Centroavante chegou à Toca I aos 16 anos, foi promovido ao time
principal após Taça BH e saiu aos 17 como tetracampeão mundial

Vinícius Dias

Há exatos 23 anos, Ronaldo vestia a camisa celeste pela última vez. O gol no empate por 1 a 1 com o Botafogo, em 07 de agosto, no Mineirão, foi o último dos 56 marcados em 58 jogos como profissional pelo Cruzeiro. O carioca, que chegou à Toca I aos 16 anos como Nazário, indicado pelo furacão Jairzinho, saiu aos 17 como tetra na Copa do Mundo de 1994 e prestes a virar Fenômeno. O talento, que valeu três prêmios de melhor do mundo após a ida à Europa, no entanto, já encantava dirigentes, jornalistas e companheiros, ouvidos pelo Blog Toque Di Letra, desde a base.


"Todos tinham certeza de que ele seria um grande jogador, porque era diferenciado em campo e muito novo", recorda Emiliano Ribeiro. Capitão do time júnior, no qual Ronaldo atuava mesmo com idade de juvenil, o ex-volante exalta a relação. "Muito boa. Ele era tranquilo, brincalhão. O pai dele ia de ônibus conosco para os jogos". Emiliano, que ainda defendeu clubes como Ipatinga e Americano/RJ, jamais se esquecerá dos dérbis da capital. "Quando tinha Cruzeiro x Atlético, nós ficávamos nervosos. Ele, nem parecia que era clássico. Chegava, fazia dois, três gols", emenda.

Time campeão da Taça BH: Ronaldo com a 9
(Créditos: Arquivo Pessoal/Alexsandro Micheli)

Curiosamente, foi contra o Atlético que o camisa 9 encerrou sua trajetória na base. "Depois de oito anos, o Cruzeiro voltou a ganhar a Taça BH. O jogo terminou 3 a 3, e o empate era nosso. Ele fez dois gols naquele sábado, 17 de julho de 1993", comenta Alexsandro Micheli. Goleiro do time campeão sob o comando de Eugênio Salomão, o ubaense também destaca a atuação do ex-companheiro no duelo com o Grêmio, o penúltimo do quadrangular final, que ainda tinha o Caxias/RS. "Um dos gols mais bonitos do Ronaldo foi feito nesse jogo, mas não há registro. Vencemos por 3 a 2, de virada".

Sucesso imediato no profissional

Coroado na Taça BH, o Fenômeno disputaria seu primeiro clássico como profissional duas semanas depois. No mês seguinte, faria o primeiro gol: contra o Belenenses, em Portugal. "Foi o maior craque que surgiu na Taça BH. Nem para a Copa São Paulo de 1994, em que joguei com Belletti e Ricardinho, ele foi liberado", detalha Micheli. Aposta de César Masci, o centroavante, que chegou a entrar na pauta do São Paulo antes do acerto com o Cruzeiro, em janeiro de 1993, virava realidade. "Quando ele foi oferecido, procurei saber na CBF, tive boas informações", lembra o então presidente.

Fenômeno deitado na comemoração do título
(Créditos: Arquivo Pessoal/Alexsandro Micheli)

Do São Cristóvão/RJ para a Toca I. Dali para os Estados Unidos, na Copa do Mundo. A vida de Ronaldo mudava rapidamente e mexia com a de quem o cercava. "Eu vivia o Cruzeiro 24 horas por dia. Dei carona a ele dezenas de vezes. Embora eu fosse jovem, com barba e longos cabelos pretos, ele insistia em me chamar de senhor. Era simples e humilde. Na Copa, ele me chamava para conversar no hotel", revela Orlando Augusto, à época setorista na TV Record e na Rádio Mineira. Após o tetra, um jogo pelo Cruzeiro, outro gol e nova mudança. Desta vez, rumo ao PSV. Dali para o mundo.

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