A derrota do Cruzeiro que não é do cruzeirense

Vinícius Dias

Arrascaeta invade a área com a bola dominada e é derrubado pelo zagueiro Anderson Martins. Pênalti que Barcos cobra no travessão aos 27' da etapa final. Quatro minutos antes de Éverton completar para as redes a jogada iniciada por Rojas. 2 a 0 para o São Paulo sobre o Cruzeiro, no Mineirão, confirmando a ascensão do tricolor, agora vice-líder, e a queda do time celeste. 18º triunfo contra apenas cinco da Raposa em 31 confrontos na era dos pontos corridos. Mas o resultado vai além do tabu.


Porque o Cruzeiro venceu em 2003 e ficou com o título. Perdeu praticamente todas entre 2006 e 2008, como a maioria dos adversários do São Paulo tricampeão brasileiro. Voltou a vencer em 2013 porque, mais uma vez, era superior e tinha a melhor equipe do país. Mas, nesse domingo, além da falta de pontaria, perdeu por ser um time que tem estrutura e respaldo, mas sequer entrega empatia - em outras palavras, por ser um time que o DNA cruzeirense não se sente convidado a chamar de seu.

Time celeste decepcionou a torcida
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Se a arquibancada silenciosa durante a vitória sobre o Atlético/PR já havia incomodado Mano Menezes, as vaias ao fim da partida desse domingo deixaram explícito o recado: entre resultado e desempenho, a essa altura da temporada, o Cruzeiro não tem nem um nem outro. A equipe que trocou 436 passes, de acordo com o Footstats, foi derrotada pela que acertou 292 e teve sete finalizações a menos. Faltam repertório e ousadia, paradoxalmente, onde sobra qualidade e as decisões batem à porta.

Vitória do tricolor sobre a Raposa pela 18ª vez desde 2003.
Mas a derrota foi de um Cruzeiro que não é do cruzeirense.

Um novo Galo: experiência, juventude e apoio

Alisson Millo*

Um caso chamou a atenção na vitória sobre o Paraná, na última quarta-feira. O Galo terminou o jogo com Bruno Roberto e Carlos Gabriel em campo. Dois jogadores formados nas categorias de base ganhando chances no primeiro ano como profissionais. Na prática, seriam três pratas da casa em campo. Mas, ultimamente, quanto menos a gente fala de Lucas Cândido, melhor. Enfim, uma oportunidade para os garotos brilharem.


Para começar, Bruno Roberto e Carlos Gabriel, não: Bruninho e Hulk. Chega de jogador com nome composto. Por mais apelidos no futebol. Chame de raiz, de nutella, do que quiser, mas Ronaldinho não seria tão genial assim se fosse o Ronaldo Assis. Ronaldinho, com ou sem o gaúcho, R10, bruxo, todos esses nomes são muito mais convidativos que Ronaldo de Assis.

Bruninho em ação diante do Paraná
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Passado o momento 'ódio gratuito', vamos à análise que motivou o início do texto. Por muito tempo, a base do Atlético foi tida como a que não revela. Vários jogadores dispensados antes de chegar ao profissional e desempenho insatisfatório de muitos daqueles que chegavam ao time de cima criaram esse estigma que, aos poucos vem sendo - e precisa ser - quebrado. Antigo alvo de críticas, André Figueiredo não está mais lá, e a nova era credencia a torcida a esperar oportunidades para jovens talentos.

Promessas lançadas na hora certa

Gabriel, ainda que longe de ser unanimidade, é titular. Bremer era visto como joia a ser lapidada, mas foi vendido por um bom valor. Alerrandro foi, por todo o primeiro semestre, o reserva imediato de Ricardo Oliveira e, ainda que não tenha feito gols, produziu algo nas partidas em que entrou. Mas Bruninho e Hulk têm uma diferença gritante sobre esses: foram lançados na hora certa. O lateral-esquerdo - ainda que tenha sido acionado por necessidade - e o meia entraram com o time ganhando, em casa, contra um adversário inferior tecnicamente e com a torcida apoiando.

Galo voltou a vencer na quarta-feira
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Não foram brilhantes nem precisavam ser. Mas, principalmente, ninguém cobrou deles que fossem. Não entraram para resolver a partida, mas para pegar rodagem entre os profissionais. E é assim que eles precisam ser lançados Bruninho, Hulk, Alerrandro e todas as outras promessas que virão depois deles para que não tenham que virar um jogo difícil fora de casa e saiam queimadas caso não consigam.

Larghi e a queimadura no Atlético

O próprio Thiago Larghi sofreu um pouco de uma queimadura parcial por ter sido lançado prematuramente com a missão de consertar um time à beira de uma crise e com decisões importantes pela frente. Falhou, claro, tomou decisões equivocadas e ainda toma de tempos em tempos, mas antes um jovem determinado a fazer a diferença do que um medalhão ultrapassado, com altos salários e venerado pela fama conquistada há muito tempo e em outros lugares e clubes que não o Atlético.

Técnico foi alvo de questionamentos
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Estamos em terceiro lugar, com chances reais. A presença de nomes como Victor, Léo Silva, Elias e Ricardo Oliveira será fundamental para esses garotos. E o apoio da torcida é imprescindível para que eles se destaquem. O equilíbrio entre juventude e experiência e a sinergia time-torcida podem render ótimos frutos ao fim do ano. Torcendo e apoiando para isso.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Marta e o Brasil, o país do futebol masculino

Vinícius Dias

Um, dois, três... 14 anos consecutivos. Marta, o maior nome da história do futebol feminino brasileiro, disputará pela 14ª vez o prêmio de melhor jogadora do mundo. Que já conquistou cinco vezes, como o português Cristiano Ronaldo e o argentino Lionel Messi, os maiores vencedores entre os homens. Em uma temporada em que nem mesmo Neymar, protagonista da maior transferência do planeta bola, aparece entre os finalistas. Mas no Brasil que continua sendo o país do futebol masculino.


Porque desde Kaká, em 2007, o país com mais conquistas não levanta o troféu. 11 anos de projeções, candidatos a ídolos que vão e vêm a Copas com o hexa apenas como sonho. 11 anos em que o futebol feminino raramente foi pauta na grande mídia, em que o cotidiano das contemporâneas de Marta é marcado por falta de investimento, calendário e estrutura. Se o discurso comumente é de que aquilo que não é visto não é desejado, vale pontuar que tende a ser mais desejado o que é mais exibido.

Marta: 14 temporadas no topo
(Créditos: Lucas Figueiredo/CBF)

Porque, em 2015, valeu a notícia quando a camisa 10 superou o número de gols marcados por Pelé na seleção brasileira. Mas o heptcampeonato da Copa América feminina, há três meses, ainda soa como novidade. Porque, no pós-7 a 1, mais de 52 mil vozes apoiaram as comandadas de Vadão diante da Austrália, no Mineirão, nas Olimpíadas de 2016. Mas o ouro que veio foi o masculino, e o país não apenas engoliu Neymar, mas também relegou Marta e suas companheiras ao escanteio de sempre.

O Brasil, enquanto Marta faz história, se cala sobre o futuro.
País do futebol no slogan. Do futebol masculino no dia a dia.

A derrota do Atlético e a miopia nos bastidores

Vinícius Dias

Falta cobrada por Marcos Rocha quase da linha do meio-campo, Deyverson desvia de cabeça, a bola sobra para Bruno Henrique completar para as redes de Victor. Gol para decretar a vitória do Palmeiras de Roger Machado sobre o Atlético de Thiago Larghi, já nos acréscimos da etapa final, no grande jogo da tarde desse domingo. Minutos antes de o presidente Sérgio Sette Câmara manifestar, por meio do Twitter, a revolta com a arbitragem: "Vagabundo, ladrão e mal intencionado! Essa CBF é um lixo!". Porque, quase sempre, a análise nos bastidores do futebol brasileiro é míope.


Afinal, embora Edu Dracena tenha sido tocado por Ricardo Oliveira, é possível questionar a falta que originou o gol. Impossível é não recordar que, em abril, a situação foi reeleita na CBF com o apoio de grande parte dos clubes, entre eles o Atlético. E que, em fevereiro, a maioria também recusou o VAR - se a CBF não paga, porque os grandes interessados pagariam ou, pelo menos, buscariam alternativas? Ironia à parte, se não elucidaria o lance desse domingo, o recurso poderia evitar no returno erros como os que fizeram do Atlético um dos mais prejudicados antes da Copa.

Atlético foi derrotado no último lance
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

A análise erra também porque é fundamental olhar para o campo. Para a perspectiva que a exibição consistente do colombiano Chará abre, para a segunda defesa mais vazada do Brasileirão, para a insegurança de Juninho diante do ex-clube e para o posicionamento confuso do goleiro Victor no terceiro gol do Palmeiras. Porque o confronto repleto de alternativas em São Paulo foi bem mais do que arbitragem. Foi o segundo capítulo de um Atlético que busca, de forma simultânea, se remontar e compreender a velocidade em que o time do primeiro semestre foi desfeito.

Dois jogos pós-Copa, nenhum ponto somado e várias falhas.
O novo Atlético sofre em campo e com a miopia do discurso.

Vamos, Cruzeiro! Contra tudo e unindo todos

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Parece que o tempo sem jogos oficiais deixou todo mundo um pouco nervoso, ansioso. Após os amistosos com o Corinthians e do jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Atlético/PR, parecia que o clima entre torcida, time e técnico já não era dos melhores e que as partes ficariam com um pé atrás em relação às outras. Diante dos paulistas, dois duelos confusos, com time bastante modificado e cara de jogo festivo do início ao fim. Nada de muito sério no fim das contas. Contra o Atlético/PR, classificação suada em plena segunda-feira pós-final da Copa do Mundo.


Grande público diante dos paranaenses, um futebol não lá muito convincente e uma declaração de Mano Menezes cobrando - ainda - mais apoio do torcedor. Uma mistura que, em outras ocasiões e em outros territórios, poderia ser definitiva para uma ruptura ou para o início de um período turbulento. Bem, veio a quinta-feira e, com ela, o retorno do Brasileirão. Outra vez diante de seu torcedor, o Cruzeiro mostrou vontade de vencer desde o princípio e, apesar de sair atrás no placar, teve poder de reação, dominou o jogo e deixou o gramado com mais três pontos na conta.

Arrascaeta foi decisivo em clássico
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Desta vez com menos público do que no jogo que definiu a ida da Raposa às quartas de final da Copa do Brasil, o time teve que correr atrás do resultado depois de sofrer um gol com meia hora de jogo. Aí foi a vez de os quase 18 mil presentes responderem à sua maneira ao chamado do treinador. Com o placar desfavorável, o cruzeirense demonstrou apoio a Dedé, que falhou na jogada do gol americano, e passou a incentivar ainda mais o time. O incentivo deu resultado quase que imediato, já que três minutos depois o uruguaio Arrascaeta igualaria o confronto no Mineirão.

João Ricardo impediu goleada

Na sequência, o time passou a dominar cada vez mais as ações e a vitória foi construída naturalmente. Não fossem as intervenções de João Ricardo e algumas falhas na hora de finalizar, o placar poderia ter sido ainda mais dilatado. Mas, por ora, isso é apenas um detalhe. A vitória e a festa não poderiam ter vindo em melhor hora. Vale lembrar que, antes da pausa para a Copa, o maior de Minas passou três rodadas sem vencer e, o que é pior, jogando muito abaixo daquilo que pode. A atuação de quinta-feira, além de nos manter na briga pelo topo, demonstra ao torcedor que o grupo está bem e pode entregar bem mais do que nas últimas exibições.

Mano teve motivos para comemorar
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

A partir de agora, todos os jogos serão muito intensos e decisivos. Com o time em três competições, é fundamental que estejamos unidos pelo mesmo objetivo: o bem do Cruzeiro Esporte Clube. Se todos fizerem sua parte - e isso inclui cobrar o outro caso algo não esteja indo bem -, nossas chances aumentam. Sei que é cedo para elogios, mas gostei muito da atitude de todos no último jogo. Nem sempre as coisas correrão tranquilamente. Inclusive, é provável que na maioria das vezes elas sejam muito mais complicadas do que o esperado. Nessas horas, mais do que nunca, precisamos mostrar nossa força e lutar com todas as armas que tivermos.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

Atlético: tempo e paciência a um novo time

Vinícius Dias

Aos seis minutos da etapa final, Luan bate escanteio, Bressan desvia de cabeça para abrir o marcador em Porto Alegre. Aos 13', cobrança de falta rápida, cruzamento de Léo Moura para André balançar as redes do goleiro Victor. Triunfo por 2 a 0 do Grêmio diante do Atlético, com 60% de posse de bola, maior percentual de acerto de passes e 20 finalizações contra quatro - somente uma certa -, de acordo com o Footstats. O retrato de uma quarta-feira completamente tricolor na Arena.


Diante do time que na janela de transferências perdeu Bremer, talvez seu melhor zagueiro, viu o artilheiro e principal nome do Campeonato Brasileiro, Roger Guedes, se transferir para a China e abriu mão da bola parada de Otero para a Arábia Saudita, que também deve ser o destino do equatoriano Cazares. Time que, no primeiro duelo pós-Copa, também não contou com os lesionados Léo Silva, Adilson e Gustavo Blanco, vice-líder em assistências do elenco e líder em desarmes na competição.

Atlético tropeçou diante do Grêmio
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Porque a derrota por 2 a 0 foi também do vice-líder, mas, principalmente, do novo Atlético que Thiago Larghi, agora efetivado, terá que montar. Com a pressão de um time que chegou ao auge antes mesmo do que os mais otimistas imaginavam e foi desfeito na mesma velocidade. Depois de acertar ao respeitar o processo e manter o comandante, os alvinegros, das arquibancadas e também da diretoria, agora precisam compreender mais uma etapa do processo de reconstrução.

O Atlético chegou à vice-liderança e foi desfeito rápido demais.
O segredo agora é tempo e paciência ao novo time. Outra vez.

Marcelo Moreno com futuro indefinido na China

Vinícius Dias

Depois do bom início com a camisa do Wuhan Zall, com direito a proposta de renovação antecipada, o centroavante Marcelo Moreno vive dias de indefinição no futebol chinês. Artilheiro da última edição da China League One, a segunda divisão local, com 23 gols em 29 jogos, o boliviano está fora dos planos do clube para a sequência da temporada.

Boliviano tem contrato até dezembro
(Créditos: Arquivo Pessoal/Marcelo Moreno)

A reviravolta no status do ex-cruzeirense, conforme o Blog Toque Di Letra apurou, aconteceu em meio às mudanças no departamento de futebol do Wuhan Zall. Recentemente, o diretor-geral Li Tie também assumiu a condição de treinador, cargo ocupado na temporada passada pelo italiano Ciro Ferrara e pelos chineses Yaodong Tang e Yang Chen.

Consultas da China e da Arábia

Nos bastidores, a avaliação é de que a situação de Marcelo Moreno é confortável. Com contrato somente até dezembro, o centroavante está adaptado à China e já recebeu sondagens de outros clubes do país e da Arábia Saudita para a próxima temporada. A reportagem não conseguiu contato com o representante do boliviano, Fabiano Farah.

Cruzeiro fatura mais R$ 3 mi na Copa do Brasil

Vinícius Dias

O empate por 1 a 1 com o Atlético/PR, nessa segunda-feira, no Mineirão, rendeu uma premiação milionária ao Cruzeiro. Classificado às quartas de final, já que havia vencido o duelo de ida por 2 a 1, na Arena da Baixada, antes da pausa para a Copa do Mundo, o clube celeste garantiu mais R$ 3 milhões pela participação na Copa do Brasil. Nas oitavas de final, cada um dos 16 classificados recebeu uma cota de R$ 2,4 milhões.

De volta, Arrascaeta marcou o gol azul
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Considerada a competição mais democrática do país, uma vez que reúne 91 clubes, representando os 27 estados, a Copa do Brasil distribuirá R$ 278.290.000,00 em premiação nesta temporada. Os valores tiveram aumento considerável na comparação com a edição passada. Atual campeão, o Cruzeiro faturou R$ 12,8 milhões em 2017, disputando desde a primeira fase. Na decisão, o time de Mano Menezes superou o Flamengo.

Em busca do hexacampeonato

A Raposa é recordista de títulos, ao lado do Grêmio, com cinco conquistas cada. Nas quartas de final, o Cruzeiro enfrentará o Santos, decidindo em Belo Horizonte. Também classificado, o tricolor gaúcho terá o Flamengo como adversário, com a volta no Rio de Janeiro. Os clubes que avançarem às semifinais receberão mais R$ 6,5 milhões. Na final, o campeão embolsará R$ 50 milhões, enquanto o vice vai faturar R$ 20 milhões.

Que saudade de ver o Galão dentro de campo

Alisson Millo*

A novela Roger Guedes chegou ao fim nessa quinta-feira. Depois de tanta especulação sobre ir para o Porto, não querer ir para o futebol árabe, ser alvo de clube da Turquia, ele escolheu - foi seduzido - as cifras do futebol chinês. Melhor para o Shandong Luneng que vai contar com Roger Guedes e nosso ídolo Diego Tardelli no mesmo elenco. Mas, como ninguém aqui torce pelo Shandong, presumo, vamos à nossa realidade.


Vamos falar de Atlético. A começar pelo ótimo dinheiro que o Galo lucrou com um jogador que nem nosso era. Em uma jogada que envolveu um pouco de sorte, é verdade, nosso presida se aproveitou da urgência do Palmeiras em vendê-lo e manter Dudu, do interesse do Criciúma na negociação e das cláusulas do contrato de empréstimo para faturar mais de R$ 10 milhões com um jogador que, um dia, ninguém queria ver nem pintado de ouro. Acabou que, no final das contas, ele rendeu e valeu como ouro.

Atlético fechou o pré-Copa em alta
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Outro que está de saída é Cazares. Se no último jogo antes da pausa para a Copa Roger Guedes foi para os vestiários com a massa praticamente implorando para que ele ficasse, o camisa 10 saiu no meio do jogo sob muitas vaias e não parece haver muita comoção para que o equatoriano não se vá. Irregular desde sua chegada, que já foi bastante conturbada, com um histórico extra-campo, digamos, não ideal e sem as características de armador que o elenco carece e o número às costas pressupõe, Juani nunca chegou a, de fato, conquistar a Massa atleticana.

Beque vendido, volante se lesiona

Se o assunto são as perdas, as de Bremer e Gustavo Blanco precisam ser lamentadas. Argumentos podem ser apresentados sobre a venda de um zagueiro tão jovem e promissor, talvez as cifras pudessem ser maiores, mas, por se tratar de um atleta que ainda não havia se firmado entre os titulares, ficou de bom tamanho financeiramente. Tecnicamente, o elenco perde. Unanimidade é a tristeza pela lesão do camisa 30. Motorzinho no meio-campo, o volante é líder de roubadas de bola no Brasileirão e havia desbancado o medalhão Elias por uma vaga entre os 11.

Blanco retorna somente em 2019
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Terra arrasada? Brasileirão ameaçado? Perdas irreparáveis na qualidade técnica do elenco? Nem de time. Para o ataque chegaram muitos - muitos mesmo - jogadores. Leandrinho, Terans, Chará, Denilson e Edinho devem dar conta do recado. José Welison vem com a missão de qualificar o meio-campo defensivo do time, então a esperança é que ele pressione a titularidade de Elias, tal como Gustavo Blanco fez quando chegou do América, e crie uma dúvida agradável para Thiago Larghi.

Em busca de reforços para a zaga

Na defesa, permanece a incógnita. Com a lesão do capitão Léo Silva e a saída de Bremer, Gabriel e Juninho vêm treinando como titulares. O treinador já declarou que o clube precisa de um zagueiro pronto, e o nome que surgiu foi de Dória, ex-Botafogo e São Paulo, que atualmente está encostado na França. Experiente, com passagens por seleção de base, grandes clubes brasileiros e carreira internacional, poderia chegar para, supõe-se, assumir a zaga e se tornar um dos pilares defensivos do time.

Capitão Léo Silva teve nova lesão
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Felizmente, são tempos distantes aqueles em que olhávamos para o time e temíamos pelo pior. Atualmente, até pela posição favorável na classificação, temos fé em uma boa campanha e sonhar com o título brasileiro não soa tão exagerado. Não acabe não, Copa do Mundo! Mas volte a jogar logo, Atlético. Que saudade de ver o Galão em campo.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

Otero e CR7: o elo entre as negociações

Vinícius Dias

No fim de maio, o meia Otero deixou o Atlético rumo ao Al-Wehda, da Arábia Saudita, por empréstimo. Na última terça-feira, foi a vez de Cristiano Ronaldo anunciar a saída do Real Madrid após nove temporadas, acertando com a Juventus, em operação que envolveu € 112 milhões - cerca de R$ 505 milhões. As negociações, seladas em um intervalo de 41 dias, tiveram um ponto em comum: a atuação do português João Camacho.

Camacho, à esquerda, em vinda a BH
(Créditos: Reprodução/Instagram)

Camacho representa a Gestifute, empresa liderada por Jorge Mendes, agente de Cristiano Ronaldo, na região do Porto. O português, que esteve na Arena Independência para assistir ao clássico entre Atlético e Cruzeiro, válido pela 6ª rodada do Brasileirão, intermediou a ida do venezuelano Otero para o clube comandado por Fabio Carille. O negócio também contou com a participação do empresário Giba Brasil, da DG Assessoria Esportiva.

Do Marítimo a parceiro de Mendes

No caso de Cristiano Ronaldo, além de braço-direito de seu agente, João Camacho é figura destacada no círculo de amizades. O português, que inclusive já representou o compatriota em premiações, apareceu ao lado do camisa 7 e do presidente da Juventus, Andrea Agnelli, em brinde logo após o acerto com o clube italiano. Antes de ingressar na Gestifute, em 2008, o empresário foi dirigente do Marítimo por 17 anos.


Levantamento a partir da análise de 60 lances, de 41 duelos, indica
23 erros graves do apito até a 11ª rodada do Campeonato Brasileiro

Vinícius Dias

Roger é lançado por Danilo Avelar, cai ao disputar a bola com Fábio e, para revolta dos jogadores celestes, o árbitro assinala pênalti. Em meio à Copa do Mundo e à promessa de novos tempos com o uso do VAR, o amistoso entre Corinthians e Cruzeiro, na noite dessa quarta-feira, relembrou aos torcedores a incômoda rotina de erros de arbitragem. Entre a rodada inicial e a 11ª, a penúltima antes da pausa para o Mundial na Rússia, o Campeonato Brasileiro registrou 23 erros graves de arbitragem. Nove deles contra equipes mineiras, que recusaram o formato de VAR proposto pela CBF


O número é resultado de levantamento feito pelo Blog Toque Di Letra a partir das análises divulgadas rodada a rodada pela CBF. Considerando os 60 lances apresentados, de 41 jogos, América, Atlético e Cruzeiro são os clubes contra os quais os árbitros mais erraram: três vezes contra cada. Além das não expulsões, o levantamento classificou como graves os casos de gol/não foi gol e pênalti/não foi pênalti, cujas marcações, a princípio, poderiam ser revisadas com o auxílio da tecnologia. Com base neste critério, 23 dos 24 erros listados pela CBF foram contabilizados.

Atlético e Cruzeiro: três erros contra
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Os erros das primeiras 11 rodadas do Campeonato Brasileiro foram divididos a favor de 11 equipes e contra 14 - apenas Bahia, Botafogo e Sport não aparecem em nenhuma das duas contagens. A lista reúne nove penalidades não marcadas e quatro inexistentes assinaladas, quatro situações em que deveria ter sido aplicado cartão vermelho, quatro gols irregulares validados e dois mal anulados. Se o trio mineiro lidera o ranking de erros contra, Ceará e Flamengo estão no topo quando o assunto são erros a favor, com quatro lances mal assinalados pela arbitragem cada.

Erros em partidas do trio mineiro

Entre os 60 lances destacados nas análises da CBF, cinco aconteceram em partidas do América. O time alviverde foi prejudicado em três oportunidades: diante do Vitória, na 3ª rodada, com a não marcação de um pênalti, e contra o Ceará, na 5ª rodada, com a validação de um gol irregular e a marcação de uma penalidade inexistente para o adversário. Por outro lado, duas decisões da arbitragem beneficiaram o Coelho no Campeonato Brasileiro: a não aplicação de cartões vermelhos nos confrontos contra Corinthians, na 8ª rodada, e Atlético, na 10ª, na Arena Independência.

América: três erros contra, dois pró
(Créditos: Mourão Panda/América)

O Galo ainda foi prejudicado com a não expulsão de um atleta do Vasco, na estreia, e a não marcação de penalidade contra a Chapecoense, na 9ª rodada. A Raposa também teve motivos para reclamar: dois pênaltis não marcados no duelo com o cruzmaltino, na 10ª, e gol irregular da Chape validado na 11ª. Na classificação por erros, elaborada pela reportagem considerando as decisões que beneficiaram ou prejudicaram os 20 clubes e tendo como critérios de desempate número e tipo - lances de gol, pênalti e expulsão, nesta ordem - de equívocos a favor, os arquirrivais são lanternas.

Classificação por erros de arbitragem - Série A:

Ceará - quatro a favor, nenhum contra / saldo = quatro a favor
Flamengo - quatro a favor, um contra / saldo = três a favor
Chapecoense - três a favor, nenhum contra / três a favor
Vasco - três a favor, um contra / saldo = dois a favor
Vitória - dois a favor, um contra / saldo = um a favor
São Paulo - um a favor, nenhum contra / saldo = um a favor
Palmeiras - um a favor, um contra / saldo = zero
Paraná - um a favor, um contra / saldo = zero
Santos - um a favor, um contra / saldo = zero
Bahia - nenhum a favor, nenhum contra / saldo = zero
Botafogo - nenhum a favor, nenhum contra / saldo = zero
Sport - nenhum a favor, nenhum contra / saldo = zero
Grêmio - nenhum a favor, um contra / saldo = um contra
Atlético/PR - nenhum a favor, um contra / saldo = um contra
Internacional - um a favor, dois contra / saldo = um contra
América - dois a favor, três contra / saldo = um contra
Fluminense - nenhum a favor, dois contra / saldo = dois contra
Corinthians - nenhum a favor, dois contra / saldo = dois contra
Atlético/MG - nenhum a favor, três contra / saldo = três contra
Cruzeiro - nenhum a favor, três contra / saldo = três contra

Felipão negocia com Egito e Coreia do Sul

Da Redação

Desempregado desde que deixou o Guangzhou Evergrande, da China, em novembro, Felipão pode iniciar, em breve, seu terceiro trabalho à frente de uma seleção. O treinador negocia com as federações de Egito e Coreia do Sul. Ambas caíram logo na primeira fase da Copa do Mundo da Rússia - o Egito terminou como lanterna do grupo A, enquanto a Coreia do Sul, algoz da atual campeã Alemanha, ficou em terceiro no grupo F.

Felipão: do penta ao 7 a 1 na seleção
(Créditos: Rafael Ribeiro/CBF)

"O técnico Luiz Felipe Scolari segue conversando com as federações do Egito e Coreia do Sul sobre projeto e planos para os próximos anos. Ainda não foi falado em valores. Definição até a próxima semana", confirmou na tarde dessa terça-feira a assessoria de imprensa de Felipão. Nos bastidores, a princípio, a avaliação é de que não há favorita entre as duas seleções que têm mantido contatos com o staff do gaúcho, de 69 anos.

Busca por sucessor e indefinição

O Egito está sem comandante há 15 dias, uma vez que o argentino Héctor Cúper deixou o cargo logo após a eliminação na Rússia. No caso dos sul-coreanos, a situação de Shin Tae-Yong está indefinida. Com três Copas no currículo, Felipão levou o Brasil ao pentacampeonato, em 2002, 12 anos antes do quarto lugar marcado pela goleada por 7 a 1 para a Alemanha. O treinador também foi às semifinais, em 2006, com Portugal.

Giovanni, ex-Galo, na mira do futebol europeu

Vinícius Dias

Livre no mercado desde que assinou a rescisão com o Atlético, no fim de junho, o goleiro Giovanni tem sido alvo de sondagens da Europa. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, antes de definir o futuro, no entanto, o goleiro se concentra no processo para obtenção de cidadania italiana. Na Cidade do Galo desde 2011, o camisa 87 era a peça mais antiga do elenco alvinegro e tinha contrato até o fim desta temporada.

Giovanni foi campeão da Libertadores
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

"Giovanni está esperando. Ele teve algumas sondagens de fora, da Europa, e também está viabilizando o passaporte italiano. Então, por enquanto, ainda não há nada concreto", confirmou o empresário do ex-atleticano, Alaece Dias. Caso o processo tenha desfecho positivo, aumentam as possibilidades de transferência para um clube do Velho Continente, uma vez que o goleiro, de 31 anos, não ocuparia vaga de extracomunitário.

Jogo em 2012 marcou trajetória

Giovanni fez 79 partidas e conquistou sete títulos pelo Atlético entre 2011 e 2018. Um dos episódios mais marcantes da passagem pelo Galo ocorreu em 2012, dois dias após o anúncio da contratação de Victor: mesmo diante do interesse de outros clubes da Série A, o goleiro optou por atuar diante do Grêmio, estourando o limite de jogos no Brasileirão. Na despedida, o alvinegro agradeceu a "dedicação e profissionalismo".

Arrascaeta: Cruzeiro fatura R$ 1,2 mi por Copa

Vinícius Dias

Embora discreta, a participação do uruguaio Arrascaeta na Copa do Mundo da Rússia renderá cifras milionárias ao Cruzeiro. A chegada do camisa 10 às quartas de final com a seleção uruguaia, eliminada pela França na última sexta-feira, em Nijni Novgorod, garantiu aos cofres da Raposa mais de R$ 1,2 milhão, de acordo com os critérios estabelecidos pela Fifa. Ao todo, a entidade desembolsará € 180 milhões para indenizar os clubes que tiveram jogadores convocados para o Mundial deste ano.

Arrascaeta foi coadjuvante na Rússia
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

São € 7 mil - quase R$ 32 mil - por dia. A contagem teve início em 31 de maio, duas semanas antes da abertura do torneio, e se encerra um dia após a participação da seleção. No caso de Arrascaeta e dos demais uruguaios, o período totalizou 38 dias. Com isso, o clube celeste vai faturar cerca de € 266 mil. O valor é idêntico ao que o Grêmio receberá pelo zagueiro Geromel e o Corinthians pelo goleiro Cássio e pelo lateral-direito Fagner, uma vez que o Brasil foi eliminado pela Bélgica também na sexta-feira.

Menos de 100 minutos em campo

Entre os mais utilizados por Mano Menezes e um dos protagonistas do Cruzeiro no primeiro semestre, Arrascaeta teve papel bem diferente no Uruguai. Escalado como titular na estreia diante da Costa Rica, o camisa 10 teve atuação apagada. Depois disso, foi a campo apenas mais uma vez em quatro partidas e, somando menos de 100 minutos na Copa do Mundo, terminou com duas finalizações. A expectativa é de que o meia retome os trabalhos na Toca da Raposa II até sexta-feira.

Atlético recusou US$ 6 milhões por Cazares

Vinícius Dias

Poupado do jogo-treino da última quarta-feira, na Cidade do Galo, devido às negociações com o Al-Hilal, o meia Cazares é alvo do futebol da Arábia Saudita há mais de um mês. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o primeiro clube do país a demonstrar interesse no camisa 10 do Atlético foi o Al-Nassr. No início de junho, a diretoria alvinegra recusou uma proposta apresentada por meio de um emissário latino.

No Galo: 24 gols em 132 partidas
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

À época, os sauditas ofereceram US$ 6 milhões, cerca de R$ 23,2 milhões, por Cazares. O Atlético, no entanto, fez uma contraproposta com a pedida de € 8,5 milhões, quase R$ 38,6 milhões, esfriando o interesse - metade do valor caberia ao Galo, que detém 50% dos direitos econômicos. No Brasil, o clube do ex-são-paulino Bruno Uvini ainda tentou o palmeirense Keno antes de fechar com Petros, do São Paulo, por € 5 milhões.

Números e título pelo Atlético

Cazares, de 26 anos, chegou a Belo Horizonte no início de 2016, depois de o Atlético pagar US$ 1,5 milhão ao Independiente del Valle, do Equador. Terceiro estrangeiro que mais vezes vestiu a camisa alvinegra, já disputou 132 jogos, marcando 24 gols e participando da conquista do Mineiro no ano passado. Em março, o meia teve reajuste salarial e assinou a renovação do contrato com o clube até dezembro de 2020.

A derrota do Cruzeiro e a ressaca do torcedor

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Que ressaca, meus amigos. Talvez você, caro leitor, não seja dado ao copo, mas com certeza já ouviu falar que as piores consequências de uma bebedeira são aquelas que sucedem um período de abstinência, alguma festa depois de muito tempo sem participar de uma. Quando você fica muito tempo sem beber, sem farrear, pode estar certo de que, assim que resolver der uma saidinha, sua cabeça vai pesar muito mais do que o normal na manhã seguinte. E é assim que eu, depois de certo tempo ser ver o Cruzeiro jogar, fiquei me sentindo depois do jogo de quarta-feira.


Tudo bem que foi apenas um amistoso e que não dá para a torcida tirar conclusões precipitadas apenas analisando o que viu - ou o que não viu - durante os 90 minutos diante do Corinthians. Algumas coisas, no entanto, me chamaram bastante a atenção. Uma delas, talvez a principal, foi justamente a falta de atenção, sobretudo no primeiro gol: falha bizarra, com a defesa completamente aberta após o tiro de meta cobrado pelo adversário. É o tipo de lance que só consigo imaginar sendo reproduzido exatamente em um jogo em que não há muita preocupação com o resultado.

Raposa tropeçou diante do Timão
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Tranquilo! O placar realmente não era o mais importante. Eu estava, de fato, muito mais interessado na postura e na produção da equipe. E isso, amigo, foi o que mais me deixou incomodado. O primeiro tempo foi bastante abaixo da crítica. O time não conseguiu produzir praticamente nada e foi facilmente anulado pelos corintianos. Achei o meio-campo muito espaçado e o ataque, setor mais prejudicado pelas ausências, absolutamente improdutivo. Curiosamente, a partida melhorou para os cruzeirenses na segunda etapa, quando Mano Menezes trocou quase todos os jogadores.

Rafael Sóbis: o melhor em campo

Fiquei pensando se a melhora foi realmente em função das mudanças ou se o fato de os paulistas também terem substituído a maioria das peças foi o que mais pesou. Mas a verdade é que o Cruzeiro levou mais perigo à meta defendida por Walter. Um dos mais voluntariosos, talvez o melhor em campo, apesar do placar, foi Rafael Sóbis. Com a incumbência de liderar o ataque, mostrou disposição e buscou o gol sempre que possível. Sinceramente, espero que ele consiga desempenhar essa função no restante da temporada, uma vez que será o principal nome do setor daqui adiante.

Camisa 7 se destacou no amistoso
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Quanto à ressaca, confesso que a cabeça já nem dói mais. Foi só aquela sensação de mal-estar momentâneo, mas que de forma alguma me fará mudar a rotina, ou melhor, o desejo de ver o Cruzeiro. Daqui a pouco nosso espírito volta a se acostumar com as emoções e com as noites bem e mal dormidas. Nada que outro amistoso não resolva.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!