No segundo capítulo, torcedor lembra dia em que o sonho se
tornou pesadelo, deixando, porém, saudade dos marroquinos
Frederico Paco
De Marrakech, Marrocos
No dia do confronto entre
Atlético e Raja Casablanca era indescritível a atmosfera de Marrakech. Meu pai,
um marroquino de nascença, chegou a confessar que jamais imaginaria que os
torcedores do local fossem tão fervorosos. Impressionava-nos toda a energia, a
euforia, a confiança e, principalmente, a receptividade deles conosco. Desde
que estivéssemos fardados como torcedores do 'Mineiro', recebíamos tratamento
digno de celebridade.
No Marrocos, torcedores lado a lado (Créditos: Arquivo Pessoal/Thiago Bonna) |
Para se ter a dimensão,
antes e depois do jogo, no entorno do Le Grand Stade Marrakech, fomos parados
para tirar inúmeras fotos. E chegou ao ponto de se formar uma fila de, sem
exagero algum, sete ou oito garotos locais se aglomerando para fotografar com a
minha namorada. Nas ruas, todos vinham sorrindo, propondo trocas de camisas,
bandeiras e faixas. Povo extremamente feliz e infinitamente mais receptivo com
o atleticano do que este esperava.
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Como disse ontem, meu
papel não é comentar o jogo nem questionar a falta de 'sangue nos olhos' dos
jogadores ou a toda pressão sentida por eles. Então, vamos avançar para a
saída, onde tomamos um 'calote' da companhia que negociou o transfer do hotel
ao estádio. Resultado: duas horas parados no estacionamento, com um frio
extremo que tornou ainda mais insuportável o desgosto profundo da derrota.
Partida foi destaque na mídia local (Créditos: Jornal L'Opinion/Reprodução) |
No entanto, ficarão para
sempre na memória a alegria e a receptividade dos marroquinos, que, mesmo na
hora de provocar, eram extremamente agradáveis e respeitosos, cantando e
sorrindo. E sem nunca passar dos limites e, novamente, tentando a todo tempo
trocar camisas e bandeiras com a nossa comitiva.
Adeus, Marrakech!
Agora que o Mundial de
Clubes terminou e, com ele, a necessidade de permanecer em Marrakech, decidimos
'tocar o camelo' para a região de Beninellal, nas montanhas marroquinas. Um local
onde iremos conhecer o vilarejo do qual provém meu sangue e, após, a bela
Ouarzazate, cenário dos mais diversos filmes, como Indiana Jones, Escorpião
Rei, Retorno Da Múmia, entre outros.
Le Grande Stade: estreia e derrota (Créditos: Arquivo Pessoal/Frederico Paco) |
Na bagagem, vários panos,
bijuterias, instrumentos e, principalmente, as experiências. E a convicção de
que, se o Atlético voltar a conquistar a Libertadores no próximo ano, seja em
Marrakech, seja em Dubai, ou em Yokohama, estaremos por lá, novamente, o
acompanhando no Mundial, buscando aventura, emoção e, claro, com um bônus do
jogo do Galo na mesma cidade.