O Galo de Larghi e os 110 anos de sentimento

Alisson Millo*

Na última quinta-feira, vencemos o clássico. Mais uma vez, fizemos a conta. Nem de mais, nem de menos. Claro que eu adoraria vir aqui e comemorar uma goleada diante da URT, outra sobre o América e assegurar que o Atlético jogou o fino da bola contra o Figueirense, na Copa do Brasil. Isso, inclusive, facilitaria minha missão. Mas o que move a vida são os desafios. E como o Galo está com desafios para 2018.


Aos trancos e barrancos, vamos seguindo o barco. O encantamento por Thiago Larghi parece estar se desfazendo - no duelo com o Coelho, a corneta já soou mais forte -, mas os resultados seguem vindo. Por mais que não sejam de encher os olhos ou de vislumbrar título brasileiro. Se queremos - e precisamos - disputar o topo da tabela, reforços são mais do que necessários, principalmente para o setor defensivo, que joga muito mais com a emoção do torcedor do que com a prudência necessária.

Cazares comandou a vitória na 5ª feira
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Durante a entrevista coletiva, o treinador ressaltou que vê Elias mais como meia do que como volante, remetendo aos tempos não tão áureos de 4-1-4-1 de Roger Machado. Podemos concordar ou não com a visão de Larghi, gostar ou não do camisa 7 como meia, mas os resultados estão vindo. Cazares voltou a ser titular como armador, jogando centralizado como 10. O equatoriano pode não ser mais a unanimidade que um dia foi, não ser tão decisivo aos olhos dos torcedores quanto os números sugerem, mas os resultados estão vindo. O último, inclusive, veio com um gol dele.

Domingo de festa e apoio ao time

Também é claro que neste domingo o Atlético pode não fazer um bom jogo, ser eliminado pelo rival alviverde, passar vergonha em pleno aniversário e jogar por terra essa análise. Mas, enquanto os resultados estiverem vindo, cabe a nós mais apoiar do que criticar. Afinal de contas, atletas, treinadores e dirigentes vêm e vão, mas o nosso sentimento fica. O Atlético fica. Nós somos o Atlético! A Massa é quem faz o clube estar aqui 110 anos após aquela reunião de estudantes no coreto do Parque Municipal.

Sentimento de amor sincero ao alvinegro
(Créditos: Pedro Souza/Flickr/Atlético-MG)

Se perdermos a essência de ser uma das torcidas mais apaixonadas do Brasil, perderemos tudo. Se depender de mim, daqui 110 anos o Galo ainda vai existir, porque torcer vai além das grandes vitórias. É preciso, sempre, lutar com toda nossa raça. Quando meu pai me levou pela primeira vez ao Mineirão, não me identifiquei com A ou B: foi a festa da Massa que me fez e segue me fazendo querer voltar outras vezes. Amanhã também é nosso dia. Vamos empurrar o time rumo a mais uma decisão. Como tantas outras vezes, mesmo que o resultado não estiver vindo.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

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