100% de rivalidade, zero diálogo

Vinícius Dias

Dias antes de a bola rolar, como de costume, a final do Campeonato Mineiro já começou nos bastidores. Das entrevistas coletivas às salas de reuniões, passando pelas redes sociais, a rivalidade acirrada transforma perguntas e respostas em embates que vão do nada a lugar nenhum. Embora a proposta de clássicos com duas torcidas em proporções iguais seja ótima, remetendo ao imaginário das cidades paradoxalmente divididas por futebol e unidas em torno de uma partida, a recusa faz parte. E é fundamental dar espaço ao debate sobre direitos nesse cenário.


Preterir o Mineirão e se rejeitar a dividir os assentos com o clube visitante é um direito do Atlético. Como, a princípio, o Cruzeiro tem direito a 10% da carga onde quer que seja disputado o segundo jogo. Ultrapassando o desacerto entre as diretorias, o argumento para a torcida única é a falta de segurança, ainda que o histórico aponte a Arena Independência como palco de 20 partidas de Libertadores - incluindo uma semifinal com torcedores do Newell's Old Boys nas arquibancadas - e de grandes duelos válidos por Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.

Mineirão dividido: jogo da Primeira Liga
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Pensar em segurança, um direito dos cidadãos, é pensar no estádio de futebol como ponto de chegada antes de a bola rolar e como ponto de partida depois do apito final. Relembrando a análise publicada em 18 de fevereiro - antes de os clubes cariocas se unirem e vencerem a batalha por duas torcidas em seus clássicos -, a caneta que tem o poder de afastar do estádio até o torcedor de bem do time visitante não impede que o malfeitor aja. Seja no metrô, nas ruas ou nos ônibus.

Hoje, a pauta é a proporção dos ingressos na partida de volta.
Mas a decisão começa com 100% de rivalidade e zero diálogo.

3 comentários:

  1. Faltou diálogo? Da parte de quem? Seria interessante que fosse dados nome aos bois. Porque não o faz? Tu tens a faca e o queijo na mão. Estanho esse jogo de palavras.

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  2. Olá Vinícius, achei se comentário bastante pertinente! Enquanto existirem no futebol pessoas que usam o pretexto de camisa pra provocar violência, algumas decisões vão desagradar quem prestigia de forma ordeira um bom espetáculo. Os direitos devem ser respeitados e as autoridades devem se mobilizar para dar condição de segurança a todo cidadão de bem seja em dia de jogo ou não. A falta de diálogo bem, ... são outros quinhentos...

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  3. Calça chuteira, veste calção e camisa e ganha a vantagem no campo. O diálogo é ali e com a bola rolando. Resto é mimimi.

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