Guarani x Cruzeiro: futebol entre negócio e social

Vinícius Dias

Quando o apito do árbitro trilou, 22 jogadores começaram a correr atrás da bola pela primeira vez na temporada. Com quintais e lajes virando arquibancada para quem não pôde ir ao estádio, muros virando fachadas para expor as bandeiras e a paixão das torcidas. De uma que sonha com o tri da América - e, em boa parte, despreza o estadual - e de outra, adversária nesse sábado, mas com grandes chances de se transformar em aliada depois de abril, quando seu clube não terá mais calendário.


Foi exatamente esse o cenário de Divinópolis, no duelo entre Cruzeiro e Guarani. Será também das visitas do rival Atlético e dos demais gigantes brasileiros ao interior de seus estados. Porque, hoje, o objetivo do interior é sobreviver - em Minas Gerais, faturando 14 vezes menos que Galo e Raposa - nos torneios que enchem os cofres da capital. Mas o estadual é, também, o momento de o futebol cumprir seu papel social. De os ídolos, que no passado iam às escolas, irem pelo menos às cidades dos fãs.

Lajes e casas cheias em Divinópolis
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Pergunte ao garoto de oito anos que mora longe da capital o que ele prefere assistir pela TV. É possível que a resposta seja o futebol europeu, com uma constelação de nomes que o videogame o ajudou a decorar em campo, e não um jogo do clube pelo qual seu pai torce. Estadual significa aproximação, mas o sucesso passa por repensá-la. Mais datas para os menores, menos datas para os maiores e um calendário mais racional e menos produtor de crises para os clubes que, na prática, o sustentam.

O grande erro do estadual não é existir somente no Brasil.
Isso pode ser solução. Erro é pensá-lo como no século XX.

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