Para começo de história, eu não torço
por nenhum time que não seja o Cruzeiro. Não tenho apreço especial pelo
Manchester United ou por qualquer outra equipe de futebol profissional deste
planeta. Gosto do bom futebol e, volta e meia, tiro um tempo para curtir uns
jogos e "apoiar" o time que mais demonstrar vontade, capacidade e
talento para vencer jogos, campeonatos e adversidades.
E se há alguma coisa que merece ser
venerada no futebol internacional nas últimas décadas é o longínquo trabalho de
Alex Ferguson à frente do time de Manchester. Foram mais de 26 anos
comandando a mesma equipe. Para se ter uma ideia, aqui no Brasil o técnico que
ficou mais tempo no cargo foi Lula, quando treinou o Santos de Pelé (barbada,
hein?) por onze anos entre as décadas de 1950 e 1960.
Mas eu não pretendo entrar em detalhes
quanto ao trabalho desenvolvido por lá. Quero apenas tomá-lo como exemplo.
Quando, aqui no Brasil, um técnico de futebol consegue se manter
confortavelmente no cargo mesmo sem ganhar títulos importantes nos dois
primeiros anos de seu contrato? Praticamente nunca. Torcida, diretoria e
imprensa (que teoricamente não deveria meter o bedelho nesse tipo de assunto,
mas mete) são altamente imediatistas e não permitem que longos trabalhos se
desenvolvam aqui. Quando muito, um treinador fica por quatro ou cinco anos e
depois assume a Seleção Brasileira que sempre anda às voltas com o fracasso.
E eu levantei este assunto justamente
porque depois da derrota acachapante sofrida pelo Cruzeiro no último fim de
semana, vi muitas pessoas questionando e pondo em xeque todo o trabalho feito
até aqui por Marcelo Oliveira, Dr. Gilvan e Alexandre Mattos. Até parece que
pegaram um time campeão de tudo e o transformaram em um simples candidato ao
título estadual. Muito pelo contrário. Na minha modesta opinião, diretoria e
comissão técnica abraçaram um projeto e estão caminhando a passos firmes para
recolocar o Cruzeiro no seu devido lugar.
Se vai demorar seis meses, um ano, uma
década, ou vinte e seis anos, eu não sei. Eu só sei que já passou da hora do
torcedor brasileiro (inclusive e especialmente o cruzeirense) parar de ir na
pilha da imprensa e analisar o fator extra-resultado. Todo mundo quer ganhar.
Mas para ganhar, é preciso fazer por onde. Temos em mãos um grupo excelente e
com peças que, anos atrás, jamais pensaríamos em ter. Se mantivermos esta
espinha dorsal e formos ajustando jogo após jogo, campeonato após campeonato,
temporada após temporada, acredito e pago meu sócio em dia de forma vitalícia
pra que o imediatismo abandone de vez a Toca da Raposa.
Basta lembrar que, apesar dos pesares, a
melhor fase do Cruzeiro nos últimos dez anos foi justamente naquele período
Adilson Batista que, mesmo não sendo unanimidade, implementou uma filosofia de
trabalho, contou com o respaldo da diretoria, montou um time e o fez jogar
futebol.
Força, Cruzeiro!
Antes de Ferguson o United não era um gigante na Inglaterra. Através dos títulos e confiança no trabalho do manager é que o time se tornou o "monstro" que é agora. Quando da saída de AB do Cruzeiro, fui totalmente contra. Achava na época que ainda iria render muito. Mesma coisas pensei quando da saída de Cuca. Tomara que a diretoria não entre novamente na onda de alguns torcedores, parte da imprensa e manoteiros de plantão. O trabalho é bom e deve continuar.
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