Com
novas regras confirmadas nesta semana, equipes poderão ter
cinco
estrangeiros no elenco, utilizando no máximo três por duelo
Vinícius Dias
Tratado
como 'novo eldorado' da bola e responsável por movimentar cifras milionárias
nos últimos anos, o futebol chinês passará por ajustes. Entre as novas regras,
a de maior impacto se refere a atletas estrangeiros: a partir desta temporada,
apenas três irão a campo a cada jogo - antes, podiam atuar quatro, desde que um
fosse asiático. "A mudança pegou a todos de surpresa e mostrou uma clara
posição do governo chinês", pondera Thiago Pires, autor do e-book Negócio da China, no qual analisa os
padrões dos clubes chineses no mercado.
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Mestrando
em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa, o mineiro aponta duas
prováveis consequências: redução do espaço dos asiáticos - a maior parte das
vagas era ocupada por sul-coreanos e australianos - e do número de reforços
estrangeiros, associada a um refinamento técnico. No mercado interno, os
reflexos devem ser positivos. "(Deve-se investir) mais recursos em busca
dos melhores jogadores do país, seja na contratação de atletas prontos ou na
formação de jovens", completa.
Goulart: craque da Superliga em 2016 (Créditos: Guangzhou Evergrande/Divulgação) |
Embora
destaque a tendência de que as equipes chinesas, cada vez mais, concentrem os
esforços no mercado europeu, Thiago Pires pontua que, em médio e longo prazo, a
atuação do governo local para conter gastos pode indicar um caminho contrário.
"É preciso observar os próximos movimentos do governo chinês, que podem
fazer com que, mais uma vez, os clubes do país voltem as atenções para o
mercado brasileiro, atrativo tecnicamente e menos oneroso", detalha.
Influência verde e amarela
De
2012 a 2016, intervalo analisado no e-book Negócio
da China, a liga chinesa teve fortes traços verde e amarelos. "Somos a
nacionalidade com mais jogadores estrangeiros contratados no período: um quarto
do total. O Brasil foi, ainda, o principal mercado de origem de estrangeiros,
com 14% dessas contratações", revela o autor ao Blog Toque Di Letra. O top 3 de estrangeiros é completado por
sul-coreanos e australianos.
E-book traça perfil do mercado chinês (Créditos: Arquivo Pessoal/Thiago Pires) |
Quanto
ao perfil dos investimentos, detalhado no e-book em mais de 150 tabelas,
predominam atletas com idades entre 26 e 31 anos. "Os clubes da elite
chinesa, diferentemente do que sugere o senso comum, não priorizam atletas em
fase final de carreira", confirma Thiago Pires. Meias e atacantes são os
principais alvos. "Em síntese, atletas maduros, em fase intermediária de
carreira e com passagens por seleções, mas não (convocados) nos dois anos
anteriores à transferência", resume.
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