Presidente da comissão de arbitragem da FMF detalha cenário; para
uso neste formato do módulo I, custo total passaria de R$ 7 milhões

Vinícius Dias

Os jogos do Campeonato Mineiro dificilmente contarão com árbitro de vídeo em um futuro próximo. Além do alto custo da tecnologia, estimado em no mínimo R$ 100 mil por partida, pelo menos três obstáculos justificam a posição da cúpula da Federação Mineira em relação ao assunto. Utilizado pela primeira vez no futebol brasileiro em maio do ano passado, na decisão do Campeonato Pernambucano entre Sport e Salgueiro, na Ilha do Retiro, o sistema ainda não está efetivamente consolidado.


"A inserção do árbitro de vídeo é extremamente complexa e deve ser tratada com muita responsabilidade. A questão não é só dinheiro. Tem a estrutura física (dos estádios), disponibilidade de profissionais (para produzir imagens)", pontua o presidente da comissão de arbitragem da FMF, Giulliano Bozzano, ao Blog Toque Di Letra. "Para fazer em todas as partidas da mesma forma, se há x câmeras no Mineirão e Arena Independência, é preciso ter o mesmo número no interior. Muitas vezes não há", completa.

Estreia do árbitro de vídeo, em maio
(Créditos: Fernando Torres/CBF/Divulgação)

Em 2017, por exemplo, a CBF cogitou o uso no returno da Série A, mas nem todos os estádios estavam aptos. No Mineiro, há outro entrave: por rodada, no máximo três partidas são exibidas pela TV. A necessidade de ter imagens padronizadas dos 76 confrontos provavelmente exigiria a contratação de empresa especializada. "No Brasileiro, já há toda a estrutura de transmissão. No estadual, passaria de R$ 100 mil por jogo", projeta Bozzano. Com isso, o custo por toda a competição superaria R$ 7,6 milhões.

'O árbitro de vídeo é irreversível'

A falta de um protocolo fechado em relação às decisões a partir dos replays também é tida como obstáculo. "Há situações que só ocorrerão na prática. Às vezes, as pessoas têm a sensação de que o árbitro de vídeo vai solucionar tudo. Não é verdade. Há lances interpretativos que, mesmo na televisão, não ficam claros", afirma o ex-árbitro, entusiasta da tecnologia. "Sou a favor, mas com muita responsabilidade. Acho que é irreversível e, gradativamente, ele será inserido para o bem do futebol", acrescenta.

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