O Cruzeiro e o clássico dos seis erros no Mineirão

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

No último domingo, no Mineirão, o Cruzeiro enfrentou o primeiro teste um pouco mais complicado neste início de temporada. Depois de vencer as duas primeiras rodadas, a Raposa perdeu os primeiros dois pontos ao empatar com o Atlético naquele que eu gostaria de chamar de jogo dos seis erros.


O primeiro erro, mas não o mais importante, não teve a participação direta dos protagonistas da partida. Desde o começo do jogo, a arbitragem se mostrou um tanto quanto confusa. Marcações duvidosas, algumas jogadas negligenciadas e, no segundo tempo, boa parte do tempo tomado para uma substituição inusitada. A meu ver, nosso adversário teve um lance de penalidade máxima não marcada logo no início do confronto e, ainda no primeiro tempo, o auxiliar não confirmou um gol do Cruzeiro onde houve disputa por espaço seguida de esperteza do zagueiro atleticano. 

Clássico mineiro terminou empatado
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

No que diz respeito ao Maior de Minas, alguns detalhes não saíram bem como o planejado ou como o esperado. Destaco três situações principais que impediram o terceiro triunfo seguido no estadual. Confesso que achei que a equipe aceitou com muita facilidade a marcação adversária, especialmente no primeiro tempo. A falta de agressividade para se impor diante da torcida estabelece o nosso erro de número dois na partida. Claro que ainda é muito cedo para criticar de maneira cruel o início de trabalho do grupo, mas fica o alerta para as próximas ocasiões.

Mais um erro do time de Mano...

O terceiro erro, ainda relacionado ao time e sua postura, foi a falta de criatividade. Muitas jogadas previsíveis e pouco repertório para buscar desmontar o já citado sistema defensivo do oponente. A grande parte das jogadas começava pelo meio e acabava caindo no lado esquerdo com Egídio, que, não encontrando ajuda, mandava um chuveirinho improdutivo para a área, normalmente nas mãos do goleiro. Outra vez, concordo que seja demasiadamente cedo para análises muito aprofundadas, entretanto este defeito também foi visto por diversas oportunidades no ano passado.

Dupla de zaga celeste falhou no dérbi
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

O último erro do Cruzeiro, o quarto da nossa análise, talvez seja o mais pontual, mas o mais decisivo para o placar final. A falta de comunicação, de tempo de bola, o excesso de confiança, ou dê àquela jogada o nome que quiser, não só deu ao outro time a oportunidade - aproveitada - de empatar o jogo como chamou o adversário de volta ao jogo. A presepada de Léo e Dedé, que têm crédito com a torcida e com esse que vos fala, foi determinante para o resultado da partida. Uma infelicidade, talvez. Que se trabalhe para que isso não se repita.

...e os vários erros dos dirigentes

Os dois últimos erros partiram de quem deveria primar pela qualidade do espetáculo. Marcar um clássico da importância de Cruzeiro x Atlético com times ainda buscando se encontrar, às 11h, em janeiro, não é justo nem com jogadores nem com torcedores. Muitos dos erros citados acima talvez não tivessem ocorrido em outras circunstâncias. O que é certo é que nenhum dos problemas teria acontecido se o principal e último erro desta lista não tivesse sido cometido: o jogo em si, dado o contexto que o estado de Minas Gerais vive, jamais poderia ter sido realizado nessa data.

Atacante Fred fez o gol do Cruzeiro
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Problemas com TV, calendário, divergências entre diretorias, poderiam e, sem dúvidas, seriam resolvidos depois. O luto e a dor dos afetados direta ou indiretamente pela tragédia em Brumadinho será eterna. Não vejo motivos para a FMF não ter adiado toda a rodada logo após a notícia do desastre. Por um fim de semana, o futebol deveria ceder seu espaço para que toda a atenção possível fosse dispensada em tentar minimizar os efeitos da devastação que testemunhamos. Deixar a discussão para o sábado serviu apenas para criar um clima ruim entre clubes, imprensa e federação.

Questionamentos sobre assuntos única e exclusivamente ligados ao futebol, como a comemoração do gol do Cruzeiro, são um claro exemplo  de que não havia o menor clima para a partida. Não condeno de forma alguma Fred e seus companheiros. Gol é motivo de festa, sim. Mas acontece que, no momento, não temos nada para comemorar e tínhamos - e temos - coisas muito mais importantes para nos preocupar.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

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