, inclusive realizando ações conjuntas com a Uefa -, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol mira o diálogo com os clubes brasileiros. "A ideia é oferecer aos clubes a cartilha, mas não apenas isso. Queremos, por meio dela, oferecer palestras para as categorias de base", revela o diretor-executivo, que já iniciou conversas com o Grêmio.

Conscientização e apoio às vítimas

Ao longo de 20 páginas, a cartilha Dimensões do Racismo apresenta, de forma didática, conceitos relacionados ao racismo e a outras formas de discriminação, visando fomentar o debate. "São situações que se repetem não só nos estádios de futebol, mas no nosso dia a dia. Também destacamos as implicações legais a quem comete o crime de racismo ou injúria racial, orientações necessárias às vítimas e disponibilizamos uma lista de órgãos que prestam assistência e acolhimento", comenta Marcelo Carvalho.


Com 24 pontos, time já superou campanha registrada com Aguirre
e pode quebrar dois recordes nas próximas rodadas da competição

Vinícius Dias

O gol marcado por Rafael Moura, já nos acréscimos da partida contra o Tricordiano, em Divinópolis, garantiu a classificação do Atlético às semifinais do Campeonato Mineiro com três rodadas de antecedência. Com oito vitórias consecutivas, o time alvinegro chegou a 24 pontos, quatro a mais do que somou em toda a primeira fase no ano passado. Em alta, Roger Machado e seus comandados podem bater dois recordes no estadual.


Com mais três confrontos pela frente - contra URT, na Arena Independência; Cruzeiro, no Mineirão; e Caldense, no Ronaldão -, o Atlético precisa de duas vitórias para sacramentar sua melhor campanha na fase de classificação. Desde 2005, quando o torneio passou a ser disputado por 12 clubes, o melhor desempenho foi registrado em 2012: naquele ano, sob o comando de Cuca, o time conquistou 29 dos 33 pontos possíveis.

Rafael Moura: herói já nos acréscimos
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

O alvinegro tem, ainda, a oportunidade de bater o recorde geral da primeira fase. Disputadas 12 edições, a melhor campanha pertence ao Cruzeiro: em 2013, a equipe comandada por Marcelo Oliveira somou 31 pontos, com dez vitórias e um empate. Para tanto, além das estatísticas, o Atlético precisará derrotar o rival celeste dentro de campo. O clássico está marcado para o dia 1º de abril, às 16h, no Mineirão.

Treinador exalta resultados

No sábado, Roger Machado destacou a importância do bom início. "É sempre bom construir um trabalho vencendo. O Campeonato Mineiro é muito difícil, as equipes do interior sempre fazem jogos muito difíceis. A gente espera sempre um bom início, mas está um pouco acima da expectativa com relação aos resultados, porque a gente sabe que não é sempre que se consegue oito vitórias seguidas em um regional difícil como é o Mineiro".