Diego Costa, que disputará sua
segunda Copa do Mundo a partir
desta sexta, já chamava a atenção
jogando por clube de Itajubá
Vinícius Dias
Em 17
de maio de 2013, Diego Costa foi manchete mundial ao comandar a vitória do
Atlético de Madrid sobre o Real Madrid por 2 a 1 na final da Copa do Rei e,
de quebra, desbancar o astro Cristiano Ronaldo na artilharia. Nenhuma surpresa
para quem conhecera aquele camisa 19 ainda nas categorias
de base, a mais de 8,2 mil quilômetros da capital espanhola. "Ele já era
um centroavante abusado, muito competitivo, que dividia, voltava", lembra
Paulo Salomão, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Desportiva
Yuracan Futebol Clube, ao Blog Toque Di Letra.
Hoje
naturalizado espanhol, Diego Costa é o personagem mais recente da legião de
campeões com passagem pela equipe de Itajubá, tesouro do Sul de Minas Gerais. O
sergipano, à época vinculado ao Barcelona Esportivo Capela, de São Paulo, foi
registrado na Liga Itajubense em 2004. "Ele veio junto com outros
jogadores, até com um primo dele. Disputou um torneio juvenil com a gente, no
Rio de Janeiro, até o matriculamos para estudar. Depois, ele voltou para São
Paulo, foi para Portugal e para a Espanha", destaca Salomão, cuja família,
desde os primórdios, é ligada ao Yuracan.
Diego Costa registrado pelo Yuracan (Créditos: Yuracan Futebol Clube/Arquivo) |
A
história do clube alvinegro teve seu primeiro capítulo em 03 de maio de 1934. O
nome, em tupi-guarani, foi uma homenagem ao Huracán, quatro vezes campeão
argentino entre 1921 e 1928, que havia excursionado pelo Brasil durante a Copa
do Mundo de 1930. "Na época, quem passava no vestibular do Instituto
Eletrotécnico, atualmente Unifei, jogava em um time. E existia outro, que tinha
vários apelidos. O ponta-esquerda Monge (Mozart Salles), que era vendedor de
seguros, poeta e, inclusive, fez o hino do Yuracan, teve a ideia de colocar
esse nome", detalha.
Recorde que nem o Rei superou
Se
Diego Costa ainda povoa o imaginário contemporâneo, entre os mais antigos a
referência é outra: Dondinho. "Eu tenho 67 anos. Nem nascido era. Mas vejo
meu irmão, meu pai e antigos dirigentes contarem", diz Paulo Salomão. O
atacante, que já aposentado teve o prazer de ver o primogênito Edson se tornar
o Rei Pelé, alcançou com a camisa do Yuracan um feito que nem mesmo o filho
igualou. "Em 1939, ele fez cinco gols de cabeça na vitória por 6 a 2 no
clássico contra o Smart. Antes de ele falecer, no aniversário dele, enviei a
foto do jogo", completa o dirigente.
Dondinho: pai do Rei ao lado de Elói (Créditos: Yuracan Futebol Clube/Arquivo) |
Médico,
Salomão se dedicou nos últimos anos ao resgate da história do clube. Os relatos
explicam, entre outras coisas, a chegada de Dondinho. "Aqui tem uma
fábrica de armas que pertence ao Exército. Na época, o capitão Elói veio para
ser o chefe da parte militar. Ele trazia o Dondinho, que havia servido em Três
Corações com ele, para jogar", revela. Na sequência, o destino tratou de
distanciá-los: enquanto o atacante vestiu as camisas de Atlético e Fluminense, Elói
Menezes, já com a patente de general, se tornou presidente do hoje extinto
Conselho Nacional de Desportos (CND).
Do Yuracan à seleção brasileira
Se o
pai do Rei não chegou à seleção, 21 anos depois, outro atacante foi convocado
durante a passagem pelo Ganchão: Chiquinho Castro. Às vésperas das Olimpíadas
de Roma, em 1960, a seleção esteve em Itajubá e foi derrotada pelo Yuracan,
reforçado por destaques de equipes locais. O belorizontino balançou as redes
quatro vezes. "Chiquinho, também chamado de 'Pelé Branco', foi então para
Roma", relembrou, durante a Rio 2016, a Unifei, onde Castro se formou em
Engenharia, em 1964, após ter disputado seis jogos e marcado dois gols com a
amarelinha.
Estádio Coronel Belo Lisboa, em Itajubá (Créditos: Yuracan Futebol Clube/Arquivo) |
Ausente
de competições profissionais desde 2005, a esperança de volta aos grandes dias
no estádio Coronel Belo Lisboa passa pela base. "Temos mais ou menos 200
alunos na escolinha. Começa no baby foot (a partir de quatro anos)",
afirma Paulo Salomão. O otimismo é digno de quem, ali mesmo, viu outro vencedor
dar seus primeiros passos: o lateral-direito Élder Granja, campeão da
Libertadores e do Mundial pelo Internacional, em 2006. "Quem pagava o
apartamento em que ele morava era eu". Como prega seu hino: Yuracan, o
orgulho da Manchester sul mineira.
Gosto de ler histórias do clube YURACAN. Fiz parte deste clube no ano de 1968. Era conhecido por Tio Paca ou Souza Neto.
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