O Brasileirão de pontos sofridos do Cruzeiro

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Mais um final de turno que a torcida cruzeirense olha para a tabela de classificação e pensa que poderia e deveria ter sido muito melhor do que foi. Mais uma virada de turno que os torcedores dos demais clubes do Brasil olham para a classificação e sequer notam a presença da Raposa. Mais meio Campeonato Brasileiro em que o Cruzeiro não empolga, não deslancha, não convence e não se estabelece entre as principais forças. Teria o time celeste se tornado um coadjuvante de luxo?


De três anos para cá, o clube vem, rodada a rodada, enfrentando o adversário mais difícil que poderia ter pelo caminho: ele próprio. À base de tentativa e erro, o Cruzeiro busca consertar os erros acumulados desde 2015, depois de ter, de maneira brilhante, levantado o caneco por duas vezes seguidas. Por meio de enganos e desenganos, contratações questionáveis, mais apostas equivocadas do que certas, a Raposa vem melancolicamente se tornando um visitante pouco temido e um mandante muito pouco agressivo. Apesar dos momentos de exceção, em geral os resultados são previsíveis, as atuações pouco brilhantes e o futuro cada vez mais incerto.

Time não seguiu ritmo de Thiago Neves
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Trocando em miúdos, há três anos o Cruzeiro disputa, em um mundo só seu, alheio ao que acontece no resto do país, um Campeonato Brasileiro de pontos sofridos. Não que haja pontos fáceis de serem conquistados. Entretanto, há pontos muito menos difíceis e, ainda assim, o time vai deixando pelo meio do caminho, como se não fizessem falta, para, no fim, ao olhar de novo para a classificação, se dar conta de que, sim, fizeram falta. E muita. Às vezes, vai lá e arranca uma vitória improvável em um momento conturbado, mas, quando achamos que vai engrenar, vem um empate insosso na rodada seguinte, uma derrota pálida na outra e assim vai até acabar mais um ano.

Basta ser e jogar como Cruzeiro

Dos três últimos anos, 2017 é aquele em que vejo o Cruzeiro com mais chances de reverter essa condição de coadjuvante que tanto me incomoda. E incomoda porque acredito no potencial do elenco e também que ele pode, se focar partida a partida, relembrando a essência e a escola cruzeirense de futebol, voltar a ser notado e a ser destaque positivo.

Cruzeiro ainda não emplacou na Série A
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Não é preciso ser arrogante, querer contar com vitórias antes dos jogos, achar que as partidas vão se resolver por si só ou que a camisa vai recolocar o clube na posição em que merece. Basta ser Cruzeiro! Basta olhar o caminho trilhado até aqui e tirar os bons exemplos do passado, especialmente do recente. Temos mais 19 rodadas pela frente e, certamente, podemos ser muito melhores do que fomos até aqui.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

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