Devota de São Victor, Helena destaca paixão à primeira vista
pelo Atlético e comenta relação: 'perdendo ou ganhando', diz

Vinícius Dias

A paixão pelo Atlético está registrada em um espaço reservado na estante da sala. Naquele cantinho, Helena Vieira da Silva, de 80 anos, reúne itens dos mais diversos tamanhos, desde escudos a lembranças do clube. A coleção ainda tem a caderneta datada de 1980, com autógrafos de ídolos como Reinaldo, Procópio Cardozo e Luizinho, pôsteres de títulos recentes da equipe e uma camisa oficial utilizada na temporada 2013, presente do ex-jogador Marques Abreu. "Perdendo ou ganhando, eu vou ser sempre atleticana", afirma a itabiritense.


Aficionada por futebol, Helena conheceu, ainda criança, a rivalidade local entre União e Itabirense, clubes nos quais atuou o ponta Telê Santana. "Nos anos 1950, era tipo Atlético e Cruzeiro. Na minha casa, todos torciam pelo União", destaca. A paixão pelo alvinegro de Belo Horizonte, com ares de casamento duradouro, foi um caso de amor à primeira vista, por volta dos 15 anos. "Naquela época, ainda não tinha TV. Liguei o rádio e, por acaso, estava sendo transmitido um jogo do Galo. Decidi ouvir e, a partir dali, me tornei fanática", relembra.

Helena exibe jornal da década de 1980
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Mais de 60 anos se passaram. Dona Helena ficou viúva. Aos nove filhos, somaram-se 20 netos e 11 bisnetos. No cabelo, o tom grisalho ganhou o lugar dos fios castanhos, registrados em uma fotografia ao lado do ídolo Palhinha, que ilustrou matéria da edição 15.141 do Estado de Minas, cujo exemplar é conservado como uma joia. O que não mudou foi a relação da torcedora com o time do coração. Afinal, como sustenta o hino alvinegro, "uma vez, até morrer".

Momentos marcantes

No período, a itabiritense vivenciou grandes emoções em preto e branco: viu o clube ser campeão brasileiro em 1971, conquistar duas edições da Conmebol, uma Copa do Brasil e, em especial, a Copa Libertadores em 2013. "Foi o título mais marcante para mim. Fiquei muito entusiasmada", ressalta. Durante a campanha vitoriosa, como milhares de atleticanos, ela tornou-se devota de São Victor.

'Cantinho do Galo' na estante de casa
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

No entanto, no decorrer das seis décadas, a fanática torcedora também acompanhou de perto momentos difíceis do clube, como o rebaixamento para a Série B, em 2005. "Foi a situação mais triste. Porque, além de eu ficar triste, os meus filhos atleticanos também ficaram. Eu senti muito por eles", revela Helena.

Sonho de ir ao estádio

Para ela, as partidas do Atlético têm um significado especial. "Fico muito nervosa. Às vezes, nem termino de ver (o jogo pela televisão). Quando é pelo rádio, prefiro nem ouvir", fala. A torcedora, que costuma festejar as vitórias ao ritmo do hino do clube, revela o sonho de ir ao Independência. "Não tive oportunidade, mas ainda vou", afirma, com a convicção de quem várias vezes repetiu o refrão 'eu acredito'.

Torcedora veste a camisa há 60 anos
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Quando o assunto é a partida entre Cruzeiro e Atlético, marcada para o próximo domingo, no Mineirão, dona Helena vê uma família dividida. No clássico de casa, seis dos nove filhos são atleticanos. Outros três torcem pelo time celeste, por influência do pai, já falecido. "Levo na boa", diz. No que depender da torcida dela, a maioria terá bons motivos para festejar após o apito final. 

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