Vinícius Dias
A
Libertadores começou, mais uma vez, com cachorro em campo e discursos sobre o
favoritismo brasileiro antes mesmo da análise dos adversários. Na prática,
apenas Chapecoense, Flamengo e Grêmio estrearam vencendo. O Atlético/PR
tropeçou em casa após abrir 2 a 0, Palmeiras e Atlético/MG empataram, mesmo enfrentando
equipes inferiores. Nos últimos três anos, da catimba à crença de que campeões precisam
tratar jogos como guerras, vários rótulos foram acionados para justificar a
ausência em finais. Mas há mais futebol e planejamento do que folclore por
trás.
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Em
2014, o melhor brasileiro foi o Cruzeiro, eliminado nas quartas de final. Em
2015, o Internacional caiu nas semifinais. No último ano, ocorreu o mesmo com o
São Paulo. Mas em nenhuma das três edições coube o argumento da injustiça. Se o
San Lorenzo foi campeão em 2014 apostando na solidez defensiva, marca de
Edgardo Bauza, no ano seguinte venceu o River Plate da pressão na saída de bola
e das variações táticas de Marcelo Gallardo. Na edição mais recente, o Atlético
Nacional do jogo apoiado, talento e aplicação, características de Reinaldo
Rueda.
Cuca: mantido e campeão no Atlético (Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG) |
Há mais um elemento em comum entre
argentinos e colombianos: títulos em meio a projetos duradouros,
confirmando a importância da convicção que normalmente falta aos torcedores e, na mesma toada, aos dirigentes brasileiros. Levantamento realizado pelo advogado Custodio Pereira
Neto aponta que dez dos 17 trabalhos campeões da Copa Libertadores neste século -
incluindo os de Tite, que chegou ao Corinthians em 2010 e venceu em 2012, e
Cuca, campeão em 2013 depois de dois anos de Atlético - foram iniciados pelo menos uma temporada antes da conquista.
Com Neymar, Santos foi exceção
Dos
outros sete, cinco haviam assumido no ano, mas sucedendo trabalhos mais longos
- caso de Autuori no São Paulo, em 2005, cuja transição pós-Leão coube a Milton
Cruz, auxiliar que se tornou interino e, depois, retomou a função - ou com
elencos mantidos - como Celso Roth no Inter, em 2010. Carlos Bianchi foi
campeão na volta ao Boca Juniors, em 2003, reencontrando marcas do trabalho realizado
de 1998 a 2001. O único título pós-rupturas, curiosamente, foi de um
brasileiro: o Santos de 2011, campeão com Muricy Ramalho, seu quarto técnico em
dois anos.
17
anos dizem muito sobre a Libertadores e os clubes brasileiros.
Longe
de rótulos e imediatismo, o caminho é estudo e convicção.
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