Raio-X: Raja Casablanca/MAR

Especial para o Toque Di Letra
Francisco Jáuregui*

O Raja Casablanca é um dos clubes mais importantes do Marrocos e do Norte da África. Suas onze ligas locais, a última neste ano, lhe deram a possibilidade de estar como anfitrião neste Mundial de Clubes, onde tem realizado um trabalho interessante. Os títulos em seu país o levaram a disputar muitas vezes a Champions Africana, competição que conquistou três vezes (1989, 1997 e 1999), dando maior relevância à instituição verde e branca.

Mas sua história no Mundial de Clubes tem um antecedente. Na primeira edição, disputada em 2000, no Brasil, a equipe integrou o Grupo B, junto com Corinthians, Real Madrid, da Espanha, e Al-Nassr, da Arábia Saudita. Comandado pelo argentino Oscar Fullone, o Raja Casablanca se despediu sem somar pontos, ainda que tenha deixado momentos interessantes, de bom futebol, sobretudo na última rodada, contra o Real Madrid.

Torcida do Raja comemora ida à semi
(Créditos: Raja Club Athletic/Divulgação)

Hoje, três anos depois daquela experiência, o Raja chega com duas vitórias ao duelo das semifinais contra o Atlético Mineiro. Para chegar até aqui, teve que deixar pelo caminho o neozelandês Auckland City e o mexicano Monterrey. Por isso, vamos analisar as virtudes e os defeitos da equipe comandada pelo tunisiano Faouzi Benzarti.

Pontos fortes

O Raja é uma equipe que recorre ao bom controle de bola, sobretudo da metade do campo adiante, para avançar em busca do gol adversário. As combinações em velocidade de seus homens mais adiantados costumam geram grandes problemas para as defesas rivais.

O ataque pelas laterais, com Moutouali e Hafidi, geralmente cria boas opções. Seja para o atacante Iajour ou para os volantes, que chegam acompanhando o ataque. No meio-campo, o marfinense Kouko e Erraki formam a boa dupla central, com marcação, presença, movimentação e boa chegada à área adversária, como também na proteção ao setor de defesa.

Pontos fracos

Acostumado a controlar as partidas na liga marroquina, o Raja Casablanca se vê obrigado a ceder a posse de bola diante dos rivais mais poderosos neste Mundial de Clubes. Sem a possibilidade de aproveitar uma de suas principais virtudes, o controle de bola, a equipe se sente incomodada no novo cenário.

Na defesa, os dois centrais se conhecem muito bem. Todavia, costuma haver erros, como o que resultou em gol do Aukland City. Enquanto os laterais estão mais propícios a destacar no ataque, porque tendem a cometer descuidos na marcação.

Ao jogar com somente um atacante, se os volantes não fizerem bem o manejo da bola, Iajour pode ficar muito isolado e as opções claras de gol tardarão a surgir.

Esquema de jogo

Se falarmos de números, o esquema tradicional do Raja Casablanca é o 4-2-3-1. No gol, há tempo, o titular é o experimentado Askri. Os zagueiros são Oulhaj e Benlamalem. Karroucky é o lateral esquerdo. Pela direita joga El Hachimi, que costuma se projetar mais ao ataque, em combinação com o capitão Moutouali, ponta pela direita, e o volante Erraki. O marfinense Kouko Guehi acompanha Erraki na marcação e, mais adiante, Hafidi, pela esquerda, e Chtibi, pelo centro, completam o trio com Moutouali. Iajour atua como único atacante.

Destaques

Mouhsinne Moutouali

O volante, de 27 anos, é um dos jogadores de maior destaque nos últimos tempos no Marrocos. É o capitão e dono do lado direito da equipe. Suas principais virtudes são o bom manejo de bola, a visão de jogo e a boa execução de bola parada. Em geral, chega com bem ao gol adversário, seja em jogadas pela direita ou aparecendo livre em lances que vêm do lado oposto, surgindo como finalizador.

Abdelilah Hafidi

Com 21 anos, é uma das grandes promessas de sua equipe e do futebol marroquino. Atua pela esquerda, na mesma linha do destro Moutouali. A posição, com mudanças de perfil, lhe dá várias alternativas na hora de chegar ao gol do adversário. Uma vez que pode trazer para dentro, para finalizar de pé direito, ou até buscar o centro, à procura de uma melhor opção.

Possui um arranque explosivo e com bom controle de bola, o que o faz desequilibrar e ser difícil de marcar. Já atuou na seleção principal, e atrai interesse de clubes europeus, entre eles o Sporting de Lisboa.

Mohamed Oulhaj

Junto a Mehdi Benatia é atualmente um dos melhores centrais do futebol marroquino. Com 25 anos, vai conquistando, pouco a pouco, um lugar na seleção nacional. Não é alto o bastante, porém compensa com um bom senso de posicionamento, presença, velocidade no mano a mano e bom jogo aéreo. Entende-se bem com o companheiro de zaga. O bom manejo de bola e critério de jogo lhe dão a chance de auxiliar a sua equipe em situações de ataque.

*Jornalista e especialista em futebol africano