Meia-atacante do Guangzhou Evergrande elogia condições
de trabalho no país, visto como 'novo eldorado' do futebol
Vinícius Dias
Contratado por € 15 milhões, Ricardo Goulart
desembarcou na China com status de craque e a missão de conduzir o Guangzhou
Evergrande a seu quinto título nacional consecutivo. Em campo, fez bem mais do
que isso. Vice-artilheiro e craque do campeonato do país, o camisa 11 foi,
também, goleador e principal nome da equipe na conquista da Liga dos Campeões
asiática. Uma temporada dos sonhos, compartilhada com o treinador Luiz Felipe
Scolari e com cinco atletas brasileiros. "Todos me ajudaram muito",
reconhece Goulart.
Ex-cruzeirense festeja gol na China (Créditos: Facebook/Reprodução) |
O sucesso recente do Guangzhou, fruto do
intercâmbio entre brasileiros, chineses e um sul-coreano, ajuda a explicar a
afirmação do futebol local, cujo calendário e organização são muito elogiados
pelo meia-atacante. "A estrutura de trabalho e física aqui (na China) são
muito boas", avalia. E ainda é possível ir além. Nesta quinta-feira, o
time de Cantão entrará em campo diante do Barcelona, de Messi e Luis Suárez,
sonhando com uma vaga na decisão do Mundial de Clubes. "Estamos preparados
para jogar a competição", afirma Ricardo Goulart.
A
operação que o levou ao Guangzhou, em janeiro, representou a maior venda da
história do Cruzeiro, ratificando a força econômica dos clubes chineses. Após
uma temporada no país, em termos de estrutura - estádios, centros de
treinamento e afins -, qual é o seu diagnóstico sobre a realidade local?
A estrutura de trabalho e física aqui (na China)
são muito boas. O futebol (local) está evoluindo, profissionais de vários
países estão chegando, e consequentemente os chineses também têm evoluído. É
uma cultura diferente da nossa, mas que, aos poucos, vamos nos adaptando.
Quanto a
rotina de trabalho e dinâmica de jogo, quais as principais diferenças que você
nota no futebol chinês em comparação com o cenário brasileiro?
O futebol chinês é muito rápido. Eles correm
muito! Talvez essa seja a principal diferença. A rotina de trabalho é parecida.
Só temos menos jogos e um pouco mais de tempo de folga, como consequência de um
calendário mais organizado.
Você
atua na equipe que tem o maior número de brasileiros - seis, além do técnico
Felipão. Isso, de algum modo, contribuiu para sua rápida adaptação? Como é o
convívio de vocês, brasileiros, com os atletas locais?
Todos me ajudaram muito. Desde que cheguei, fui
bem recebido por eles e o convívio é muito bom. A gente sempre está um na casa
do outro, sai para jantar... Foi muito bom esse respaldo e ajudou a todos.
O
mercado chinês, tradicionalmente, não é 'ponte' para Europa ou seleção. Mesmo
atuando em bom nível e tendo sido eleito o melhor jogador do campeonato local,
você se considera, neste momento, mais distante desses dois sonhos?
Não estou pensando nisso. Penso em fazer o meu
trabalho. Hoje, com os diversos meios de comunicação, qualquer um pode
acompanhar jogos de futebol em qualquer lugar do mundo. Na China não é
diferente. Sabemos que é mais difícil e a competitividade é diferente, mas a
Liga da Ásia e o Mundial estão aí para mostrar que o futebol daqui também é bem
competitivo.
A última
imagem de Felipão para boa parte dos brasileiros é a do fracasso na Copa de
2014. Em cinco meses na China, no entanto, foram dois títulos conquistados.
Qual é a sua impressão sobre o método de trabalho dele?
Muito boa. Ele chegou aqui muito bem, colocou sua
forma de trabalhar, foi muito bem recebido e os resultados (além do Campeonato
Chinês, o Guangzhou conquistou a Liga dos Campeões da Ásia sob o comando do
técnico) vieram.
Vocês
terão a oportunidade de disputar o Mundial de Clubes neste mês. O caminho até a
final passa pelo duelo com o Barcelona, por exemplo. O Guangzhou chegará ao
torneio como azarão? Ou vocês se veem prontos para buscar o título?
Estamos preparados para jogar a competição. Não
podemos pensar em título ou em Barcelona, mas sim temos de ir passo a passo.
Esse é o nosso pensamento e assim vamos buscar nossos objetivos.
(Nota da redação: esta entrevista foi
realizada no dia 11 de dezembro, antevéspera da estreia do Guangzhou no
Mundial).
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